segunda-feira, 29 de setembro de 2014

VERSO, PROSA, POESIA E POEMA: Definições e comparação entre eles na Língua Prtuguesa.




A poesia brasileira tem suas raízes na literatura portuguesa. Muito da sensibilidade artística brasileira é fruto da influência que os portugueses exerceram na formação cultural do país. Entretanto, qual seria a diferença entre poema, poesia, prosa e verso? Vejamos:

Poesia

É a linguagem subjetiva, um aspecto imaterial, com emoção com um constante ritmo melódico, indefinível e belo como o mundo interior do poeta. Seu objetivo é o de produzir emoção a linguagem poética, sob o aspecto auditivo e melódico se caracteriza pelo ritmo, bem mais acentuado que na prosa e pela eventual utilização da rima. Na poesia ocorre a expressão do mundo interior do poeta, construída numa linguagem altamente conotativa, escrita na maioria das vezes em versos.  Esses textos de teor poético podem apresentar-se também sob forma de prosa.

Verso

É a reunião de sílabas poéticas. Forma uma linha de poema obedecendo a determinadas regras de harmonia e ritmo. Podem ser classificados de acordo com o número de sílabas, como o decassílabo (10 sílabas), redondilho maior (sete sílabas) ou redondilho menor (5 sílabas), entre outros.  Mas podem ser livres, ou seja, sem nenhuma preocupação com a contagem de sílabas poéticas.

Poema

Uma composição literária com característica literária poéticas, no qual pode ser construído de vários temas. É demonstrada em forma de versos. Possui um aspecto concreto, visível, o qual se destaca da maneira como se dispõe numa página. Os versos possuem ritmo, podendo ou não ter rimas, de acordo com o período literário da obra. A maneira em que os versos se arranjarem num poema farão a diferença entre um poema e uma prosa.
Exemplo de um poema de Carlos Drummond de Andrade, em que o autor retrata seus sentimentos, sua própria alma a começar pelo próprio título:
Poesia
“Gastei uma hora pensando um verso
Que a pena não quer escrever.
No entanto, ele está cá dentro
Inquieto e vivo.
Ele está cá dentro
E não quer sair,
Mas a poesia deste momento
Inunda minha vida inteira”
Existem três tipos de poemas:
Poema Lírico: O autor expressa sua visão pessoal ante ao mundo em que vive. Nele anuncia o que vê, ouve, sente e pensa. Alguns possuem musicalidade, ritmo e rima marcantes semelhantes a alguns tipos de música. Exemplo: Baladas, hinos, idílios, odes e sonetos.
Poema Narrativo: Nele conta-se uma história extensa, com ambientes, personagens, episódios. Um exemplo maravilhoso de poema narrativo da língua portuguesa é os Lusíadas de Luís de Camões. Incluem as baladas, fábulas e epopéias.
Poema Dramático: Muito parecido com o poema narrativo, difere-se apenas porque esta história é narrada em forma de falas, diálogos dos personagens. Algumas peças de teatros escritas em versos podem ser consideradas como poesias dramáticas.

Prosa

Um texto que apresenta uma análise um comentário, uma narração ou uma descrição basicamente criada em linguagem denotativa. É uma forma escrita contínua. A prosa em seu sentido literário deve ser entendida em confronto com o conceito de poesia. A prosa designa um texto onde o autor se preocupa em criar uma representação por meio de personagens do mundo interior, interagindo num determinado espaço e durante certo tempo. À prosa literária dá-se o nome de prosa narrativa ou prosa de ficção, que se realiza no romance, na novela e no conto. Um exemplo: Os diversos contos de Ligia Fagundes Telles.

POEMA E POESIA - Qual a diferença?

Poesia não é a mesma coisa que Poema, mas a Poesia está presente no Poema. Explicando melhor:
O dicionário Aurélio diz que:
  • Poesia – “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados.”
  • Poema – “Obra em verso ou não, em que há poesia.”
A poesia usa diversos recursos para expressar a linguagem de modo
especial, diferente do normal, provocando diversos efeitos de sentido 
em quem recebe a mensagem. É responsável por dar vida e sentimentos 
às palavras contidas em determinada obra. É o sabor, imagens, emoções.
Esses vários recursos também incluem os recursos sonoros (ritmo, rima, aliteração etc.) e o uso da linguagem para sugerir imagens (metáforas, personificações etc.), entre outros.
Portanto, se o poema não tiver nenhum desses recursos citados acima 
ele não poderá ser chamado de poema.
qual a diferença entre poesia e poema

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

PERSONAGEM: um ou uma?

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:

Personagem é um substantivo comum de dois? Diz-se um e uma personagem? 
F. G., Belo Horizonte/MG

Sim. Já que se trata de substantivo de dois gêneros, podemos dizer um/o personagem ou uma/a personagem, indiferentemente, seja a referência a homem ou mulher.




CONCORDÂNCIA: SUBSTANTIVO E NUMERAIS

Como é certo falar?
-Fica Vossa Senhoria convocado para a 1ª e 2ª Sessão Extraordinária
ou: para a 1ª e 2ª Sessões Extraordinárias? 
[Adriana Maria Fermino da Costa, Brotas/SP]


Quando se trata da concordância de um substantivo com dois numerais – cardinais ou ordinais – há três opções corretas:

1) a 1ª e 2ª Sessão Extraordinária [subst. no sing. e só o primeiro artigo]

2) a 1ª e 2ª Sessões Extraordinárias [subst. no plural, um só artigo]

3) a 1ª e a 2ª Sessão Extraordinária [subst. no sing. com repetição do artigo]

Não se costuma colocar o substantivo no plural quando se repete o artigo definido (mais a preposição, quando for o caso) no segundo elemento, como no exemplo 3. Dito de outro modo: normalmente só se repete o artigo quando o substantivo determinado está no singular; portanto, repetindo-se o artigo não há necessidade do plural. De qualquer maneira, deve sempre prevalecer a eufonia, aquilo que soa bem.

Outro ponto: ainda que se opte pelo substantivo no plural, o artigo permanece no singular, a concordar com o numeral singular. Vejamos uma frase para exemplificar: em vez de “as 5ª e 6ª Câmaras são competentes” diga-se “a 5ª e 6ª Câmaras são competentes”. Então: o artigo fica sempre no singular.

Mais exemplos com as variáveis de uso:

1) Peço parar no 1º e 2º andar.

2) Peço parar no 1° e 2° andares.

3) Peço parar no 1º e no 2º andar.

1) Dirigiu-se à quarta e quinta série.

2) Dirigiu-se à quarta e quinta séries.

3) Dirigiu-se à quarta e à quinta série.

Observemos que uma frase como “dirigiu-se às quartas e (às) quintas séries” tem outro significado: quer dizer que existem várias séries de quarta e várias de quinta. Também é interessante notar que quando não há a determinação dos substantivos (com a/o, da/do, à), temos duas e não três opções, sendo melhor e mais recomendável a alternativa com o singular:

Foram publicadas decisões de juízes de 1° e 2° grau.

Foram publicadas decisões de juízes de 1° e 2° graus.

Sua tese analisa o ensino de 1ª a 4ª série no planalto catarinense.

Sua tese analisa o ensino de 1ª a 4ª séries no planalto catarinense.

Quando o substantivo precede os numerais é de praxe colocá-lo no plural:

Leia pelo menos os capítulos 1 e 2.

Reformulamos os artigos 9º e 10 do projeto de lei.

O elevador parou nos andares 3º e 4º.

--- Sempre fico em dúvida quanto ao caso de citações como: Estou enviando os ofícios números (nºs) 21 e 23 ou os ofícios nº 21 e 23. Nair Hygina F. R. Pinto, São Paulo/SP

Trata-se da mesma questão de concordância nominal, só que agora antes dos dois numerais você tem também o substantivo número/nº, o qual pode ir ou não para o plural:

Estou enviando os ofícios nºs 21 e 23.

Estou enviando os ofícios nº 21 e 23.

Nessa segunda forma – melhor – fica subentendida a repetição do substantivo: os ofícios nº 21 e [nº] 23.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

OS PORQUÊS - uso correto em nosso País/Brasil:

Uso dos porquês em nosso País/Brasil:

1) Usa-se POR QUE (preposição + pronome relativo) em perguntas diretas e indiretas; observe-se o acento circunflexo no “que” antes do ponto de interrogação:

Você pode nos dizer por que não devemos tirar proveito da boa pontuação?

Por que as mulheres ocupam tão poucos cargos políticos?

Brizola não aceitou o cargo por quê?

Por que quando se fala em inclusão social feminina se fala também em acesso ao mundo digital?

Nós, sim, temos o dever de perguntar por que não lhes deram opção de vida.

2) Usa-se POR QUE em frases afirmativas/negativas, como complemento (objeto direto) de verbos como mostrar, justificar, saber, explicar, entender e outros:

Ninguém explica por que os preços não caem.

Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, encantou plateias e mostrou por que provoca calafrios nos burocratas de Washington.

Não entendo por que os eletricitários vão entrar em greve.

Este mês a revista Motor revela por que vale a pena comprar um carro 1.6.

Gostaria de saber por que seu filho faltou à aula ontem.

3) Usa-se POR QUE como complemento das expressões EIS, DAÍ, NÃO HÁ:

Eis por que resolvemos fazer a paralisação.

Não pude me preparar, daí por que desisti do concurso.

Não há por que temer mudanças. Esse Brasil já tem regras”, disse o presidente da Valisère.

Nesses três casos está sempre implícita a palavra motivo:

Por que (motivo) as mulheres ocupam tão poucos cargos políticos?

Não entendo por que (motivo) os eletricitários entrarão em greve.

Gostaria de saber por que (motivo) seu filho faltou à aula.

Eis por que (motivo) resolvemos fazer a paralisação.




4) Usa-se PORQUE para iniciar orações explicativas e causais; em tais afirmações e respostas temos uma conjunção, que equivale a POIS (já que, uma vez que, pelo fato de que, como):

É preciso alfabetizar as pessoas digitalmente junto com a superação do analfabetismo básico, porque não dá tempo de fazer uma coisa antes da outra.

Hoje, a comunidade se assenta em torno do desmatamento porque essa é a única oportunidade de emprego e de renda.

Muitas crianças simplesmente não conseguem aprender porque estão subnutridas.

A agenda social é a praia das mulheres, porque são elas que têm filhos e cuidam da família.

Nos casos em que se aplica a regra do item 4 pode-se colocar uma vírgula antes do “porque”, a indicar o início de uma oração. Já no tocante aos itens 1, 2 e 3 a colocação da vírgula é totalmente imprópria, para não dizer impossível.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Autoestima ou auto-estima:

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:
forma correta de escrita da palavra é autoestima.
A palavra auto-estima passou a estar errada desde
a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, em
janeiro de 2009. Devemos utilizar o substantivo
feminino autoestima sempre que quisermos referir o
ato de uma pessoa se valorizar, sendo confiante
e orgulhosa das suas qualidades, características e
forma de ser.
Exemplos:
Nada abala a autoestima daquela garota.

Sua fraca autoestima não permite que você 
dê sua opinião com segurança.

Autoestima é uma palavra formada a partir de
derivação prefixal, ou seja, é acrescentado um
prefixo a uma palavra já existente, alterando o
sentido da mesma. Neste caso temos o prefixo
auto- mais o substantivo estima: auto- + estima.
Auto é um prefixo com origem na palavra grega
'autós' e significa si mesmo, si próprio.
Autoestima é sinônimo de amor-próprio, honra,
honradez, orgulho, dignidade, entre outros.
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, o hífen é
utilizado quando o prefixo termina com a mesma
letra que começa a segunda palavra ou quando
a segunda palavra começa com h. 

Exemplos: auto-observação, auto-higiene.

Em todas as outras situações, o prefixo é escrito 
junto à palavra já existente.

Exemplos
autoestima, autoconhecimento, autoavaliação,
autoajuda, autoimagem, autoescola.


Salienta-se que nas formações em que o prefixo
termina em vogal e a segunda palavra começa
com as consoantes r ou s, estas consoantes 
deverão ser duplicadas.

Exemplos: autorretrato, autorreflexão, 
autossuficiência, autossugestão.
BCCCV informa:

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

GERUNDISMO E ENDORREIA



 “Qual o macete para descobrir o gerundismo e não entrar nesse horror?

Se o gerundismo é fenômeno linguístico relativamente recente no Brasil, não o é a endorreia – “é assim que os puristas chamam ao abuso do gerúndio e ao seu uso pouco vernáculo”, informa Rodrigues Lapa, em Estilística da Língua Portuguesa(1959:177). Esse nome um tanto esdrúxulo provém da formação do gerúndio nos verbos da segunda conjugação [vendo, tendo, vendendo etc.] e chama a atenção para um excesso de gerúndio no português brasileiro que chega a soar mal aos falantes do português europeu. Lá se diz, por exemplo, "estão a fazer renda" em vez de "estão fazendo".

Dizem que a endorreia é francesismo. Já o gerundismo é atribuído à influência do idioma inglês no Brasil. Seria uma tradução malfeita de “I am going to do something” (literalmente: Estou indo fazer algo), ou então a tradução ao pé da letra de um futuro muito usado pelos americanos: “We will be sending you the catalog soon”, que se traduziria literalmente por “Nós estaremos lhe enviando o catálogo em breve”. Em português temos a opção de dizer “Nós lhe enviaremos” ou “Nós vamos lhe enviar o catálogo”, sem necessidade da fórmula *Nós vamos estar lhe enviando.

Esta construção abusiva do gerúndio é muito utilizada nos serviços de atendimento ao cliente por telefone e telemarketing, e nesse caso pode se explicar por uma tradução apressada dos manuais que vêm do exterior. Mas ela se repete em inúmeras outras circunstâncias porque de fato entrou no gosto do brasileiro – veja-se a endorreia tão nossa!

De qualquer modo, há que se distinguir o bom do mau emprego gerundial. “O problema consiste em saber se de fato o uso do gerúndio traz vantagem estilística sobre os outros processos” (ibidem, p. 178). Vale dizer que ele é muito apropriado nos casos em que se necessita transmitir a ideia de movimento, de progressãoduraçãocontinuidade.

É correto, então, nestes exemplos (reais):

1) Em virtude do atraso, estaremos recebendo o pagamento em conta corrente nos dias 27 e 28.

2) – Podemos nos encontrar no fim de semana?
– Infelizmente não, pois vou estar viajando. [ou: estarei viajando]

3) Em outros artigos ela estará dando maior atenção a cada um desses temas.

4) Ela deve estar fazendo as tarefas de casa agora.

É abusivo – gerundismo – nos seguintes casos:

5) Vou aproveitar o 13º para estar pagando tudo. [devemos trocar por: para pagar]

6) Concomitantemente, temos que estar discutindo e reconstruindo um currículo escolar que venha a ser um instrumento de formação integral. [temos que discutir e reconstruir]

7) Estes temas devem servir para estarmos aprofundando as discussões. [para aprofundarmos]

8) Nossos atendentes vão estar efetuando a cobrança somente em maio. [vão efetuar = efetuarão]

Evita-se o gerundismo ao fazer a troca da locução verbal IR + ESTAR + gerúndio por IR + infinitivo. Em vez de vou estar mandando, diga vou mandar ou mandarei.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

COM HÍFEN E SEM HÍFEN



- Bom dia, Boa tarde e Boa noite – no sentido de cumprimento, têm hífen? Rosilda, Brasília/DF

Não. Quando você simplesmente cumprimenta alguém, escreve sem hífen:

Bom dia, meu pai.

Boa tarde a todos.

Boa noite!

Usa-se o hífen quando se forma com os dois vocábulos um só, ou seja, um substantivo masculino (até mesmo boa-tarde é subst. masc.) significando “um cumprimento” e que geralmente vem precedido pelo artigo indefinido:

Gostaria de desejar-lhes um bom-dia antes de me retirar.

Deu-nos um boa-noite com muito carinho.

Abraçou-me com um grande sorriso de boa-tarde.

Devo esclarecer que os dicionários só mostram a composição bom-dia, é claro, porque aí se forma um substantivo. Eles não registram frases ou expressões como BOM DIA! BOA VIAGEM! BOM ALMOÇO!  Ou: a bela moça, lindo dia, feliz aniversário... No caso, tanto o Aurélio quanto o Houaiss trazem apenas exemplos deste tipo: Deu-me um bom-dia afetuoso; cumprimentou-o com um bom-dia caloroso.

Em suma: é preciso saber interpretar o que dizem os dicionários, observar a classe gramatical das palavras que se está buscando: se é adjetivo, substantivo, advérbio etc.

 [Maria Tereza de Queiroz Piacentini]