quarta-feira, 26 de julho de 2017

VERBO SER: EM ORAÇÕES NOMINAIS

CASO DE NÃO OMISSÃO:
O BCCCV informa:

 
Por outro lado, está havendo um exagero na área jurídica quanto ao corte de palavras, a ponto de estarem suprimindo o verbo ser de orações nominais. 

É o caso, por exemplo, de “Portanto, correta a aplicação da revelia no caso”, em que não aparece nenhum verbo.

Pode-se afirmar que é estilo. De fato, na linguagem oral às vezes se omite, antes do adjetivo, a forma verbal é, que se “engole”: até soa bem a fala “importante dizer” em vez de “é importante dizer”.

 Na escrita, porém, deve-se preservar a sintaxe com o uso do verbo ser [em negrito, abaixo]:   
 
Contudo, é mister ressaltar que o julgador não estava adstrito aos fatos.
 
Não há prova disso, todavia é indubitável que o protesto no tabelionato de títulos foi indevido.
 
Por isso, é cabível a conversão de ofício da ação cautelar em ação ordinária.
 
Não havendo irregularidade, é inviável a declaração de nulidade do ato.
 
Tratando-se de imóvel fronteiriço, é certo que o terreno interessa à empresa.



 Maria Tereza de Queiroz Piacentini

CONJUNÇÃO INTEGRANTE: QUE (omissão ou não):

Fala-se hoje de duas possibilidades de omissão do que na função de conjunção integrante – conectivo que introduz uma oração subordinada substantiva:

O BCCCV informa:


OMISSÃO - PRIMEIRO CASO
 
É possível omitir a conjunção “que” quando o verbo da oração subordinada que ela introduz está no modo subjuntivo, uma vez que o subjuntivo já dá a indicação de se tratar de uma oração subordinada. 
 
Por exemplo, em vez de escrever “O juiz disse que é viável que seja suplantado o total de pena previsto”, alguém escreve “O juiz disse que é viável seja suplantado o total de pena previsto”. O primeiro que, também conjunção integrante, não poderia ser jamais suprimido da frase (observe, na 1ª or. subord., o verbo no indicativo: é). Mas o segundo “que” não só pode como até deve ser omitido, para evitar o eco, a repetição (observe, na 2ª or. subord., o verbo no subjuntivo: seja).
 
Seguem-se outros exemplos, tendo-se em mente que essa omissão não é obrigatória, nem é muito comum; é apenas uma questão de estilo, principalmente em frases onde já existem outros ques
 
O juiz que condenar o réu a indenizar a perda sofrida pelo veículo do autor pode determinar [que] sejadescontado o valor da carcaça.
 
Requeremos a V. Exa. [que] seja deferido o abono pelas razões acima apresentadas.
 
Ao argumento de que a atitude narrada lhe causou prejuízos, pretende o autor [que] sejam declaradas nulas as cláusulas contratuais que previam a extinção da avença.
 
Ele disse que lamenta [que] tenha nossa correspondência se espaçado tanto.

 
OMISSÃO - SEGUNDO CASO
 
É possível suprimir a conjunção “que” depois de orações que utilizam os verbos impessoais haver ou fazer para indicar tempo transcorrido:

 
Faz três semanas [que] não chove. 
 
Faz 10 meses [que] estão se preparando para o concurso.
 
Há dias [que] não vejo tia Laura caminhando na calçada.
 
É de se notar que na ordem inversa não se usaria, de qualquer modo, a conjunção – aí a oração impessoal age como se fosse uma locução adverbial de tempo:
 
Não chove faz três semanas. 
 
Estão se preparando faz / há 10 meses. 
 
Não vejo tia Laura há dias.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

MONTEIRO LOBATO:

Muito além do Sítio do Picapau Amarelo!

Quantas crianças não aprenderam (e até hoje aprendem) a ler com as histórias de Monteiro Lobato?! O grande escritor de livros infanto-juvenis, criador do Sítio do Picapau Amarelo, que nasceu em 1882, em Taubaté, São Paulo, continua a ser reverenciado nos dias atuais. Em homenagem ao seu nascimento, no dia 18 de abril é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil. Uma homenagem muito justa.

Mas existem algumas curiosidades da vida do escritor que poucas pessoas conhecem. Você sabia que ele inaugurou a primeira editora nacional: Monteiro Lobato & Cia. Até então, os livros que circulavam no Brasil eram publicados em Portugal. Por isso, as iniciativas de Lobato deram à indústria brasileira do livro um impulso decisivo para sua expansão.
Em 1926, foi nomeado adido comercial da embaixada brasileira nos Estados Unidos, de onde trouxe um notável livro de impressões: América. Usou, assim, suas principais armas em prol do nacionalismo no tocante à exploração de ferro e petróleo no Brasil: os ideais e os livros.
Preocupado com o desenvolvimento econômico do país, chegou a fundar diversas companhias para a exploração do petróleo nacional. O fracasso dessa iniciativa deu-lhe assunto para um artigo: O Escândalo do Petróleo. Já, sob o Estado Novo, sua persistência em abordar esse tema como patriota autêntico valeu-lhe três meses de prisão.
Mas foi no público infantil que Lobato reencontra as esperanças no Brasil. Escrever para crianças era sua alegria, por isso adorava receber as cartinhas que seu pequenino público escrevia constantemente. Achava que o futuro deveria ser mudado através da criançada, para quem dava um tratamento especial, sem ser infantilizado. O resultado foi sensacional, conseguindo transportar até hoje muitas crianças e adultos para o maravilhoso mundo do Sítio do Picapau Amarelo.
Se você tem filhos e quer incentivá-los a lerem, uma boa dica é apresentar os livros de Monteiro Lobato. O melhor, é que o contato com a literatura pode começar aqui no computador. Basta acessar o site http://lobato.globo.com/. Outra dica e o endereço http://www.projetomemoria.art.br/ ou até mesmo conhecer histórias de Saci, um dos seus personagens http://www.sosaci.org/.

Com informações do site graudez.com.br

AUMENTATIVOS e DIMINUTIVOS: rapidinha

Você já notou que quando queremos nos expressar sobre determinadas coisas, muitas vezes precisamos mudar a palavra um pouco para que ela descreve melhor a realidade, principalmente para falar se uma coisa é grande ou pequena demais? Nesses casos usamos termos aumentativos para coisas grandes e diminutivo para o que é pequeno.
O BCCCV informa:

Vamos aos exemplos:
Se você vai em uma sorveteria e quer tomar muito sorvete, você pede um sorvetão.
Mas se você está em uma lanchonete e não está com muita fome, você faz um lanchinho.

Mas atenção, tanto no aumentativo como no diminutivo, existe a construção dessas palavras, que podem ser regulares e irregulares.
No aumentativo que são regulares, basta acrescentar o “ão” ou o “zão”. Exemplo: olhão, lobão, lapisão, meninão.
No diminutivo regulares, a regra é semelhante. Basta acrescentar a terminação “inho” ou “zinho”, veja só: aulinha, bonequinha, canequinha, menininho, menininha.

Já, os irregulares não seguem uma regra única.
No aumentativo temos como exemplo:
muro – muralha
nariz – narigão
navio – naviarra
No diminutivo temos:
farol – farolete
fio – filete
gota – gotícula
Também podemos expressar como as coisas são grandes ou pequenas usando expressões específicas, como: alegria enorme, dor imensa, brinquedo pequenino.
Estude mais sobre o assunto, são muitos os diminutivos e aumentativos de nossa Língua Pátria!

PALAVRAS COMPOSTAS com hífen ou não:

Na Língua Portuguesa existe o substantivo simples e o substantivo composto. O simples é aquele formado por apenas uma palavra. Já o composto, como o próprio nome diz, é formado a partir da junção de duas ou mais palavras. Há substantivos compostos que se escrevem sem hífen e outros que se escrevem com hífen.
O BCCCV informa:

Com o novo acordo ortográfico, a maneira de escrever alguns substantivos compostos mudou. Vamos conferir as novas regras:
Não se utiliza mais o hífen:
Palavras formadas de prefixos terminadas em vogal iniciadas por “s” ou “r”. Para tanto, vale lembrar que as letras ‘s’ ou ‘r’ devem ser dobradas. Exemplos: ultrassonografia, suprarrenal, autorretrato, antissocial, contrarregra, antessala.
Palavras formadas de prefixos terminadas em vogal e iniciadas por vogal. Exemplos: contraindicação, autoafirmação, infraestrutura, semiaberto.
Locuções de qualquer tipo (adjetiva, substantiva, verbais, adverbiais, pronominais, prepositivas, conjuncionais). Exemplos: cão de guarda, café com leite, fim de semana, pão de mel, sala de jantar.
Palavras compostas que perderam, pelo tempo, a noção do processo de composição. Exemplos: mandachuva, paraquedas, parabrisa, parachoque.
O uso do hífen permanece:
Prefixos terminados em “r” se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra. Exemplos: hiper-realista, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-resistente
Palavras compostas que não apresentam elemento de ligação. Exemplos: ano-luz, bem-te-vi, erva-doce, guarda-chuva, beija-flor, couve-flor.
Palavras formadas pelos prefixos ‘ex’, ‘vice’, ‘soto’. Exemplos: ex-namorado, soto-mestre, vice-presidente.
Acréscimo do hífen:
Palavras formadas de prefixos terminadas em vogal iniciadas pela mesma vogal. Exemplo: anti-inflamatório, antes antiinflamatório; micro-ondas, antes microondas.
Palavras formadas pelos prefixos ‘circum’, ‘pan’. Exemplos: pan-americanos, circum-navegação.
Palavras formadas pelos prefixos ‘pós’, ‘pré’ e ‘pró’. Exemplos: pré-natal, pós-graduação, pró-desarmamento.
Palavras formadas pelas palavras ‘sem, ‘além’, ‘recém’, ‘aquém’. Exemplos: aquém-oceano, além-mar, recém-nascido, sem-número.

Fonte: Varejão do Estudante

SIGNIFICADO DE: SOS, etc., www…?

Muitas vezes escrevemos ou falamos expressões que não sabemos como surgiram e qual o real significado delas. Mas, hoje vamos tirar essas dúvidas. Vamos começar pelo famoso SOS. Ele é o código universal de socorro, isto é, você pode utilizar ele no mundo todo. Ele é usado como mensagem para alertar quando alguém está em situação de perigo de vida e necessita de auxílio o mais rápido possível.

O Et cetera, muito usado na sua forma abreviada, isto é, como etc., tem origem latina que significa “e os restantes” ou “e outras coisas mais”. É normalmente utilizada no fim de uma frase para representar a continuação lógica de uma série ou enumeração.
WWW é a sigla para World Wide Web, que significa rede de alcance mundial, em português. O www é um sistema em hipermídia, que é a reunião de várias mídias interligadas por sistemas eletrônicos de comunicação e executadas na Internet, onde é possível acessar qualquer site para consulta na Internet. A tradução literal de world wide web é “teia em todo o mundo” ou “teia do tamanho do mundo”, e indica a potencialidade da internet, capaz de conectar o mundo, como se fosse uma teia.
Eureca é uma expressão também muito usada. Ela é de origem grega e significa encontrei, achei ou descobri. A expressão é atribuída ao matemático Arquimedes, que viveu por volta do ano 200 antes de Cristo e teria gritado “Eureca!” quando descobriu o peso específico dos corpos. Na língua portuguesa, a palavra só foi incorporada em 1899. Apesar de algumas pessoas a escreverem com k (eureka), o correto é com a letra C.

Fonte: Varejão do Estudante

segunda-feira, 17 de julho de 2017

GUERRA DOS CEM ANOS:

SERÁ QUE ELA DUROU MESMO CEM ANOS?


Primeiramente, o que foi essa guerra? Ela aconteceu na Idade Média, entre dois países da Europa: França e Inglaterra. Ela durou, na verdade, mais de cem anos. Começou por volta do ano de 1337, e entre idas e vindas, terminou em 1453. Sim, pois não foi uma guerra ininterrupta. Não foram cem anos seguidamente. Aconteceram uma série de batalhas.
Para que você entenda, a França era muito populosa, chegava a ser quatro vezes maior que a Inglaterra, era mais rica. Contudo, não era uma nação unida. Já a Inglaterra possuía uma monarquia bem mais forte. O fato é que, para resumir, a França foi herdada por nobres que tinham conquistado a Inglaterra, mas eram súditos do rei da França. Enfim, isso gerou muita confusão sobre de quem era o que de quem. Pois dos dois lados havia reivindicação do trono.
Em suma, a guerra começou por uma “guerra de poderes” ao trono da França, cuja nação foi tomada pelos ingleses. E quando tudo parecia que estava quieto, alguém ia lá e começava a confusão toda novamente. A França lutou para ser, não ser tomada e, a Inglaterra lutou pra ganhar o trono e as terras. Um dos motivos dessa discórdia toda era a região de Flandres, que ficou rica por conta da produção de tecidos, e importava lã dos ingleses. Era economicamente ligada aos ingleses, mas era de domínio francês.
Mas enfim, eis que a França venceu a guerra. Ufa! E acabou-se a confusão. Essa guerra foi a última do período do feudalismo, e entrou na Idade Moderna adentro.
Fonte: Varejão do Estudante

