quarta-feira, 29 de agosto de 2018

HAJA VISTA; FECHO DE CARTA; ENDEREÇAMENTO:

Em atenção a pedido de Adalberto Tostes (Rio Pardo/RS), vejamos o emprego de haja vista. Esta expressão significa: atente-se para, haja atenção para, tenha-se em consideração, veja [o leitor] tal coisa ou pessoa, tenha [o leitor] em vista o que se passa a exemplificar.

Segundo a tradição literária, vista fica invariável, não importa que a palavra seguinte – o objeto direto, no caso – esteja no masculino ou no plural:

... haja vista a dieta prescrita.
... haja vista o art. 93 do Código Civil.
... haja vista as obras que já publicou.
... haja vista os ingredientes recomendados.
O BCCCV esclarece:


Também se encontram exemplos na literatura de flexão do verbo haver – ele pode ir para o plural, continuando invariável a palavra “vista”:

... hajam vista os acontecimentos da África.
... hajam vista as seguintes frases em francês.

Haja vista não é expressão jornalística. Quando se encontra em algum texto popular, pode estar lá como “haja visto”: visto no lugar de vista, porém, é uso malvisto pelos puristas.

FECHO DE CARTA

O leitor Beryl E. Taves, do Rio de Janeiro, solicita matéria sobre o uso do ponto ou da vírgula após o Atenciosamente em fechos de carta, “já que existe controvérsia sobre a questão”.

O que existe são variações de uso, isso sim. O que está dito na coluna Não tropece na Língua 232 a respeito do uso de vírgula ou não após o vocativo de cartas comerciais e ofícios vale também para o fecho. Quando o expediente termina numa palavra só, como Atenciosamente, Cordialmente, Respeitosamente, Grato, Saudações, o usual tem sido colocar uma vírgula, mas há pelo menos duas décadas começou uma simplificação no sentido de deixar esse tipo de fecho sem pontuação alguma, pois isso significa menos toques, menos tinta de impressão, menos poluição visual. Portanto estão ambos corretos:

Atenciosamente,                  Atenciosamente

O ponto final é usado quando se faz a despedida por meio de uma frase toda, acabe ela com a palavra atenciosamente ou não. Exemplos:

Agradecendo sua atenção, subscrevo-me cordialmente.
[cuidado para não deixar "atenção" junto com "atenciosamente"]
Ao agradecer a hospitalidade, coloco-me à sua disposição.
Na expectativa de sua resposta, despeço-me atenciosamente.
Contamos com sua colaboração, ao tempo em que agradecemos a atenção dispensada.

ENDEREÇAMENTO

E a professora Ivanilda “gostaria de saber se ao endereçar uma correspondência (no rodapé) ainda se faz necessário colocar: MD., Ilmo., DD. etc.”

Não é mais preciso, não. O Manual de Redação da Presidência da República (1991), que atualiza, uniformiza e simplifica as normas de redação de atos e comunicações oficiais, aboliu o uso do tratamento digníssimo (DD.) a todas as autoridades, ficando também “dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares” – neste caso é suficiente o tratamento Senhor. No endereçamento basta: Ao Senhor ou À Senhora.

Contudo, há uma exceção para as “excelências”: a elas ainda se destina o Excelentíssimo Senhor / Exmo. Sr.  (V. modelos em Não Tropece na Língua 22). Quanto à colocação no rodapé, não há absoluto rigor nisso. O usual – e mais estético até – é fazer o endereçamento em cima e à esquerda.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

ONDE e AONDE:

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:

EMPREGO CORRETO DOS DOIS VOCÁBULOS:

1) ONDE = lugar em que / em que (lugar). Indica permanência, o lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Complementa verbos que exprimem estado ou permanência e que normalmente pedem a preposição em:

Onde estás? – Em casa.

Você sabe onde fica o Sudão? – Na África.

Onde moram os sem-terra?

Não entendo onde ele estava com a cabeça quando falou isso.

De onde você está falando?

Não sei onde me apresentar nem a quem me dirigir.

2) AONDE = a que lugar. É a combinação da preposição + onde. Indica movimento para algum lugar. Dá ideia de aproximação. É usado com os verbos ir, chegar, retornar e outros que pedem a preposição a:

A mulher do século 21 sabe muito bem aonde quer chegar.

