quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

ALUÍSIO DE AZEVEDO:

Grandes nomes das artes: 


Caricaturista, jornalista, romancista e diplomata. O escritor Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, ou Aluísio Azevedo como era conhecido, nasceu em 14 de abril de 1857, em São Luis (MA). Foi o membro fundador da cadeira nº. 4 da Academia Brasileira de Letras. Até a sua adolescência, o escritor estudou e trabalhou como caixeiro e guarda-livros.
Desenvolveu grande interesse pelo desenho e pela pintura e, em 1876, foi estudar na Imperial Academia de Belas Artes, onde hoje é a Escola Nacional de Belas Artes. Em paralelo, trabalhava também como caricaturista para jornais como O Fígaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. Foi a maneira que encontrou para se manter financeiramente. Com a morte do pai, em 1878, retornou a São Luís para cuidar da família, começando sua vida de escritor. Um ano depois, escreveu o romance Uma lágrima de mulher, Também foi colaborador do jornal anticlerical O Pensador, que era a favor da abolição da escravatura, em contraposição aos padres.
Uma de suas primeiras grandes obras, O Mulato, foi lançada em 1881, causando grande reboliço e escândalo na sociedade maranhense, devido à sua linguagem naturalista e ao tema abordado, sobre o preconceito racial, tornando-se um dos grandes nomes do movimento literário Naturalismo. Neste mesmo ano, retorna ao Rio de Janeiro, onde decide se dedicar à vida de escritor. Tempo depois, deu uma parada na vida de escritor e foi ser diplomata, indo para a Espanha, depois para Japão, Argentina, Inglaterra e Itália, sendo nomeado como cônsul, em 1910. Faleceu aos 56 anos, na Argentina, último lugar onde ocupou o posto, em 21 de janeiro de 1913, aos 56 anos.
Em suas obras, Aluísio fazia grande observação e análise da degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português, que serviram de inspiração para outras duas grandes obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). Escreveu diversos romances, contos e crônicas, bem como peças de teatro. Além destas obras, Aluísio também é o autor de Memórias de um Condenado, Mistérios da Tijuca, Filomena Borges, O Coruja, A Mortalha de Alzira, O Livro de uma Sogra, e muitas outras para o teatro.
Capa do livro "O ccortiço"
Para conhecer um pouco de sua obra, a sugestão é o livro O Cortiço, onde escreve sobre o dia a dia de um cortiço carioca do século XIX, sob o olhar impiedoso de uma análise naturalista-realista de seus habitantes.
Fonte: Varejão do estudante.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

USO E OMISSÃO DO ARTIGO DEFINIDO E INDEFINIDO: (2)

Vimos, anteriorrmente, as regras gerais de emprego do artigo definido e indefinido. Há, no entanto, muito mais: o uso é variado e amplo. Normalmente nos guiamos pela intuição, mas é possível estabelecer algumas normas que presidem o uso ou a omissão do artigo. Vejamos caso a caso.

          - Só é possível comparecer ao baile com trajes de época.

“De época” é expressão usada para designar algo (fantasia, móvel, filme) que traz o estilo ou as características de determinado período (no passado). Com o artigo (da), seríamos obrigados a determinar qual a época.
O BCCCV esclarece:


          -  (A) Maria Cleusa pediu que você ligasse para ela.
O artigo junto ao nome de batismo da pessoa é facultativo: no Sul do Brasil é sempre usado, ao passo que em outras regiões dispensa-se o artigo sistematicamente.

          - João Figueiredo pediu para ser esquecido.
Os nomes próprios de pessoas, quando usados por inteiro, não devem ter artigo; este no entanto poderá ser usado se com a pessoa mencionada houver familiaridade, real ou pretensa: Agradeci a ajuda da Nilcéa P. Lemos na elaboração da tese. Comprei um disco da Gal Costa

          - Gostaria de descer o Amazonas até os Andes.
Usa-se o artigo com nomes próprios geográficos, nomes de países e de alguns Estados brasileiros (o Paraná, o Rio de Janeiro, a Bahia, o Rio Grande do Sul, o Espírito Santo etc.).

          - Visitarei Belo Horizonte Salvador nos próximos dias.
Nomes de cidades prescindem de artigo. Há exceções: o artigo pode ser usado quando o nome da cidade deriva de um substantivo comum: Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, sendo optativo em outros casos: (o) Recife, (a) Laguna (SC). 

          - Finalmente visitarei a Ouro Preto dos meus sonhos.
Nomes de cidades passam a admitir o artigo desde que acompanhados de qualificação (“dos meus sonhos”, neste caso).

          - Sua Alteza casou com Dona Teresa Cristina. / Espero não ter interrompido V. Exa.
Não se usa artigo antes de pronomes pessoais e de tratamento.

          - Falei com a srta. Ana, sua secretária, antes de vir procurá-la, senhora deputada.
Dentre as expressões de tratamento, senhorsenhora e senhorita são as únicas que admitem artigo, mas não quando vocativo, ou seja, quando nos dirigimos à própria pessoa.

          - Santo Antônio é seu padroeiro e confidente.
Os adjetivos SãoSanto e Santa, quando acompanhados de nome próprio, não admitem artigo; tampouco se articula Nosso Senhor Nossa Senhora.

          - Voltou para casa mais tarde do que de hábito. / Voltou para a casa dos pais depois da separação.
O artigo é omitido antes da palavra casa quando designa residência, lar. Mas não quando particularizada ou usada na acepção de prédio, estabelecimento

          - Finalmente estou em terra – já não aguentava o enjoo do navio.
Omite-se o artigo junto ao vocábulo terra quando em oposição a bordo, mar.

          - Esteve em palácio por convocação do Governador.
Costuma-se omitir o artigo com a palavra palácio quando designa a residência ou o local de despacho de um chefe de governo.

          - Pagou R$ 4,00 o quilo da maçã. / Custa mil o metro.
O artigo é usado nas expressões de peso e medida com o sentido de “cada”.

          - O inverno brasileiro é moderado.
Usa-se o artigo com as estações do ano, exceto quando elas vêm precedidas de de, significando "próprio de", como em “gosto do sol de inverno”.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

sábado, 9 de fevereiro de 2019

ARTIGO DEFINIDO E INDEFINIDO: (1)

USO e NÃO USO:

No Brasil é grande a preocupação com a crase, mas poucas pessoas se dão conta de que conhecer bem o artigo é imprescindível para se fazer bom uso do acento indicativo de crase. O artigo é a palavra que introduz o substantivo, indicando-lhe o gênero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).

O BCCCV esclarece:


O artigo definido – o, a, os, as – individualiza, determina o substantivo de modo particular e preciso. Designa um ser já conhecido do leitor ou ouvinte. Exemplos:

O violino está desafinado. [referência a um instrumento específico, seja o meu ou o seu, enfim aquele já mencionado]

A lâmpada queimou. [a apontada ou a única no local]

Falei com os meninos. [meninos já conhecidos do falante]

Vimos as estrelas no telescópio. [as estrelas de que falávamos antes]

O artigo definido também é empregado para indicar a espécie inteira; isto é, usa-se o singular com referência à pluralidade dos seres:

O homem é mortal.  [ = todos os homens]

A acerola contém grande quantidade de vitamina C.

Dizem que o brasileiro é cordial.

O artigo indefinido 
– um, uma, uns, umas – determina o substantivo de modo impreciso, indicando que se trata de simples representante de uma dada espécie. Designa um ser ao qual não se fez menção anterior. Exemplos:

Um violino está desafinado. [um dentre os vários da orquestra]

Uma lâmpada queimou. [uma das diversas existentes no local]

Falei com um menino. [não é particularizado]

Vimos uma estrela no telescópio. [uma representante da espécie]

Marcos deve ter uns quarenta anos. [aproximação]

Por questão de estilo, evita-se a utilização frequente de um, uma. O abuso do artigo indefinido torna a frase pesada e deselegante. Observe nos períodos abaixo como certos artigos são desnecessários:

A menina ganhou (uns) lindos brinquedos.

Recebemos do interior de São Paulo (uns) pêssegos maravilhosos.

O funcionário está respondendo a (um) processo por malversação de dinheiro.

“Sou muito feliz por ter (uns) pais como vocês”, escreveu a criança.

Ter (uma) boa saúde é fundamental.

Colocar um coração de (um) babuíno em um recém-nascido foi (um) ato tão ousado quanto atravessar o Atlântico a nado.

É mais elegante deixar fora o artigo indefinido antes de pronome de sentido indefinido, como "tal, certo, outro":

Vi Laura em (uma) tal consternação que achei melhor ficar quieto.

Encontrei (uma) certa resistência quando sugeri que discutíssemos o assunto em (uma) outra ocasião.

Acabei não mencionando (um) outro caso interessante.

Em alguns casos nem o pronome indefinido é necessário:

A neve e o vento glacial alteraram a paisagem europeia e não pouparam país.

Está certa a ausência do artigo, pois significa que nenhum país (da Europa) foi poupado no pior inverno dos últimos anos. É importante notar que a indefinição se faz mentalmente – não é preciso constar explicitamente o artigo ou o pronome indefinido. Caso a reportagem estivesse se referindo só à Inglaterra ou à Suécia, por exemplo, o redator teria escrito “não pouparam o país”.

Entretanto, o artigo indefinido é usado como reforço em expressões exclamativas:

Foi uma alegria te ver. O desfile foi um horror!

Maria Tereza de Queiroz Piacentini