VERBO RESPONDER: rapidinha


 
Quando se comunica alguma coisa (falando ou escrevendo) em resposta, o verbo responder pode ser transitivo direto ou indireto; no último caso significa que se usa a preposição “a”. A regência tradicional é, por exemplo, “responder a uma carta”, e não “responder uma carta”, considerando-se que alguém responde algo [diz alguma coisa] de uma pergunta, em uma carta etc. No português brasileiro, todavia, essa preposição é muitas vezes omitida, motivo pelo qual no dicionário Houaiss se vê: “1 dizer ou escrever em resposta  Exs.: respondemos que todos somos iguais / responder (a) uma carta / r. às perguntas”.

 
De qualquer forma, gostaria de recomendar o emprego da preposição, que é clássico e mais elegante: 
 
Favor responder às questões.
 
O rapaz está respondendo a [um] processo.
 
Já respondi ao questionário enviado pela internet.
 
Ela não soube responder à pergunta formulada pelo juiz.
 
A essa pergunta ninguém respondeu.
 
Deus respondeu às nossas súplicas.
 
Cabe observar, também, que o verbo responder pode ser usado como transitivo direto e indireto ao mesmo tempo; a pessoa é sempre objeto indireto: 
 
O candidato respondeu “sim” à maioria das questões.
 
Respondeu ao auxiliar de escritório que o receberia.
 
Não sei o que ele respondeu aos colegas.
 
Eles devem ter respondido que aceitariam o desafio.
 
Vamos responder-lhe imediatamente.



Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

 
 

sexta-feira, 14 de julho de 2017

A PRESENÇA DE TODOS: SINGULAR, NÃO PLURAL

--- Gostaria de saber se está correta a palavra redações na frase: "Ficam alterados o artigo e o parágrafo da LC 294/88, que passam a constar com as seguintes redações:..." Juscelino Silva, Porto Alegre/RS  


--- Talvez seja opção do autor dizer “João e Maria devem cuidar de suas vidas”. Para mim, “vidas” só quando significa “pessoas, almas, viventes”: Foram salvas muitas vidas. Agora: Eles que cuidem de sua vida. Comente, por favor. João Reguffe, Rio Grande/RS
 
Fala-se da redação dos artigos e dos parágrafos, ou seja, da maneira de redigi-los. Assim, o correto é dizer que eles “passam a constar com a seguinte redação”.
 
Observa-se que na língua portuguesa é comum o uso do singular com força de plural, como por exemplo “o brasileiro é bonzinho” em vez de “os brasileiros são bonzinhos”. Da mesma forma, o procedimento sintático no português é usar no singular a coisa possuída quando cada um tem a sua:
 
Faremos o que for necessário para fortalecer nosso espírito.
 
Tenhamos a mente livre de preconceitos.
 
Ao ver Nova Orleans destruída, ficamos com o coração dilacerado.
 
Todos estão lutando por seus direitos; enfim, por sua vida.
 
O coração deles saltou pela boca.
 
Mesmo os idosos faziam fila para verificar seu pulso.
 
Não metam o nariz onde não são chamados.
 
Devemos seguir nossa cabeça, sempre.
 
Em princípio o correto é deixar no singular porque cada pessoa tem somente uma vida, um espírito, uma mente; somente um coração, boca, pulso, nariz, cabeça. Não se diz, portanto, *vamos seguir nossas cabeças. Não importa que em inglês se use “our heads, our lives, your noses”. Por outro lado, é certo falar “mantenham os olhos atentos e os ouvidos puros” e “meteram os pés pelas mãos”, uma vez que cada indivíduo tem dois olhos, dois ouvidos, duas mãos, dois pés. 
 
Já em latim o procedimento era diferente do português: usava-se o plural em todas essas situações. Conforme o gramático e latinista Napoleão Mendes de Almeida, porém, “mais do que estranheza, causaria dó ver per capita traduzido por por cabeças” (Dic. de Questões Vernáculas, 1981, p. 299).
 
