quinta-feira, 30 de junho de 2016

INFINITIVO e PRONOME "SE":

Eis um assunto difícil, talvez impossível de abordar numa só lição:
Trata-se exatamente do uso do pronome (se) em frases como a inicial: deveria eu ter escrito “impossível de se abordar”? Não necessariamente. 
Para confirmar, vejamos alguns casos específicos do emprego do infinitivo sem o pronome (se) para indicar impessoalidade.


1. Não se usa o pronome se com o infinitivo de orações substantivas (grifadas abaixo), das quais a mais comum é a oração subjetiva (funciona como sujeito do verbo ser e de outros verbos como convir caber):
 
É bom viver nesta cidade. [e não: *viver-se]
 
Não é possível duvidar do rapaz. [e não: *duvidar-se]
 
As mesmas roupas permitem chegar a um visual novo e bonito, bastando acrescentar acessórios diferentes.  [e não: *se chegar/ *se acrescentar]
 
Era importante manter negociações com os países fronteiriços.
 
Convém fazer a escalada devagar.
 
Não havia como suspeitar da moça, sempre tão solícita...
 
Na estrutura ser de + infinitivo, o se – embora comum – não precisa ser usado:
 
Era de ver a confusão no parque!
 
É de ver e rever!
 
Não havia lei que regulamentasse as temporadas de caça ou a captura de animais com armadilhas, de modo que não era de espantar que a maioria dos colonos praticasse a caça livremente.
 
É de esperar que os melhores candidatos sejam aprovados.
 
 
2. Não se usa o pronome se quando o infinitivo complementa um adjetivo e tem sentido limitativo ou passivo (por isso às vezes chamado de infinitivo passivo):
 
É uma cidade boa de viver.  (de alguém viver, de a gente viver)
 
Tal sujeito é osso duro de roer! (de ser roído)
 
No estande da feira havia livros baratos e bons de ler.
 
Algumas poesias são fáceis de decorar, outras não.
 
Só encontrei no saite exercícios difíceis de fazer.
 
 
3. O infinitivo fica invariável quando funciona como complemento nominal de um substantivo:
 
Já era hora de investigar o assunto. [e não: *de investigar-se]
 
processo de dividir as cotas foi rápido.
 
Encontrou-se muita dificuldade em obter a cura.
 
hábito de beber álcool é nocivo à saúde.
 
Há várias maneiras de fazer planilhas.
 
Observo que em alguns desses casos será possível flexionar o infinitivo se for preciso deixar claro que o sujeito é “nós”, perdendo o infinitivo a sua impessoalidade: Já era hora de investigarmos o assuntoO processo de dividirmos as cotas foi rápido. Mas normalmente o contexto onde se acha a frase já deixa isso evidente, tornando desnecessária a flexão.
 
Alguns ainda poderão objetar dizendo que usam o se porque tal construção corresponde à voz passiva sintética. A ver: hora de ser investigado o assunto; dificuldade de ser obtida a cura, maneiras de ser feita uma planilha... Se assim for, é conveniente anotar que no plural, no rigor da gramática, deve-se fazer a concordância verbal: Há várias maneiras de se fazerem planilhas
 
Por fim, embora o assunto não se esgote por aqui, lembro que é bom analisar a construção sintática antes de excluir o pronome se, pois pode se tratar realmente de voz passiva, a demonstrar impessoalidade, como neste exemplo:
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, com a proibição de se falar o idioma alemão, a Irmã Cácia foi substituída por uma brasileira.
 
Se se dissesse apenas “de falar o idioma alemão”, a proibição pesaria somente sobre a Irmã Cácia; mas não é o caso, pois nesse período da guerra decretou-se que ninguém podia falar alemão no Brasil.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

terça-feira, 28 de junho de 2016

COLOCAÇÃO PRONOMINAL:

DÚVIDA CRUEL em relação à colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe) na frase:


Será que, na frase Não me toque, o pronome deveria ficar antes do verbo (Não me toque) ou depois dele (Não toque-me)? Tudo vai depender dos ímãs. Ímãs? É, são palavras que puxam, atraem esses pronomes: 

Qualquer palavra de sentido negativo, por exemplo, é ímã; atrai o pronome. Não, nunca, jamais, nem, ninguém, nada, etc. Exemplo: Não me toque; Acho que ele nunca se tocou; etc.;  
A palavra QUE, menos quando for substantivo, também é ímã. Sempre atrai o pronome: Quero que me faça um favor!; Foi ela que se estropiou; E aquele quê chamou-me à atenção (aqui, o quê é substantivo, nome, e não é ímã. Significa algo mais, qualquer coisa), etc.; 
Qualquer advérbio (palavra que exprime circunstâncias de tempo, modo, lugar, afirmação, dúvida, etc.), como hoje (tempo), sempre (tempo), já (tempo), sempre (tempo), talvez (dúvida), agora (tempo), aqui (lugar), etc. Exemplos: Aqui se faz, aqui se paga; Eles agora se entendem; Tudo já se acabou; etc. Obs.: se, após o advérbio, houver pausa (com vírgula), não haverá a atração: Ontem, deram-me um presente;

Pronomes demonstrativos, principalmente os grifados (este, esse, aquele, isso, isto, aquilo etc.). Exemplos:  Esse garoto se deu mal; Sabia que isso lhe faz bem?;

Pronomes indefinidos (aqueles que se referem a um ser de maneira vaga, imprecisa, indefinida), como tudo, todos, vários, muitos, poucos, diversos, alguém, ninguém, etc. Exemplos: Ninguém se culpou; Creio que todos o chamaram; etc.

Conjunções subordinativas (palavrinhas que ligam as orações subordinadas às principais), como porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais, etc. Exemplos: Ficou bravo porque se danou; Quanto mais se gaba, mais se ilude. Obs.: se o porque for substituível pela palavra que (caso em que será explicativo), não atrairá o pronome. Exemplo: Fique quieta já, porque (que) chamaram-na de desequilibrada;

Pronomes relativos (que, quem, o qual, a qual, quanto, onde, etc.). Exemplos: Onde se estabeleceu a desordem?; Eis a moça a quem me dirigi. 
Somente nesses casos o pronome vem antes do verbo?

Não, faltam alguns detalhes importantes: na expressão formada por em + verbo no gerúndio (o verbo terminado em ndo), o pronome se também fica antes do verbo: Em SE tratando de dinheiro, não tomemos partido. O mesmo acontece nas frases exclamativas e optativas (que exprimem emoção, desejo, etc.). Exemplos: Que Deus o acompanhe!; Que ele se dê muito bem; etc.

Outra construção freqüente é a formada por preposição (geralmente a, para...) + verbo no infinitivo (cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantarem, etc.). Levando-se em consideração o som, que deve ser agradável, convencionou-se que o pronome também deve posicionar-se antes do verbo.

Exemplo: Ao se trocarem, notaram vestes estranhas no armário; Para se promoverem, fizeram coisas terríveis; etc. Obs.: Se a preposição for a e o pronome, a ou o, preferir-se-á, por questão de sonoridade, a colocação após o verbo: Eu estava a olhá-la (e não "Eu estava a a olhar"); Eu estava a olhá-lo (e não "Eu estava a o olhar").

E quando o pronome vem depois do verbo?
Em primeiro lugar, é bom você saber que, se não houver ímã algum, o pronome pode ficar depois do verbo. Pode, mas é claro que, se for possível a próclise, ela será preferida, pois compactua com a tendência do português falado no Brasil. Veja algumas situações em que se deve colocar o pronome após o verbo:

Uma frase nunca deve ser iniciada por um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe). Algumas inadequações: “Me faça um favor”; “Se preocupou comigo?” Corrigindo-os, teríamos: Faça-me um favor; Preocupou-se comigo?;

Em frases imperativas afirmativas (exprimem ordem, pedido), o pronome também fica depois do verbo: Entregue-me o papel!; Dê-lhe o baralho; etc.;

Com o gerúndio (forma em que o verbo termina em ndo, como andando, correndo, etc.), o pronome prefere ficar após o verbo: O evento ocorreu desse modo, evitando-se os conflitos; Vi as crianças perdendo-se entre agressões; etc. Obs.: na expressão formada por em + se + gerúndio, como já foi dito, o pronome (se) fica antes do verbo. Exemplo: Em se tratando de futebol, ele é o melhor.

O pronome também pode ficar no meio do verbo?

Pode, claro. Mas a mesóclise, como é chamada essa construção, é praticamente inexistente no português falado no Brasil, tendo em vista que a nossa tendência é pôr o pronome antes do verbo (o que recebe o nome de próclise na Gramática). Mas é inevitável neste caso:
quando a frase for iniciada por um verbo no futuro do pretérito do indicativo (eu faria, tu farias, ele faria, etc.) ou no futuro do presente do mesmo modo (eu farei, tu farás, ele fará, etc.). Nesse caso, não se pode colocar o pronome antes (nenhuma oração deve iniciar-se por pronomes oblíquos átonos) nem depois do verbo.

Tem que ser no meio mesmo. Outro detalhe: mesmo não sendo em início de frase, quando não existe ímã e o tempo verbal é um dos dois mencionados, pode-se intercalar o pronome: Eu preferi-lo-ia mais bem passado (não há ímã, e o tempo é o futuro do pretérito. Pode-se deixar o pronome no meio ou, preferível, colocá-lo antes (Eu o preferiria mais bem passado). Errado seria colocar o pronome depois do verbo no futuro do pretérito ou do presente (Eu “preferiria-o”).

Eu a amo ou Eu amo-a?
Tanto faz. Com os pronomes eu, tu, ele, nós, vós e eles, a colocação do pronome é facultativa (você escolhe se quer antes ou depois do verbo). Logo, Eu a amo e Eu amo-a estão corretíssimas.
O infinitivo isolado é outro caso opcional (infinitivo é a forma natural do verbo: vender, cantar, chorar, sorrir, etc.): Sem ofendê-lo (ou Sem o ofender), eu gostaria de tirar uma satisfação. Tome cuidado para não colocar o pronome após particípios (forma em que o verbo, geralmente, termina em do, to e so, como cantado, vendido, dito, etc.): Tenho “dito-lhe” (errado); Tenho lhe dito (certo).

E quando houver dois ou mais verbos?
Se esses verbos dependerem um do outro, tratar-se-á de uma locução verbal (união de um verbo auxiliar e um principal): Todos querem dançar; Ele vai andando; etc.. Esse é um caso bastante simples.
Se quiser ter a certeza de que sempre estará de acordo com a norma-padrão, é só deixar o pronome oblíquo átono sempre depois do principal, desde que este não esteja no particípio (o verbo principal sempre estará no infinitivo, gerúndio ou particípio).

Exemplos: Realmente não estamos entendendo-a; Ela quis dizer-me que está bem. Se houver palavra atrativa (ímã) antes da locução, o pronome oblíquo poderá vir antes da locução ou depois do principal: Realmente não A estamos entendendo ou Realmente não estamos entendendo-A.

Se não houver ímã algum, o pronome oblíquo pode, na prática, adotar qualquer posição; de preferência aquela que não nos fira os ouvidos: Ela ME quis dizer que está bem; Ela quis ME dizer que está bem; Ela quis dizer-ME que está bem (as duas últimas construções soam de maneira mais natural; em se tratando de colocação pronominal em locuções verbais, quando houver mais de uma possibilidade, apele ao seu ouvido, ao som agradável).

Obs.: Antigamente se usava o hífen quando o pronome vinha depois do verbo auxiliar (Ela quis-me dizer...). Hoje em dia, esse procedimento não mais tem sido adotado, apesar de ainda ser considerado correto. Além disso, mesmo nos casos em que há ímã antes da locução, tem sido aceita a colocação do átono no meio dela.

TERMOS DA ORAÇÃO:

Ordem dos termos faz diferença:


(1) Golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis), espécie de águas profundas, encontrado no norte de ilha Comprida, litoral sul de São Paulo; animal foi removido já morto por biólogos do Projeto Boto-Cinza para análises 
 
 
(2) Parte do corpo tão ligada à sedução e à sexualidade, o formato das mamas sempre esteve submisso à ditadura da moda.
 
 
No texto escrito, é importante observar a ordem dos termos na frase. Se na linguagem falada a entonação cria a ênfase necessária ao entendimento, na linguagem escrita a situação é diferente. É preciso empregar os recursos de ênfase e clareza próprios da escrita.
 
No texto (1), uma legenda de foto, a construção “animal foi removido já morto por biólogos” convida à dupla interpretação. Por mais que o leitor deduza que o animal não foi morto pelos biólogos, o texto permite essa leitura, portanto é defeituoso. 
 
O que produz esse defeito é o fato de a expressão “por biólogos” vir depois de duas formas verbais, podendo estar ligada a qualquer uma delas (“removido por biólogos” ou “morto por biólogos”). A solução para o problema está na mudança de posição ou da expressão “por biólogos” ou de uma das formas verbais.
 
Se optássemos por aproximar “por biólogos” de “removido”, teríamos o seguinte:
 
“animal foi removido por biólogos do Projeto Boto-Cinza já morto para análises”
 
ou algo parecido:
 
“animal foi removido para análises por biólogos do Projeto Boto-Cinza já morto”
 
O problema dessas duas construções é que ambas deixam o complemento mais curto (“já morto”) depois de um elemento muito longo (“removido para análises por biólogos do Projeto Boto-Cinza”), o que não favorece a clareza.
 
O melhor, portanto, seria antecipar a forma verbal “morto”, e modo que ficasse distante do agente da passiva (“por biólogos”). Assim:
 
 
(1) Golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis), espécie que vive em águas profundas, encontrado no norte de Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo; já morto, animal foi removido por biólogos do Projeto Boto-Cinza para análises
 
O segundo trecho apresenta um defeito comum: uma expressão de caráter predicativo aparece antes do sujeito ao qual se refere e faz referência não ao núcleo do sujeito, mas ao complemento dele.
 
Observe que a “parte do corpo tão ligada à sedução e à sexualidade” não é o formato das mamas, mas as mamas propriamente ditas. Assim, “mamas” deveria ser o núcleo do sujeito. Veja abaixo: 
 
Parte do corpo tão ligada à sedução e à sexualidade, as mamas sempre tiveram seu formato submisso à ditadura da moda.
 
Do ponto de vista da concordância, o texto acima está correto, pois “as mamas” são uma parte do corpo. Não há, portanto, necessidade de plural (“partes”).

Thaís Nicoleti

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:

ORTOGRAFIA: Acento ou Assento?

 “Acento” no lugar de “assento”! Pois é, “acento” é bem diferente de “assento”. 

Essas palavras são chamadas, na gramática tradicional, de homônimos. Isso porque elas têm exatamente a mesma pronúncia. 
A semelhança, no entanto, para por aí. Cada uma tem uma grafia e cada uma tem seu significado. Não há corretor ortográfico que nos ajude a corrigir esse tipo de erro. O único jeito mesmo é saber a hora de usar cada um dos homônimos.
Assento serve para sentar-se (veja a semelhança gráfica entre as palavras, que são da mesma família). O verbo “assentar” também pertence ao grupo de cognatos. Aliás, esse verbo tem dois particípios (assentado e assente). Foi a segunda forma que a angolana vencedora do concurso Miss Universo 2012 usou em sua declaração: “”De certa forma, a minha vida acaba de mudar. Vou precisar de Deus e de ter os pés bem assentes na Terra”.
Assento, com “ss”, é o banco do carro, é a poltrona do cinema, é a cadeira do brinquedo no Hopi Hari, é um lugar (o Brasil pleiteia um assento na ONU) e até mesmo… as nádegas!
Acento, com “c”, é a sílaba forte de uma palavra, o sinal gráfico que a demarca ou mesmo o sotaque.
Como vemos, “acento” e “assento” são coisas bem diferentes!… Na  a frase abaixo o certo é assento. Vejamos:
“De acordo com o médico, veículos modernos são projetados para evitar dores no corpo do condutor. Os modelos mais sofisticados trazem assentos com abas laterais (sustentam o corpo e protegem a região lombar), volante com ajuste de altura e profundidade e fácil acesso aos pedais.”

segunda-feira, 27 de junho de 2016

RESUMÃO: CONCORDÂNCIA NOMINAL




Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo.
Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.

Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo.

- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.

a) Um adjetivo após vários substantivos

1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.

2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.

3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.

- O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos

1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.

Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.

2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.

Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.

c) Um substantivo e mais de um adjetivo

1- antecede todos os adjetivos com um artigo.

Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.

2- coloca o substantivo no plural.

Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.

d) Pronomes de tratamento

1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.

Vossa santidade esteve no Brasil.

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado, quite, leso

1 - Concordam com o substantivo a que se referem.

As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz.
Estamos quites.
Não pagar impostos pode ser um crime de lesa-pátria.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)

1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.

Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.

g) É bom, é necessário, é proibido

1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.

Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.

h) Muito, pouco, caro

1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco feijão é suficiente para mim.
Os computadores estavam caros.

2- Como advérbios: são invariáveis.

Dormi muito durante a viagem.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.

i) Mesmo, bastante

1- Como advérbios: invariáveis

Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral.

Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

j) Menos, alerta

1- Em todas as ocasiões são invariáveis.

Há menos pessoas do que prevíamos.
Estejam alerta.

k) Tal Qual

1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.

As garotas são vaidosas tais qual a avó.
Os pais vieram vestidos tais quais os filhos.

l) Possível

1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.

A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.

m) Meio

1- Como advérbio: invariável.

Estou meio insegura.

2- Como numeral: segue a regra geral.

Comi meia laranja pela manhã.

n) Só, sós, a sós

A palavra só com adjetivo concorda em número com o termo a que se refere. Como advérbio, significa "apenas", "somente" e é invariável. A expressão a sós é invariável.

Observe:

Estou só.
Estamos sós.
Só eles ficaram
Estamos a sós

Fonte: infoescola.com

DÚVIDA CRUEL: REGÊNCIA VERBAL e REGÊNCIA NOMINAL? Qual a diferença?

Depois desta leitura, certamente todas as dúvidas serão esclarecidas. Bons estudos!
O BCCCV esclarece:


Regência verbal
Chamamos de regência verbal a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). Os verbos podem ser intransitivos e transitivos.
Os verbos intransitivos não exigem complemento. Isso acontece porque são verbos que fazem sentido por si só, ou seja, possuem sentido completo. Em alguns casos, eles são acompanhados por adjuntos adverbiais, elementos que não podem ser considerados como objetos. O adjunto adverbial é um termo acessório da oração cuja função é modificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio, indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade etc.). Sendo um termo acessório, pode ser retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática. Veja alguns exemplos:
Choveu muito ontem.
↓                   
                                          verbo impessoal    adjunto adverbial de intensidade e de tempo       
(intransitivo)                                  
Chegamos no voo das onze horas.
↓                       ↓
         
                verbo intransitivo           adjunto adverbial de meio e de tempo
Verbos transitivos diretos
Chamamos de verbos transitivos aqueles que precisam de um complemento, uma vez que não possuem sentido quando sozinhos. Eles podem ser transitivos diretos e indiretos. Os transitivos diretos são acompanhados por objetos diretos e não exigem preposição para o correto estabelecimento da relação de regência. Veja os exemplos:
Quero bolo!
 ↓        ↓

verbo transitivo direto   objeto direto            
Amo aquele rapaz.
↓           ↓
      
verbo transitivo direto      objeto direto                     
Para facilitar o reconhecimento dos verbos transitivos diretos, você poderá fazer algumas perguntas para eles (quero o quê/quero quem? Amo o quê/amo quem?). As respostas serão os objetos diretos.
Verbos transitivos indiretos
Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos, isto é, exigem uma preposiçãopara o estabelecimento da relação de regência. Veja:
preposição 'de' + artigo 'a' = da
       ↑

Gostamos da prova.
   ↓               ↓ 
verbo transitivo indireto       objeto indireto            
Outro exemplo:
preposição + artigo = às

Respondi às questões.
↓                ↓
verbo transitivo indireto       objeto indireto               
Você também pode fazer perguntas para o verbo para assim identificar se ele é ou não transitivo indireto (gostaram de quê/gostaram de quem? Respondeu a quê/respondeu a quem?). Note que, ao fazer a pergunta com o uso de uma preposição, o objeto responderá também com uma preposição (gostamos da prova/ respondi às questões).
Verbos transitivos diretos e indiretos
Antigamente, os verbos transitivos diretos e indiretos eram chamados de bitransitivos. Essa nomenclatura, entretanto, não é mais utilizada. São verbos acompanhados de um objeto direto e um objeto indireto. Observe:
a (preposição) + os = aos                 
                
Agradeço 
aos ouvintes a audiência.

↓                 ↓               ↓  
verbo transitivo direto e indireto    
Objeto indireto    objeto direto ('a' é artigo)           
Quem agradece, agradece a alguém algo.
Outro exemplo:
    preposição + artigo = à
      ↑

Entreguei a flor à professora.
 ↓            ↓            ↓   
   verbo transitivo direto e indireto  
 
Objeto direto   objeto indireto                                
Regência nominal
Chamamos de regência nominal o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. Veja alguns exemplos (vale lembrar que existem muitos outros):
Substantivos:
Admiração a/por
Devoção a/ para/ com/ por
Medo de
Respeito a/ com/ para com/ por
Adjetivos:
Necessário a
Acostumado a/com
Nocivo a
Agradável a
Equivalente a
Advérbios:
Longe de/ Perto de
Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados:
Paralela a; paralelamente a
Relativa a; relativamente a