domingo, 29 de novembro de 2015

CANHOTO, DIUTURNO, ENUNCIAR, EXPERTO, GOLS:

BOM SABER, para usar corretamente!



> Canhestro, canhoto

Seu emprego na fábrica de artefatos manuais, na seção de miniaturas de palha, não durou uma semana, porque ele era canhestro.
 
Ninguém perde o emprego só por ser canhoto, não é mesmo? Canhoto é palavra usada para designar pessoa mais hábil com a mão esquerda; o contrário, para chamar quem utiliza mais a mão direita, é destro ou manidestro. Canhestro significa inábil, desajeitado, desengonçado. A propósito: quem utiliza as duas mãos com a mesma facilidade é ambidestro.
 
> Diuturno, diurno
 
Passou suas noites e dias à cabeceira dos doentes, mas esse trabalho diuturno jamais foi reconhecido pela direção do hospital.
 
Diuturno é o que tem longa duração; contínuo; que acontece ou se sustenta por muito tempo. Diurno é o que se faz ou acontece num dia (movimento diurno) ou que se faz ou acontece de dia, durante o dia (contrário de noturno).
 
> Enunciar, enunciação, anunciar
 
A aplicação da fórmula enunciada no decreto foi contestada de imediato.
 
Enunciar = exprimir, declarar, expor. Enunciação ou enunciado = expressão, declaração, proposição. Anunciar = dar a conhecer, noticiar, pôr anúncio de; indicar; predizer.
 
> Esperto, experto
 
Que menino interessante e esperto!
 
Esperto quer dizer arguto, vivo. Também há experto, com x: aquele que tem experiência ou conhecimento prático, o perito, o especialista, que muitas vezes é chamado entre nós pelo original inglês “expert”, por causa da pronúncia idêntica de experto e esperto.
 
> Gol, gols, golos, gois
 
Foram seus belíssimos gols que lhe justificaram a fama.
 
Entre as possibilidades de plural, a mais utilizada é aquela à moda inglesa: gols (o inglês mesmo é “goals”). Há pelo menos 20 anos as novas edições de dicionários admitem o plural à inglesa e toda a imprensa escreve gols. No Brasil praticamente não se usa nem golos (termo lusitano) nem gois (forma artificiosa).


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

ERROS DE PORTUGUÊS MAIS COMETIDOS EM CONCURSOS:


Os 5 + 

Aprenda como evitá-los


Os 5 erros de portugus mais cometidos em concursos
Todo concurseiro sabe que o grande diferencial para passar num concurso é ter ido bem em português, de preferência, gabaritá-lo. Dominar a gramática, saber interpretar um texto, fazer uma boa redação são requisitos essenciais para se garantir em qualquer cargo público.
Ainda conheço muitos concurseiros que deixam para estudar português por último, muitas vezes a poucos dias antes da prova, e isso acontece porque as pessoas tem a mania de achar que já dominam a língua e que português "vai ser moleza", e além de pressupor que já conhece a matéria, o concurseiro pode pecar pela pressa.
É muito comum que o candidato leia os textos apenas uma vez, e parta pra resposta achando que já entendeu tudo. Língua Portuguesa é uma disciplina que demanda tempo, atenção e disposição para estudá-la.
Veja a seguir alguns os 5 erros mais frequentes que os concurseiros cometem em provas de português:
1) Interpretação de enunciados e textos
Muitas vezes o candidato tem o péssimo hábito de não ler o texto, ou de só achar que leu. A maioria não tem paciência para absorver os textos, ou fica tão preocupado com o tempo que perde a concentração na leitura.
No caso de um enunciado, marque os verbos de comando, que são aqueles que distinguem a ação esperada do candidato. Por exemplo: “justifique”, “indique”, “comente”. Também vale reler com calma o que está proposto para garantir que você compreendeu bem.
2) Uso da crase
Esse confunde muita gente, a fusão do artigo feminino a com a preposição a tem regras específicas de emprego.
Fique atento para os casos optativos em que a crase pode ou não ser usada na mesma sentença.
3) Ortografia
Deslizes de ortografia podem eliminar você de um certame. É um erro clássico, que revela se um candidato lê ou que não se preocupa com o que lê.
Cultivar o hábito de ler jornais, revistas, livros e sites ajuda a diminuir esses erros. Essa dica vale também para melhorar a redação.
4) Emprego de pronomes
Questões sobre pronomes frequentemente aparecem como “pegadinhas”. Você precisa tomar cuidado para não confundir as regras sobre colocação de pronomes oblíquos átonos, como “me”, “te”, “se”, “lhe”, o e a.
Na língua falada, frequentemente ouvimos e falamos frases como “Me entregaram uma carta” ou “Você viu ela?”, que são incorretas segundo a norma culta. Para não se confundir na hora de escrever, é bom voltar aos livros e estudar com atenção as diferenças no uso de cada pronome.
5) Onde X Aonde
Mais uma vez, a influência do português falado pode atrapalhar o concurseiro. Muita gente emprega “onde” e “aonde” indistintamente na língua oral, só que o mesmo não vale para a escrita, o que gera muitos erros em provas.
“Onde” é empregado para ideia de algo fixo, que não tem movimento, como em “Onde você mora?”. Já “Aonde” acompanha verbos que dão ideia de movimento, de mudança, como em “Aonde você foi?”. Para não fazer feio, você precisa gravar essa distinção básica.
[com informações Exame. Com]

domingo, 22 de novembro de 2015

ARTE, TALENTO ou 'RABISCAGEM'?

Da arte verdadeira à “rabiscagem”- saiba por que a arte antiga era mais bela que a moderna:



Horrendo quadro de Pablo Picasso

Gregório Vivanco Lopes
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O quadro acima intitula-se Mulher chorando.
Nenhuma mulher gostaria de ter tais feições, a menos que estivesse sendo vítima de alguma possessão diabólica.
Que moça ou senhora sentir-se-ia à vontade, olhando-se no espelho e vendo refletida essa figura? Pensaria tratar-se de uma alucinação. Ou então, que um demônio teria desfigurado sua face.
Entretanto, esse é um dos quadros mais celebrados de Pablo Picasso, pintado em 1937, quando tinha 56 anos.
Mas não pense o leitor que esse e numerosos outros quadros medonhos ou inextricáveis foram por ele produzidos por falta de talento. Não! Picasso tinha muito talento.
Sua primeira pintura [foto ao lado] data de 1895, com a idade de apenas 14 anos, e representa uma Primeira comunhão. 

Note-se a piedade da menina e o delicado de seu vestido branco, que cai com elegância.
O autor soube manifestar esplendidamente a dignidade do pai, cuja distinção varonil lhe confere características de nobreza.
O coroinha, de extração social mais popular, esmera-se em manter o altar bem composto.
Tudo é belo no quadro, inclusive o lustre e o tapete.
Tudo fala de ordem, elevação de sentimentos, piedade autêntica – numa palavra, de catolicidade.
Dois anos depois, em 1897, Picasso pintou esta obra-prima [abaixo], intitulada Ciência e caridade.
A palidez quase cadavérica da enferma denota um organismo profundamente combalido.
Seu olhar agradecido, mas quase extinto, dirige-se para a irmã de caridade que lhe oferece algum alimento líquido, enquanto sustenta no braço esquerdo uma criança, provavelmente filha da doente.
O médico segura-lhe o pulso e conta os batimentos com ar atento e preocupado.
O ambiente é muito modesto, patente no desbotado das paredes, na simplicidade da cama e do cobertor, no vestidinho da criança.
Como foi possível que um pintor, com talento tão precoce, após representar com tanta arte ambientes tão diferentes, descambasse depois para representar figuras monstruosas como a Mulher chorando?
Deixando de lado a trajetória de qualquer pintor em concreto, tocamos aqui num ponto delicado que diz respeito ao segredo da chamada “arte moderna”.
Ela parece ter sido alicerçada sobre o ódio à obra da Criação, e por isso a deforma.
Tal “arte” não é nem retratista nem procura realçar os aspectos espirituais das realidades terrenas; pelo contrário, parece empenhada em salientar o grotesco, o disforme, o hediondo, quando não o esotérico.
Tal conclusão parece impor-se quando consideramos que, ao lado de numerosos impostores que se limitam a produzir rabiscos como se fossem arte, há artistas verdadeiramente talentosos que inexplicavelmente aderem à “rabiscagem”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

ACERCA DE; CERCA DE ou HÁ CERCA DE?!? Rapidinha:

As três expressões existem na língua portuguesa e estão corretas. Porém, seus significados são diferentes e devem ser usadas em situações diferentes. A expressão ACERCA de significa a respeito de. A expressão HÁ CERCA de significa faz aproximadamente ou estão aproximadamente. A expressão  a CERCA de significa perto de. 
O BCCCV informa:


Acerca de é uma locução prepositiva com significado de: a respeito de, quanto a, relativamente a, sobre, com relação a. Uma locução prepositiva é um conjunto de duas ou mais palavras em que a última é uma preposição. Neste caso temos o advérbio acerca mais a preposição de. 

Exemplos: 
Você quer conversar acerca do que aconteceu ontem? 
Não discuto acerca de política, nem de religião. 
Acerca desse assunto, espero que você tome a decisão correta. 

Há cerca de é uma expressão com significado de: a, desde, mais ou menos, faz aproximadamente. O verbo haver indica tempo decorrido, sem definir esse tempo com exatidão, apenas de forma aproximada. Quando se refere a tempo decorrido, o verbo haver se apresenta como verbo impessoal, sem sujeito, devendo ser conjugado apenas na 3ª pessoa do singular. Pode ser substituído pelo verbo fazer: há cerca de cinco minutos/ faz cerca de cinco minutos. 

Exemplos: 
Já estou esperando há cerca de duas horas! 
Há cerca de dois anos eu fiz uma viagem pela Europa. 
Eu comprei minha casa há cerca de vinte anos. 

Atenção! 

A expressão há cerca de pode indicar também que existe uma quantidade aproximada de pessoas ou objetos em algum lugar, bem como, a utilização apenas da locução cerca de, sem o verbo haver. 

Exemplo: 
Nesta gaveta há cerca de vinte e cinco lençóis. 
[OU]
Existem aproximadamente vinte e cinco lençóis na gaveta. 
Cerca de vinte e cinco lençóis estão na gaveta. 

Há cerca de vinte alunos esperando a professora na sala de aula. 
[OU]
Estão aproximadamente vinte alunos esperando a professora na sala de aula. 
Cerca de vinte alunos estão esperando a professora na sala de aula. 

A cerca de é uma expressão composta pela preposição a e pela locução prepositiva cerca de. Significa perto de, aproximadamente, próximo de, transmitindo uma ideia de distância. Podemos eliminar a preposição a e manter apenas a locução prepositiva cerca de, permanecendo o mesmo significado. 

Exemplo: 
Estamos a cerca de cinco quilômetros do destino. 
Estamos cerca de cinco quilômetros do destino. 

Sua casa está a cerca de 20 minutos a pé do hospital. 
Sua casa está cerca de 20 minutos a pé do hospital. 

Atenção! 

Não confundir com a construção frásica a cerca de composta pelo artigo definido a, pelo substantivo feminino cerca e pela preposição de. 

Exemplos: 
A cerca de bambu do quintal está muito bonita. 
Onde está a cerca de arame farpado? 
A cerca de minha casa caiu.

A FIM - RAPIDINHA

A fim, separado, é utilizado na locução prepositiva a fim de, para indicar um propósito, um intuito ou uma finalidade, tendo significado equivalente a: para. Em contextos informais, esta locução é muito utilizada com significado de estar com vontade, desejo ou interesse em alguém ou em alguma coisa. A palavra afim menos utilizada pelos falantes, se refere a coisas que são semelhantes, possuindo afinidade e ligação. Significa também pessoas que são parentes por afinidade ou partidárias. 
Assim, a fim e afim existem na língua portuguesa e estão corretas. Porém, seus significados são diferentes e devemos diferenciar as situações em que utilizamos uma ou outra. 

A locução prepositiva a fim de é formada pela preposição a, mais o substantivo comum masculino fim, mais a preposição de. Uma locução prepositiva é um conjunto de duas ou mais palavras em que a última é uma preposição. Esta locução exprime intenção ou finalidade, sendo sinônima de: para, com a intenção de, com o propósito de.
Exemplos:
  • A aluna estudou muito a fim de tirar boa nota na prova.
  • Você está contando essa história a fim de me comover, mas não vai conseguir.
  • Neste momento eu estou a fim de ficar sozinha.
  • Pedro está a fim de Laura.
Nota: Em algumas situações, a preposição de pode estar subentendida, sendo necessário analisar o contexto em que a frase ocorre.
  • Neste momento, não estou a fim! (de alguma coisa, de fazer algo,…)
  • Acho que você não está muito a fim… (de ver algo, de falar sobre algo,…)
A palavra afim tem sua origem na palavra em latim affinis e pode ser um adjetivo ou um substantivo. Sendo um adjetivo, é sinônimo de semelhante, parecido, similar, análogo, conforme, próximo, vizinho, … Sendo um substantivo, é sinônimo de parente por afinidade, aparentado, adepto, aderente, aliado, entre outras. É maioritariamente utilizado no plural: afins.
Exemplos:
  • O espanhol é uma língua afim com o português.
  • Nesta fase das nossas vidas, não temos objetivos afins.
  • Para meu aniversário, convidarei parentes e afins.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

EM FIM ou ENFIM?

As duas hipóteses existem na língua portuguesa e estão corretas. Seus significados são diferentes e podemos diferenciar situações em que devemos utilizar uma ou outra. A palavra enfim é um advérbio de tempo e significa, principalmente, finalmente e por fim. Refere-se também à conclusão de um pensamento, sendo sinônima de em conclusão, por último, em suma, em síntese. A sequência de palavras separadas em fim transmite a noção de que se está no fim de alguma coisa, sendo sinônima de no final, no termo, no término.




O advérbio de tempo enfim é formado através da junção da preposição em com o substantivo masculino fim: em + fim.



Exemplos:

  • Enfim estamos juntos! (Finalmente)
  • Após tanto trabalho poderemos, enfim, descansar. (Por fim)
  • Enfim, realizaremos as tarefas de acordo com o combinado. (Em conclusão)


Em fim é uma sequência de palavras separadas, formada pela preposição em e pelo substantivo comum masculino fim. Assume valor de uma locução adverbial de tempo.



Exemplos:

  • Aquele paciente se encontra em fim de vida. (No final)
  • O diretor do hospital já está em fim de carreira. (No término)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

SITE, SAITE ou SÍTIO?!?

Em março de 2000, quando começamos a divulgar pela internet a coluna Não Tropece na Língua, lançamos uma pergunta aos nossos leitores sobre o emprego das palavras site, sítio ou saite. Das opiniões que nos chegaram, aproveitamos algumas para dar início, em 2001, ao Fórum do Língua Brasil, espaço para manifestação pública que deixou de fazer parte do nosso trabalho um tempo depois.


Ao decidir escrever “saites idiomáticos” num trabalho acadêmico que elaborei em 2004, resolvi compartilhar com todos os leitores da coluna minha opinião sobre o assunto, trazendo também para discussão algumas declarações disponibilizadas no Fórum.

“Uma das questões mais polêmicas da atualidade refere-se ao uso, na forma original ou transliterada, de algumas expressões originalmente inglesas. Nota-se especialmente aquelas de uso em informática. Uma pergunta bem geral: qual o procedimento que devemos tomar: usar o vocábulo original estrangeiro ou o opcional em português, ainda que sujeitos a gozações? Uma pergunta específica: sugere-se usar (como alternativa para site) saite ou sítio?” Fernando 

“No meu entender, o termo mais apropriado seria ‘site’, que parece ser o mundialmente mais usado.” Joaquim

“Parabéns pelo sítio, site, saite de vocês. Minha opinião é que não há como evitar a globalização, inclusive da língua. E proibir isso denota um falso patriotismo, e demagogia que não traz vantagem nenhuma. Assim, sugiro o uso do termo inglês site, já que depois de tanto tempo de uso e costume dessa palavra, qualquer pessoa minimamente instruída saberia o significado, sem ser preciso recorrer a um dicionário.” Regina

A preferência nacional é pela palavra inglesa “site”, não há dúvida, que deveria ser grafada em itálico. No entanto, o grifo é pouquíssimo usado; o que habitualmente se vê é site em redondo, da mesma forma como se registram outras palavras estrangeiras já incorporadas à nossa língua: show, marketing, know-how, check-up etc.

“Dizer que há um procedimento específico é perigoso. Dicionários aportuguesaram check-up (checape), mas a forma em inglês é largamente usada. Ainda não vi alguém dizer ‘lista de verificação’ para checklist, ou escrever chequelist. Mas football transformou-se em futebol. Depois futebol society virou futebol soçaite. Porém, drive de disquete, apesar de alguns afirmarem que há correspondente em português (acionador de disquete), continua sendo chamado de drive.
Gosto pessoal: eu sou simpático à iniciativa de um SITE de língua portuguesa empregar Sítio. Saite me parece estranho e site é o que eu vou continuar usando.” Patrick 

“O Aurélio já nos traz a forma aportuguesada [site] e a população em geral está se acostumando com ela. É a melhor forma, sem dúvida!” Vitor  

Vamos deixar claro: escrever site é usar o inglês. A palavra aportuguesada (isto é, escrita de acordo com as normas ortográficas do português) é saite


[Maria Tereza de Queiroz Piacentini]