Está claro, então, que propriedades da alma e partes únicas do corpo devem ficar no singular mesmo quando se referem a mais pessoas. Entretanto, parece haver pouca clareza para algumas pessoas em casos menos específicos, pois se veem frases assim:
 
*Agradecemos as presenças de todos.
 
*Tais deputados foram convocados pela CPI para que apresentem suas defesas.
 
*Isso interfere nas nossas vidas.
 
*Comentou Dalai Lama: “O Papa João Paulo II era um homem por quem eu tinha muita estima. A experiências que ele teve na Polônia, quando o país era comunista, e minhas experiências com o comunismo aproximam nossos passados”. 
 
Também nesses casos deve prevalecer o singular, pois cada ser humano tem uma presença, um passado... O correto então é agradecer a presença de todos. Ademais, a noção de pluralidade, quando o sujeito é “nós”, já se encontra no pronome “nosso”. Por fim, é oportuno lembrar o Hino Nacional: “Nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

GEORGE ORWELL:

Grande nome das artes:

Ele nasceu na Índia Britanica, em Motihari, e foi batizado como Eric Arthur Blair. Mas foi pelo seu pseudônimo que ele foi mundialmente conhecido: George Orwell. Escritor e jornalista, ele nasceu em 1903 e faleceu vítima de tuberculose aos 46 anos, na Inglaterra, em Londres.

Nascido em uma família aristocrática, ele estudou na Escola São Cipriano e posteriormente no Eton College. Orwell trabalhou em Burma, e assumiu posto na polícia do império. Também trabalhou em Twante, como oficial sub-divisional e, posteriormente, foi promovido a assistente de Superintendência Distrital. Tais cargos deram inspiração para que ele escrevesse a obra “Burnese Days” (1934) e diversos ensaios.
George Orwell era adepto do comunismo, mas após ter conhecimento das atrocidades cometidas em países comunistas ele mudou sua ideologia. E sua maior contribuição para a literatura mundial no século XX foi a forma como aliou suas histórias ficcionais ao real.
O autor é mundialmente conhecido por duas grandes obras: “A revolução dos bichos”, escrito em 1945, e “1984”, escrito em 1949. Este último, tem sua história num país fictício onde há um regime político totalitário. Seu personagem principal é um funcionário público consciente da opressão que vivia. A obra retrata o “Grande Irmão”, fiscalizador de um governo fictício que emprestou seu nome ao reality show mais famoso do mundo, o Big Brother. Ambas as obras foram as publicações mais vendidas no século XX.
Fonte: Varejão Estudante

quarta-feira, 12 de julho de 2017

SENDO QUE É POSSÍVEL...

É possível ligar duas orações por meio de “sendo que”? Claro que sim. Se se discute esse uso, é porque ele existe. É válido? Sem dúvida, pois mesmo bons autores se servem dessa locução conjuntiva (duas palavras usadas como conjunção), que foi além do valor causal originário para assumir um valor aditivo.
O BCCCV informa:


Nenhum gramático ousa dizer que seu emprego constitui erro, nem mesmo Napoleão Mendes de Almeida, em quem me esteio algumas vezes apesar de sabê-lo tradicionalista. O que esse mestre e seus seguidores ressaltam é que “não fica bom”, é “péssimo”, é “abuso do gerúndio”, da mesma maneira como se propala não serem recomendáveis “a nível de” e “mesmo” (no lugar do pronome reto ou oblíquo), por exemplo. Por conseguinte, eles apresentam sugestões de substituição de “sendo que” por E (opção A) ou por ponto e vírgula (opção B) ou por outra construção. Para atender à recomendação, vamos ver três frases de exemplo: 
 
O enfoque é outro, sendo que a justiça constitui a legitimação da norma.
São dois os tipos de ambientes virtuais de aprendizagem destinados à educação, sendo que um deles foi desenvolvido com base em um servidor web.
O tratamento com aqueles medicamentos era muito caro, sendo que este novo produto, além de custar menos, é mais eficaz.
 
Opção A
 
- O enfoque é outro, e a justiça constitui a legitimação da norma.
 
- São dois os tipos de ambientes virtuais de aprendizagem destinados à educação, e um deles foi desenvolvido com base em um servidor web.
 
- O tratamento com aqueles medicamentos era muito caro, e este novo produto, além de custar menos, é mais eficaz.
 
Opção B
 
- O enfoque é outro; a justiça constitui a legitimação da norma.
 
- São dois os tipos de ambientes virtuais de aprendizagem destinados à educação; um deles foi desenvolvido com base em um servidor web.
 
- O tratamento com aqueles medicamentos era muito caro; este novo produto, além de custar menos, é também mais eficaz.
 
Será que as opções sugeridas denotam melhor redação que a original? Em princípio, sobressai que a conjunção aditiva ou o ponto e vírgula não têm a mesma força expressiva da locução conjuntiva visada. Já quando se trata de números, quantidades, é mais viável a alteração, como neste exemplo:
 
Em 1997 o curso à distância já contava com 160 mil alunos, sendo que 70% deles trabalhavam meio período.
 
Em 1997 o curso à distância já contava com 160 mil alunos, 70% dos quais trabalhavam meio período.
 
Outro gramático que aborda rapidamente o assunto é Adriano da Gama Kury (1.000 Perguntas: Português, 1983). Embora advirta que não é bom abusar da locução “sendo que” com o valor de “e”, ele a considera aceitável quando configura a redução de “sendo certo que” ou “notando-se que”. É o caso das frases utilizadas acima como exemplo, senão vejamos: 
 
O enfoque é outro, sendo [certo] que a justiça constitui a legitimação da norma.
 
O tratamento com aqueles medicamentos era muito caro, sendo [de notar] que este novo produto, além de sair mais em conta, é também mais eficaz.
 
Enfim, trata-se de estilo, de gosto pessoal, jamais de erro. E a escolha por uma ou outra expressão vai depender muito do contexto, dentro do qual se deve verificar se já não existe gerúndio em excesso, ou muitos “sendo que”, ou muito “e”. O importante para a harmonia do texto é que não se utilize abusivamente de expressões fortes, marcantes. Apenas isso.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

segunda-feira, 3 de julho de 2017

VERBO TER por HAVER:

Em “No meio do caminho”, Carlos Drummond de Andrade usa várias vezes o verbo ter no lugar de haver, ou seja, tinha porhavia. O poema termina assim:
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

 
Na coluna Não Tropece na Língua 46 citei verso de Chico Buarque corroborando fato linguístico muito comum na língua portuguesa que é o uso do verbo ter de forma impessoal, com o sentido de existir. Impessoal quer dizer que não há um sujeito com que o verbo deva fazer a concordância; por isso ele permanece na forma neutra, que é a terceira pessoa do singular. 
 
Vejamos uma frase em que o verbo ter flexiona de acordo com seu sujeito (sublinhado): “Tinham alguns meninos chegado ao ponto de ônibus quando o acidente aconteceu”. Quem tinha chegado? A resposta será “alguns meninos”. No entanto, o verbo ficará no singular se “alguns meninos” não for o sujeito da oração, mas sim o objeto direto: “Tinha alguns meninos no ponto de ônibus quando o acidente aconteceu”. Aqui, não existe resposta para “quem tinha”, pois ninguém tinha feito nada. Não existe um sujeito. O verbo é portanto impessoal, não podendo ser flexionado. É por essa razão que não se usa o acento circunflexo no presente em condições de impessoalidade:
 
Tem mulheres que adoram “rodar a baiana”.
 
Tem vezes que só queremos é sair do país.
 
Na padaria do português sempre tem pães e doces feitos na hora.
 
Tem mais rapazes que moças na discoteca hoje.
 
É evidente que o tempo do verbo pode ir além do presente, e ele é usado inclusive em tempos compostos e locuções verbais:
 
Tem tido muitas brigas no condomínio.
 
Vai ter uma feijoada lá em casa no sábado.
 
Com certeza teve ocasiões em que os latinos se sentiram desanimados.
 
Tinha gente que apelava para o ridículo.
 
Estamos entendidos: tudo isso está certo, é válido, está muito bom. Porém... O “porém” da história é que nenhuma das frases acima citadas é de natureza formal. Ou é poesia, ou propaganda (em que se costuma privilegiar o coloquial) ou frase do dia a dia, incluindo transcrição de depoimento nos autos de um processo. Em linguagem mais cultivada, exigida nos meios acadêmicos ou oficiais, impõe-se o uso do verbo haver, e nos mesmos moldes, isto é, sem a flexão:
 
Sempre haverá os descontentes com o rumo dos acontecimentos.
 
Há ocasiões em que todos nos sentimos propensos ao desânimo.
 
Enfrentaremos com denodo todos os obstáculos que houver.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini