quarta-feira, 21 de agosto de 2019

CONJUNÇÃO CONDICIONAL E PRONOME (Se, se...)

Elizabeth Daxer, de São Paulo/SP, apresenta duas frases interessantes onde aparece duplo se, que ela pergunta se é uma conjunção condicional e se “devo usá-la apenas uma vez?”:


O #BCCCV esclarece:


1) Paulino Jacques também faz uma crítica a essa terminologia, advertindo que é ambígua porque não se sabe se se trata de um novo direito ou do próprio direito do trabalho.

2) Se se aplicasse ao direito do trabalho a simples divisão usual do Direito em público e privado, separar-se-ia aquilo que vive em união interna.

Já o leitor Rubens Viana, de São José dos Campos/SP, quer saber se “é um jogo de palavras? pronome pessoal e condicional?” e extrai um exemplo da coluna Não Tropece na Língua 91:

3) Nessas frases haveria clareza se se observasse a regra citada.

E Ronaldo Nogueira, de Fortaleza/CE, acrescenta sua dúvida: Escrever dois se junto está certo? Qual seria a melhor maneira de escrever esta frase:
 
4) Se se tratar da entrada, informe o responsável pelo setor de compras.

As frases acima, de 1 a 4, estão corretas, perfeitas. Em 2, 3 e 4 seria possível trocar o primeiro SE, que é conjunção condicional, por “caso”, o que contudo não significa melhor estilo, mas apenas uma alternativa de redação:

2) Caso se aplicasse ao direito do trabalho a simples divisão...

3) Haveria clareza caso se observasse a regra citada.

4) Caso se tratar da entrada, informe o responsável...

No mais, é impossível a ênclise (o pronome depois do verbo) porque a conjunção subordinativa se atrai o pronome. E atrai justamente por questões de eufonia. Vejam como soaria mal: *Não se sabe se trata-se... *Se aplicasse-se... *Haveria clareza se observasse-se...

Não é à toa que Camões, há mais de quatro séculos, escreveu estes versos: “Se se sabe ou se se sente, não (n)a digo a toda a gente”... – provocando intencionalmente essa sonoridade. Observem que o usual é pronunciar se no 1° e si no 2°, evitando-se o cacófato se-se.

Eis a explicação gramatical para o caso:

O 1º se é sempre conjunção condicional.

O 2º se é pronome, que pode ter três funções:

- partícula apassivadora:

Se se aplicasse a divisão... [= se fosse aplicada a divisão]

Se se observar a regra...  [= se a regra for observada]

- indicativo de verbo pronominal:

Não sabe se se despede agora ou não, se se casa ou se se deita e espera.

- índice de indeterminação do sujeito:

Para saber se se trata de entrada, é preciso analisar todo o material.

Se se trata de novo direito, saberemos.

Se se ama, sente-se saudades.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

VERBO TRANSITIVO:

É o verbo que vem acompanhado por um complemento: quem sente, sente algo; quem releva, releva algo a alguém. O sentido desse verbo transita, isto é, segue adiante, integrando-se aos complementos, para adquirir sentido completo.
O verbo transitivo pode ser direto ou indireto.
O #BCCCV esclarece:
Rapidinha de português:

a) Transitivo Direto: é quando o complemento vem ligado ao verbo diretamente, sem preposição obrigatória.
Por Exemplo:
Nós assistimos (1) nosso filme favorito.
1= Verbo Transitivo Direto
b) Transitivo Indireto: é quando o complemento vem ligado ao verbo indiretamente, com preposição obrigatória.
Por Exemplo:
Eu gosto (2) de bolo de chocolate.
2 = Verbo Transitivo Indireto
de= preposição
c) Transitivo Direto e Indireto: é quando a ação contida no verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo.
Por Exemplo:
Ela contou (3) tudo ao namorado.
3 = Verbo Transitivo Direto e Indireto
a = preposição


Fonte: Varejão do Estudante

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

VÍRGULA:

DOIS VERBOS E NÚMEROS POR EXTENSO:

O #BCCCV informa:


--- Na frase “quem ler, viaja”, há gramáticos que condenam essa vírgula, pois estaria separando o sujeito do predicado. Outros aceitam argumentando que não se deve repetir dois verbos. O que a senhora acha? Luiz Neto, Natal/RN.

Acho que se pode – no caso de frases iniciadas com o pronome quem – quebrar a norma e usar a vírgula entre o sujeito e o predicado quando aparecem dois verbos juntos ou mesmo aproximados:

Quem luta, consegue.

Quem sabe, sabe.

Quem for, verá.

Quem não lê, não escreve.

Quem lê bem, escreve bem.

Quem ama, não mata.

Quem diz sou, não é.

Quem diz vou, não vai.

Quem quer o melhor, escolhe XY.

Quem diz não, é teimoso.

Não havendo problemas de clareza ou de estética, pode-se deixar a vírgula de lado, é claro:

Quem não deve não teme.

Quem ama não adoece.

Quem tudo quer tudo perde.

Quem dá aos pobres empresta a Deus.

--- Ao escrevermos “dois mil, trezentos e vinte e seis reais e doze centavos”, é necessário pormos essa vírgula?  Luiz Neto, Natal/RN

Não é necessário mas é bem possível. O gramático Celso Luft advoga a colocação dessa vírgula depois de mil, pois é a marca da coordenação sem conjunção (“assindética”). Napoleão Mendes da Almeida, na sua gramática, também a usa. Exemplos:

22.501 = vinte e dois mil, quinhentos e um

4.455 = quatro mil, quatrocentos e cinquenta e cinco

3.440.205.528.367= três trilhões, quatrocentos e quarenta bilhões, duzentos e cinco milhões, quinhentos e vinte e oito mil, trezentos e sessenta e sete.

Com zeros, porém, é diferente. Usa-se o e: 1.400 = mil e quatrocentos; 4.005 = quatro mil e cinco.

Por outro lado, jornais modernos já não trazem a vírgula depois de mil, no que têm o respaldo do gramático Celso Cunha:

62.540 = sessenta e dois mil quinhentos e quarenta

293.572 = duzentos e noventa e três mil quinhentos e setenta e dois

3. 415.741.210 = três bilhões, quatrocentos e quinze milhões, setecentos e quarenta e um mil duzentos e dez.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini