quinta-feira, 31 de outubro de 2019

NEM UM ou NENHUM?


Diferenças linguísticas:
O #BCCCV esclarece:

Nem um, expressão formada pela conjunção nem e pelo numeral um, equivale a nem um sequer ou nem um só (ou nem um único). Tem sentido quantitativo quando empregado em frases como estas:
Nem um colega da escola veio na minha festa.
Eu não ganhei nem um brinquedo!
Nem um outro amigo é mais legal do que você!

Nenhum: é um pronome indefinido variável, pois admite flexão de gênero e número (nenhuma, nenhumas, *nenhuns). Equivale a algum, sendo sua forma negativa. Veja os exemplos:
Nenhuma casa resistiu ao tornado.
Nenhuma pessoa compareceu no lançamento do livro.
Dinheiro nenhum é capaz de comprar a felicidade.

Regra básica: pronome indefinido nenhum pode ser trocado por outro equivalente: algum. Nem um, expressão formada pela conjunção nem seguida pelo numeral um, pode ser substituído por nem um sequer ou nem um só. Se você ficar na dúvida, basta seguir a dica. 

*Nenhuns:
Achou estranho, não é mesmo? Pois saiba que o plural do pronome  indefinido nenhum existe, apesar de ser pouco utilizado. Ele deve ser empregado quando o nenhum estiver antes de um substantivo no plural, concordando assim com esse termo. Veja só como ele pode aparecer em uma frase:
Não conheço nenhuns restaurantes nessa região.
Simples era a mobília, nenhuns adornos, uma estante de jacarandá, com livros grossos in-quarto e in-fólio; uma secretária, duas cadeiras de repouso e pouco mais” . (Machado de Assis, Helena).

Atenção!
Existem situações em que as duas expressões podem ser empregadas sem que haja prejuízo para a comunicação nos textos escritos. Isso acontece porque o pronome indefinido nenhum é resultado da aglutinação da conjunção nem com o numeral um. Veja alguns exemplos:
Nenhum aluno reclamou da avaliação de matemática.
ou
Nem um aluno reclamou da avaliação de matemática.

Por Luana Castro
Escola Kids

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

ASSERTIVIDADE; RISCO DE VIDA; ORA; DESPERCEBIDO:

Almir Nahas, de São Paulo/SP, solicita explanação sobre o termo assertividade, que está “entre as palavras de uso mais ou menos corrente em certos meios profissionais” e cujo significado “os dicionários não esclarecem”.


Dicionários registram o básico: assertividade é a qualidade ou condição do que é assertivo, afirmativo. Assertivo tem a ver com asserção, afirmativa, declaração. Na nova acepção do termo, não significa fazer mera declaração, mas sim enunciar – escrever ou dizer – algo positivo, no qual se acredita firmemente e se defende mesmo contra oposição.
O #BCCCV INFORMA:




Assim, ser assertivo é ser positivo, afirmativo, senhor de si; é “comportar-se de uma maneira tão segura e confiante que chama a atenção das pessoas” (cf. Longman Dictionary of Contemporary English). Exemplo:




Eles entendem que a quebra do vínculo que as crianças ainda possuem com os orfanatos ajudaria a promover independência e assertividade.



--- Está correto o uso de “correr/estar em perigo/risco de vida”? Seria “risco de morte”? Várias pessoas.



Sim, é correto afirmar:



Severino, trabalhando em condições subumanas, corre perigo de vida.



Parece milagre: Marialva já não corre risco de vida.



Dizemos assim porque é a vida que está exposta a risco ou perigo. Contudo, se for para enfatizar o aspecto oposto, pode-se afirmar: “Em jejum há dois meses, ele corre o risco de morrer”, embora o uso da palavra morte não seja tão delicado em situações sociais.



Há um certo movimento no sentido de só considerar correto o “risco de morte”. Mas isso não tem base linguística, é formulação fantasiosa, que desconhece a natureza das línguas. Como esclarece o linguista José Luiz Fiorin na revista Língua Portuguesa nº 26, “o sentido das expressões é constituído em bloco e não pela soma das palavras que as compõem”.



Ademais, há o aspecto cultural: é muito melhor ouvir a palavra vida, construtiva e agradável, do que a palavra morte. Trata-se de eufemismo, mais condizente com a sensibilidade humana. Reza o novo Código Civil brasileiro (2002): Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.



--- Escrevi “Por ora deixo de fazer isso” e fui indagado se o correto não seria “por hora”. Jefferson Barbosa, Bauru/SP



Ambas as locuções têm origem no latim “hora” (divisão de tempo, época, duração), mas tomaram rumo diferente:



Por hora exprime o que se faz durante sessenta minutos:



João cobra R$ 10,00 por hora de jardinagem.



João digita cinco páginas por hora.



Por ora significa “por enquanto, por agora” [lembre-se de “ag-ora”]:



Não há novidades por ora.



Por ora João continua descasado.



--- Por favor, esclareça a distinção entre despercebido e desapercebido, pois já não suporto mais escutar as pessoas utilizando-as de forma incorreta. Meire Rose de Souza Defante, Volta Redonda/RJ



DESPERCEBIDO - sem ser notado, não observado, não visto ou não ouvido:



Podes crer, meu amigo, que essas tuas atitudes esquisitas não me passam despercebidas.



O incidente na portaria, embora despercebido pelos hóspedes, ganhou os jornais.



DESAPERCEBIDO - desprevenido, desatento, desacautelado; desprovido, sem guarnição:



Furtaram sua bolsa porque viram Marilda desapercebida.



Foram acampar desapercebidos de fósforo e lanternas.



Apesar da origem diversa (aperceber = aparelhar e perceber = notar, ambos com o prefixo de privação “des-”), desapercebido é adjetivo pouco usado no sentido próprio, mas muito utilizado como sinônimo de despercebido, razão pela qual os dicionários já registram a sinonímia, alegando também o fato de terem encontrado esse emprego pouco “puro” em bons autores no séc. XX.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

PORQUE, PORQUÊ? POR QUE, POR QUÊ?


PORQUE, PORQUÊ:

1. PORQUE: Designa causa, razão.
Conjunção causal.
Pode ser substituído por 'pois':
Ex.: Não preencheu o questionário, porque não tinha conhecimentos suficientes de geografia.

(Não preencheu o questionário, 'pois' não tinha conhecimentos suficientes de geografia.)
O #BCCCV esclarece:


2. PORQUÊ: Razão ou motivo de alguma coisa.
Substantivo masculino.
É acentuado quando for substantivo.

Ex.: Ele conhecia o porquê da situação.
Ex.: Não sei o porquê dessa indecisão.


POR QUE, POR QUÊ:

3. POR QUE: Refere-se à causa, por qual motivo - numa pergunta.
Locução adverbial.
Usado no início de frase e oração.
Usado nas frases interrogativas.

Ex.: Por que fizeste este estrago?
Ex.: Por que será que estão demorando tanto?

Introduz oração subordinada causal.
Ex.: Não sei por que não entenderam.

Quando é pronome relativo, também devem aparecer separados seus elementos.
Ex.: Não sabia por que fora reprovado.


4. POR QUÊ: Refere-se à causa, por qual motivo - numa pergunta ou exclamação.
Locução adverbial.
Usado no final de frases e orações.

Ex.: Estão brigando, por quê?
Ex.: Sem saber por quê, sentia-se triste!

Por #LucinéaWertz

domingo, 27 de outubro de 2019

TERMOS JURÍDICOS:

A origem da maioria deles:

Como já dito, a maior fonte dos vocábulos jurídicos é o Direito Romano e, consequentemente, se originam do latim, língua que surgiu na região do Lácio, próxima a Roma Antiga.

A palavra “Direito” é oriunda do latim directus, “em linha reta”, sendo aplicável no sentido de seguir corretamente o conjunto de leis e normas vigentes em uma sociedade.
Do latim jus, “lei, direito legal”, surgiram inúmeras derivações, como “justiça”oriunda do latim justitia, que significa “direito, equidade, administração da lei”, junção de justus, “correto, justo”, com jus.
Seguindo a mesma lógica, temos as palavras jurisprudência e julgamento. A primeira palavra vem do latim jurisprudentia, “a ciência da lei” – jus mais prudentia, “conhecimento, previsão”. A segunda, por sua vez, vem do latim judicare, “julgar”, composta por jus mais dicere, “dizer, falar”. .
A lista não termina por aí! Existem outras palavras que derivam da junção do termo jus com outras expressões latinas, como juiz, judicial, judicante…
Com esses exemplos, fica fácil compreender a origem de diversas palavras que integram o famoso juridiquês. Para complicar ainda mais, muitas delas ainda são utilizadas em latim, sem a conversão para a língua portuguesa.
No entanto, não se preocupe! Segue alguns significados, para que você se ambiente com os jargões jurídicos mais usáveis e usados.
Expressões em Latim:
1- Data venia: expressão latina que significa “com a devida licença”, uma maneira respeitosa de iniciar uma argumentação para contrariar a opinião de uma pessoa. É oriunda da junção do termo dare, “dar”, e venia, “licença/permissão”.
2- Venire contra factum propriumsignifica a vedação de comportamento contraditório, como forma de preservar a boa-fé objetiva.
3- A quo: expressão utilizada para se referir ao Juízo de origem, ou ao Juiz ou Tribunal que proferiu uma decisão que está sendo recorrida, ou ao termo inicial de um prazo.
4- Ad quemexpressão que é utilizada para se referir ao Juiz ou Tribunal para o qual um processo está sendo encaminhada, ou para um Juiz ou Tribunal que julgará um recurso, ou ao termo final de um prazo.
5- Bis in idemdo latim bis, “repetição”, e in idem, “sobre o mesmo”. No Direito, a expressão é utilizada para caracterizar a repetição de uma sanção sobre um mesmo fato.
6- Inaudita altera pars: quando um ato jurídico é realizado sem que a outra parte seja consultada.
7- In re ipsa: dano presumido, que prescinde de comprovação.
8- In dubio pro reoimplica dizer que, havendo dúvida por parte do juiz, ele deverá absolver o réu.
9-Iter criminis: caminho percorrido pelo autor até a execução do crime.
10- Juris tantum: presunção de veracidade de algum fato que admite prova em contrário.
11- Juris et de jure: presunção que não admite prova em contrário.
12- Lato sensuem sentido amplo de uma palavra/expressão.
13- Stricto sensu: sentido restrito de uma palavra/expressão.
14- Pacta sunt servanda: os pactos/contratos devem ser respeitados.

Expressões em Língua portuguesa:

15- Acórdão: decisão final proferida por um tribunal superior em julgamento colegiado.
16- Memorial: são as alegações finais apresentadas pelas partes no processo, objetivando convencer o julgador.
17- Fazer carga ou CARGAR o processo: quando o representante legal de uma das partes retira o processo do órgão judicial para praticar um ato ou requerer o que for de direito.
18- Impetrar: solicitar alguma providência judicial, normalmente utilizada quando do ajuizamento de alguma ação, ou interposição de algum recurso.
19- Peça judicial: termo utilizado para indicar determinadas manifestações processuais, como petição inicial, contestação e recursos.
20- Trânsito em julgado: expressão utilizada para designar uma decisão ou acórdão que não pode mais ser recorrido.
21- Réu: palavra que serve para fazer referência à pessoa que é chamada para responder uma ação no polo passivo.
22- Exordial: termo utilizado para fazer referência à peça (petição) inicial de um processo.
23- Alçada: limite de competência de um juízo ou tribunal para conhecer ou julgar demandas, conforme o valor da ação.
24- Decisão interlocutória: decisão por meio da qual o juiz resolve uma questão incidental da ação.
25- Despacho: ato praticado pelo juiz para dar andamento ao processo, que não diz respeito ao mérito da causa.
26- Preparo: é o adiantamento das despesas decorrentes do processamento de um recurso.
27- Deserção: forma de sancionar a parte recorrente que não realiza o preparo recursal.
Fonte: Saraivaaprova

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

REGÊNCIA: AGRADAR, CONSPIRAR, GOSTAR, VENCER.

--- Consulta: regência do verbo agradar, haja vista que tenho encontrado divergência nas gramáticas. Pedro Tenório Sousa, Maceió/AL

Divergência, neste caso, significa que há multiplicidade de uso. “A regência, como tudo na língua, a pronúncia, a acentuação, a significação, etc., não é imutável. Cada época tem sua regência, de acordo com o sentimento do povo, o qual varia, conforme as condições novas da vida”, já dizia o filólogo e dicionarista Antenor Nascentes em 1960.

O #BCCCV esclarece:

 

agradar é um dos verbos que Celso Luft usa justamente para exemplificar a evolução da regência verbal pela alteração dos traços semânticos ou de significado: “Agradar a alguém, agradar-lhe torna-se agradar alguém, agradá-lo, certamente por efeito de sinônimos como ‘contentar, satisfazer’, ‘alegrar, deleitar’, e obviamente prescinde de preposição com o traço de ‘acarinhar, mimar’, de um uso popular deste verbo”.

Em resumo, pode-se usar corretamente o verbo agradar como pronominal, intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto, todos devidamente dicionarizados:


Agradou-se da moça à primeira vista.

A festa não agradou, embora o anfitrião tivesse feito tudo para agradar os convidados.

A infraestrutura das praias agradará os/aos turistas.

Nada agrada aos mais exigentes.

Adquire a qualquer custo algo que lhe agrade.

Quisemos agradá-lo, mas não houve jeito.


--- É possível a utilização do verbo conspirar no sentido de algo bom? O Aurélio estaria correto ao exemplificar que “tudo parecia conspirar para a sua felicidade”? É correto dizer que “os astros conspiram a nosso favor”? Não seria uma inversão de sentido? José Roberto, Rio de Janeiro/RJ


De “tramar, planejar ou concorrer para uma conspiração”, o verbo conspirar passou a designar também “concorrer para algum fim” ou, em outros termos, “tender ao mesmo objetivo”; enfim, “contribuir”. O que muda é a regência: a preposição contra sempre traduz um fator negativo: Ele conspira contra qualquer iniciativa, contra nossos ideais; as preposições para, em ou a podem ser usadas em qualquer situação: Conspira para sua felicidade / conspira a seu favor / conspira em prejudicar seus interesses / conspira para obter os melhores resultados.

Há estudiosos que asseveram não ser correto alterar o significado original para "a favor" porque, com base na derivação latina (do verbo spiro,as,avi,atum,are, precedido da preposição contra, significando "soprar contra", contra-inspirare, "conspirare"), isso configuraria um contrassenso. “Quem conspira sempre planeja ações contra alguém ou algo, jamais a favor, sendo forçada a significação de conspirar a favor”, diz um deles, e o Dicionário Houaiss corrobora esse fato ao não registrar as acepções positivas.
O fato é que Francisco Fernandes (Dicionário de Verbos e Regimes, 1958) consignava no verbete conspirar o sentido de “concorrer, tender (ao mesmo fim)”, e daí para “concorrer ou contribuir para uma coisa boa” foi um pulo! Em todo caso, recomendo que esta última acepção fique restrita à linguagem coloquial.

--- Gostaria que ou de que você...? Quando não se usa a preposição para atender à regência do verbo? Célia Cândido da Silva, Curitiba/PR


O verbo gostar, ninguém tem dúvida, pede a preposição deGosto de vocês. Gostaria de tomar água de coco. Entretanto, a sequência gostar de que permite deixar a preposição de fora, porque frases como Gostaria que você fosse pontual ou Ela gosta que a elogiem soam melhor do que Gostaria de que você fosse pontual ou Ela gosta de que a elogiem.


--- Tenho dúvida, quase certeza, de que estão erradas as expressões abaixo. Por favor julguem-nas: O São Paulo venceu ao Palmeiras. A bola passou por sobre o gol. André Luís, São Paulo/SP


Você tem razão no primeiro caso, pois o correto é “O São Paulo venceu o Palmeiras”.


No segundo, é preciso jogo de cintura. Em português (embora não tanto como no inglês), também se vê uma preposição regendo outra em certos casos de ênfase ou maior definição. A prep. por exprime, entre outras coisas, ideia de percurso, e quando esse percurso se dá sobre a trave, é possível deixar isso bem claro: a bola passou por sobre o gol. Outros exemplos de dupla preposição:


Passou por entre a ramagem.

Mergulham e desaparecem por sobre o imenso telheiro.

O terreno lhe foge de sob os cascos.

Passou por detrás do galpão.

Cumpre seus deveres para com a religião.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sábado, 19 de outubro de 2019

CONCORDÂNCIA VERBAL: Sujeito simples.



Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com seu sujeito.

Sujeito Simples

Regra Geral

O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:
A orquestra      tocou      uma valsa longa.
3ª p. Singular    3ª p. Singular

Os pares  que  rodeavam a nós dançavam bem.
3ª p. Plural        3ª p. Plural

Casos Particulares

Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante hesitar no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a concordância puramente gramatical é contaminada pelo significado de expressões que nos transmitem noção de plural, apesar de terem forma de singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado os casos a seguir:

1) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

Por Exemplo:
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.

Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta interessante.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados. 

Por Exemplo:
Um bando de vândalos destruiu / destruíram o monumento.

Obs.: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.

Casos particulares II

2) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. Observe:
Cerca de mil pessoas participaram da manifestação.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Obs.: quando a expressão "mais de um" se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Por Exemplo:
Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem. (ofenderam um ao outro).

3) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve ficar o plural.
Exemplos:
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou "de vós", o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal. Veja:

Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.

Obs.: veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos", esta pessoa está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.", frase que soa como uma denúncia.

Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.
Por Exemplo:
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.

Casos particulares III

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo.
Exemplos:

25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.

85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.

1% do eleitorado aceita a mudança.

1% dos alunos faltaram à prova.

Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o número. Veja:

25% querem a mudança.

1% conhece o assunto.

6) Quando o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente do pronome.

Exemplos:
Fui eu que paguei a conta.

Fomos nós que pintamos o muro.

És tu que me fazes ver o sentido da vida.

Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.

7) Com a expressão "um dos que", embora alguns gramáticos considerem a concordância facultativa, a preferência é pelo uso verbo no plural, para concordar com a palavra que antecede o pronome relativo “que”.

Por Exemplo:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas.

Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.

Atenção:
Na linguagem corrente, o que se ouve, efetivamente, são construções como:

"Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da emenda".

Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo, temos:

"Ela é uma das alunas mais brilhante da sala."

Ao invertermos as frases, fica claro que o emprego das formas no plural está adequado:

"Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma."

"Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emenda, ele é um".


Casos particulares IV:

8) Quando o sujeito é o pronome relativo "quem", pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa do singular ou em concordância com o antecedente do pronome.

Exemplos:
Fui eu quem pagou a conta.

Fui eu quem paguei a conta.

Fomos nós quem pintou o muro.

 Fomos nós quem pintamos o muro.

9) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.

Por Exemplo:
Vossa Excelência é diabético?

Vossas Excelências vão renunciar?

10) A concordância dos verbos bater, dar e soar se dá de acordo com o numeral.

Por Exemplo:

Deu uma hora no relógio da sala.

Deram cinco horas no relógio da sala.

Obs.: caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. Por exemplo:

O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.

11) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum sujeito, são usados sempre na 3ª pessoa do singular. São verbos impessoais:

Haver no sentido de existir.

Fazer indicando tempo.

Aqueles que indicam fenômenos da natureza.

Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.

Faz dois meses que não vejo meu pai.

Chovia ontem à tarde.