Não sei aonde ou a quem me dirijo.

Aonde nos levará tamanha discussão?

Faz três dias que saiu do Incor, aonde deverá retornar brevemente para uma revisão.

Estavam à deriva, sem saber aonde ir.

Aonde você vai todo dia às 9 horas? – Brusque.

Sabes aonde eles foram? – Ao cinema.

Há lugares no universo aonde não se vai só.
 
É preciso atentar para a colocação desses termos quando complementam uma locução verbal com o verbo auxiliar ir, que pode confundir o redator. O que interessa observar é o verbo que tem ligação com onde/aonde, qual seja, o verbo principal (o que vem por último na locução). É o caso desta frase, retirada da revista Istoé:

Na terça-feira, antes de viajar para Madri, onde foi receber o prêmio “Príncipe de Astúrias”, o presidente Fernando Henrique Cardoso estava preocupado com a retomada da onda de violência nos Estados.

Aí o pronome relativo onde está ligado a receber e não a foi, mero auxiliar, tanto é que no mesmo lugar se poderia dizer "onde recebeu".

De Brasília, Flatônio J. da Silva propõe a mesma discussão. E acrescenta uma frase que merece comentário à parte: Nossos produtos vão até onde (ou aonde?) você está.

Como se pode usar até a ou simplesmente até – até o/ao lugar em que –, valem as duas formas:

(1) Nossos produtos vão até onde você quiser.

(2) Nossos produtos vão até aonde você quiser.

Só que, nesse caso, tão importante quanto escrever correto é escrever com estilo. Voto portanto na frase 1. 

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

DIREITOS HUMANOS: Evolução

DICA PARA REDAÇÃO:
Por conta disso, os Direitos Humanos são os únicos que se aplicam absolutamente a todos, em qualquer lugar, isto é, aplicam-se aos idosos, aos pobres, aos rappers, aos professores, aos africanos, aos brasileiros, aos judeus, aos ateus, ao seu vizinho e a você.

Todos têm exatamente os mesmos Direitos Humanos. Em outras palavras, eles são universais. Mas, a pergunta continua: o que eles são?
De acordo com as Nações Unidas, existem no total 30 artigos que os definem, todos contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que representa o documento mais aceito no mundo sobre esse assunto.
Contudo, no início dos tempos, não haviam Direitos Humanos. Basicamente, a lógica funcionava dessa forma: Se você estivesse do lado certo, estaria seguro, se não estivesse, não estaria.
Então, um homem, “Ciro - O Grande” decidiu mudar esse método de raciocínio. Depois de conquistar a Babilônia, Ciro fez algo completamente revolucionário, anunciou que todos os escravos eram livres. Ele, da mesma forma, proclamou que as pessoas tinham o direito de escolher livremente suas religiões, não importando o grupo a qual pertenciam.
Dessa forma, registraram suas palavras em um tablete de barro, denominado como “Cilindro de Ciro”, indicando o início da germinação da semente dos Direitos Humanos.
Após um longo período histórico marcado por inúmeras tragédias e disputas territoriais, em 1945, diversos países se uniram e formaram as Nações Unidas.
Seu propósito básico era:
“Reafirmar a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e valor da pessoa humana.”
Em razão disso e sob a supervisão de Eleanor Roosevelt, finalmente as nações unidas concordaram e aprovaram um conjunto de direitos que se aplicam, absolutamente, a todos, qual seja: A Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Por fim, resta evidente que esse aglomerado de direitos não se submete ao grau de instrução do indivíduo, ao país de origem, à cor da pele, ou seja, eles não se submetem a nada, eles dizem respeito a toda humanidade.
Fonte: Conteúdo Legal.
[Jusbrasil]

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

AFIM ou A FIM?

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS: 
AFIM ou A FIM? Saiba a diferença lendo com atenção as regras de colocação das duas opções. Confira:
O BCCCV esclarece:

  • AFIM

Esta palavra pode ser um adjetivo ou um substantivo.
COMO ADJETIVO, É VARIÁVEL, PODENDO ESTAR NO PLURAL: AFINS. SEU SIGNIFICADO É SEMELHANTE, PARECIDO, SIMILAR, ANÁLOGO, PRÓXIMO.
Exemplos: Concordamos, portanto, temos opiniões afins.
Os filhos estudam em escolas diferentes, por isso optou por localidade afins.
Temos cores de cabelo iguais, logo, nossas características são afins.
COMO SUBSTANTIVO, CARACTERIZA PESSOAS QUE SÃO PARENTES POR AFINIDADE OU PARTIDARISMO. SIGNIFICA AFINIDADE, SER ADEPTO, ALIADO. TAMBÉM VARIA (AFINS) E É SUBSTANTIVO MASCULINO.
Exemplos:
Será uma festa pequena, porém irei, sim, convidar funcionários e afins para o coquetel.
Irei enviar o e-mail para meus colegas de trabalho e afins.
Além disso, comprarei doces, frutas e afins.
  • A FIM

Esta é uma locução prepositiva que denota “finalidade”, podendo ser substituída por expressões como paracom o propósito de ou com o intuito de.
Exemplos:
A fim de modificar esta realidade, é necessário que o governo invista em educação.
Foi à festa, a fim de demonstrar que havia perdoado a amiga.
A fim de esclarecer o ocorrido, ligou para o pai.
OBSERVAÇÃO: HÁ, AINDA, O USO PARA DIZER QUE SE ESTÁ “COM VONTADE” DE ALGO OU “COM INTERESSE” EM ALGUÉM, POR EXEMPLO. NESSES CASOS, USA-SE A FORMA SEPARADA, “A FIM DE”.
Exemplos: Ele me disse ontem que, afinal, está a fim de você.
Ontem eu queria brigadeiro. Hoje, porém, estou a fim de tomar sorvete.
Além disso, estou a fim de tomar um banho antes de ir me deitar.

Fonte: Imaginie.

PREPOSIÇÕES:

A PRINCÍPIO, EM PRINCÍPIO, POR PRINCÍPIO: 
Três diferentes preposições com a mesma palavra e sentidos também diferentes quanto ao uso! Confira:
O BCCCV esclarece:

  • A PRINCÍPIO

Com a preposição “a”, a expressão assume valor de “no início”, “primeiramente”, “inicialmente”, “no primeiro momento” ou “antes de mais nada”. Exemplos:
Além disso, a princípio ninguém percebeu que ela estava acordada.
Não ficou claro, a princípio, que eles viriam para o jantar.
A princípio quero deixar claro que a festa foi ótima
  • EM PRINCÍPIO

Com a preposição “em”, a expressão assume valor de “em tese”, “teoricamente”, “de modo geral”. Exemplos:
Em princípio, até que se prove o contrário, são todos inocentes.
Devo concordar, afinal, em princípio, você está certo.
Todos temos, em princípio, direitos como a liberdade de expressão.
  • POR PRINCÍPIO

Já com a preposição “por”, a expressão assume valor de “convicção”, “lema”, “concepção”. Exemplos:
Por princípios, meu voto é contra a decisão.
Não irei me envolver, pois, por princípio, prefiro não opinar.
Por princípio, ela saiu do Conselho.

Fonte: Imaginie

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

FUI EU que FIZ?; FUI EU quem FIZ?; FUI EU quem FEZ?


Qual será o correto, dizer “Fui eu que fiz”, “Fui eu quem fiz” ou “Fui eu quem fez”?
Para entendermos melhor cada uma das orações, vamos analisá-las separadamente:
O BCCCV esclarece:


Fui eu que fiz – Nesta oração o verbo “fiz” tem como sujeito o pronome relativo “que”. Logo, não há como o verbo fazer concordância com seu sujeito, uma vez que este é um pronome. Então, o verbo é remetido ao antecedente do pronome relativo “que” para que haja concordância em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª). Qual é o antecedente do “que” nesta oração? “Eu”. Logo, a concordância “eu fiz” está correta, bem como a oração “Fui eu que fiz.”. O verbo “fiz” concorda com “eu”, antecedente do pronome “que”. Da mesma forma será nestes exemplos:

a) Foi ele que te lembrou de pegar a carteira!
b) Fui eu que ajudei você a estudar!
c) Somos nós que temos que pedir perdão!

Fique atento: Foi eu que fiz está errado, pois não se fala “foi eu” e sim “fui eu”. O certo seria “Foi ele que fez.”, o verbo “foi” concordando com “ele” em pessoa e número.


Fui eu quem fiz – Não está errado, pois responde a pergunta: Quem fez isso? Fui eu. Observe que o verbo “fiz” concorda com o sujeito anterior “eu”. Essa construção é comum, pois a tendência é que o falante concorde o verbo com o antecedente do pronome relativo “quem”, assim como acontece quando é o outro pronome relativo “que”. As seguintes orações são exemplos:

a) Somos nós quem convidamos você.
b) Sou eu quem estou com fome.
c) Fui eu quem li este livro.

Fui eu quem fez – No caso do sujeito ser o pronome relativo “quem”, o verbo fará concordância em terceira pessoa, já que trata-se de um pronome de terceira pessoa. Dessa forma, a frase “Fui eu quem fez” está correta, assim como as seguintes sentenças:

a) Somos nós quem convidou você.
b) Sou eu quem está com fome.
c) Fui eu quem leu este livro.


Fonte: Equipe Brasil Escola

TER DE ou TER QUE?

As expressões “ter que” e “ter de” são muito debatidas e não há uma posição única entre os estudiosos, ou seja, uma única resposta. Uns acreditam que tanto faz, outros de que há diferenciação entre as construções.
O BCCCV esclarece:



Façamos algumas reflexões:

O termo “que” exerce, dentre outras, a função de pronome relativo, ou seja, estabelece relação entre as orações ou com algo que foi dito anteriormente, retoma informações ditas. Exemplo:

Minha mãe tem muitas coisas que fazer. (quem tem “que fazer” algo? Minha mãe. O “que” retoma toda frase anterior: “Minha mãe tem muitas coisas para fazer".

Então, todas as vezes que houver a necessidade de retomar um antecedente, use “que” e não “de”.

Logo, em frases que não há necessidade de retomar algo, ou seja, não há um antecedente, use “de”. Exemplos:


Tenho de pagar meu amigo.
Os alunos tiveram de fazer a prova em menos tempo.

Para ficar menos complicado, alguns adotam os significados aproximados das expressões “tenho que” e “tenho de”. Veja:

Ter de – expressa uma ideia de obrigatoriedade, de necessidade, de dever.
Tenho de estudar para a prova amanhã. (Tenho necessidade em estudar)

Ter que – expressa uma ideia de “algo para”, “coisas para”.
Ele tem muito que estudar. (Ele tem muitas matérias para estudar).


NOTE BEM: Também, para evitar a repetição de “quês” em redação, analise o que pode ser trocado por “de” ou pelo (a) qual, a (o) qual.


Fonte: Equipe Brasil Escola

ORTOGRAFIA:

VISTOS ETC.   –   PONTUAÇÃO ET CETERA

Advogados e juízes estão sempre às voltas com o termo ETC. Um deles assim se manifesta: “Em sentença judicial, substituiu-se a expressão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decido por Vistos etc. Aí temos encontrado as mais variadas pontuações.” E arrola seis, querendo saber qual é a certa.
O BCCCV esclarece:



Posso afirmar que há dois modos corretos: Vistos etc. Vistos, etc.


1ª observação: A vírgula antes do etc. é facultativa. O moderno é não usá-la, pois além de contribuir para a não poluição do texto, a vírgula ali não tem muita lógica, já que "et cetera"  (do latim et coetera), aportuguesado "etcétera" em Celso Luft, quer dizer "e outras coisas, e os outros (de uma dada sequência); e assim por diante". Contudo, o Formulário Ortográfico de 1943 emprega a pontuação antes de etc. Usa  mesmo o ponto e vírgula quando fecha uma enumeração separada por esse sinal gráfico. Por exemplo: “A letra H (...) se conserva no princípio de várias palavras e no fim de algumas interjeições: haver, hélice, hidrogênio, hóstia, humildadehã!, hem?, puh!; etc.


2ª observação: O ponto depois de etc. é abreviativo. Quando o ponto abreviativo coincide com o ponto-final, basta umponto (isso vale também para outras abreviações). Do mesmo modo, não há por que usar três ou quatro pontinhos: etc... etc.... Reticências depois de etc. só para marcar uma ironia, o que é caso raro.


Exemplos de uso e pontuação:


Visitou todos os Estados (Rio, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Goiás, etc.). 

Visitamos o Rio, São Paulo, Minas, Santa Catarina etc.

Os ministérios da Fazenda, do Planejamento, da Saúde, de Minas e Energia, da Educação etc. foram contemplados com recursos extras no fim do ano.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sábado, 4 de agosto de 2018

ACENTUAÇÃO: Proparoxítonas

Se há um aspecto da língua que diz respeito a todas as categorias de escribas é sem dúvida a acentuação. Ortografia é fundamental, é o complemento de um bom texto. Acentuar corretamente é importante em qualquer situação. Mesmo nas mensagens eletrônicas a que se quer atribuir algum valor. Como nem todas as pessoas escrevem em computador ou dispõem de um bom corretor ortográfico, vamos relembrar, numa série de artigos, as regras e a razão dos acentos gráficos em português.

O BCCCV esclarece:

A acentuação gráfica serve para informar a leitura correta das palavras. Alguns acentos indicam a intensidade e outros informam se a pronúncia é aberta ou fechada. Devemos nos lembrar que a língua portuguesa é predominantemente paroxítona: caneta, escrevo, amamos, dizem, jovens, claro, clareza, varia, horas, saia, banana, carinho... e por aí seguem milhares de palavras com pronúncia forte (tonicidade) na penúltima sílaba.  Há também aquelas – em menor número – cujo acento tônico recai naturalmente na última sílaba: são as palavras terminadas em  i, u, r, l, ão, ã, como ali, caju, valor, papel, falarão, maçã. O acento gráfico, portanto, marca a exceção.


Assim, devem ser acentuadas todas as palavras cujo acento tônico (intensidade de pronúncia) recaia sobre a antepenúltima sílaba. São as proparoxítonas, que constituem sensível minoria em português, como pêssego, lâmpada, fenômeno, límpido, ácido, tíquete, revólveres, êxito, estereótipo, rubéola, fac-símile, debênture. A importância do acento – agudo ou circunflexo – para informar a pronúncia correta pode ser vista nos pares de exemplos abaixo:


Meu pai sempre pacifica seus netos. / Sua família é pacífica e ordeira.

Ela critica seu modo de cozinhar. / Ela é uma pessoa muito crítica.

Não publico meus discursos agora, mas no futuro o farei. / Não frequento parque público.

Sempre me exercito de manhã cedo. / O menino tem um exército de brinquedo.

Pratica bastante, que aprenderás logo. / A prática é diferente da teoria.

Espero que o cantor interprete minhas favoritas./ O embaixador solicitou um intérprete.

Será que você não duvida de nada? / Qual é a sua dúvida agora?

Não habito no paraíso dos meus sonhos. / O hábito não faz o monge.

O trânsito vitima milhares de pessoas por ano no Brasil. / A população é a vítima.

Peço que analises estas amostras de sangue. / As análises serão feitas no laboratório X.

Já nem calculo quanto tempo perdi. / Fez o cálculo da areia necessária para a construção.

Eu mesma digito meus artigos. / O dígito verificador foi calculado de maneira errada.

A bandeira tremula ao gosto do vento. / Fez a assinatura com mão trêmula.

Jamais trafego à margem da rodovia. / Evito os percursos de tráfego mais pesado.

Todo verão a loja liquida seus estoques. / Prefiro medicação líquida a comprimidos.


Imagine ler o termo grifado à direita como se não tivesse acento. Que diferença! Devemos lembrar ainda que os verbos não fogem à regra. Muitos deles, quando estão na primeira pessoa do plural, precisam ser acentuados por serem proparoxítonos: “Era maravilhoso quando saíamos juntos, como se fôssemos parar no tempo... Não dispúnhamos de dinheiro mas não perdíamos o bom humor. Levávamos a vida cantando, como se quiséssemos mostrar a todos quanto éramos felizes.”


Da mesma forma devem levar acento os nomes próprios proparoxítonos: Amábile, Ânderson, Ângela, Angélica, Émerson, Éverton, Eurídice, Jéferson, Orígenes, Róbinson, Rosângela, etc.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini