quinta-feira, 6 de outubro de 2016

MAIÚSCULAS:

Fulano, sicrano, beltrano 

Existem três designações informais para pessoas que não se quer ou não se pode nomear: fulano, sicrano e beltrano. Não há necessidade de iniciar cada palavra com maiúscula. Aliás, o Acordo Ortográfico 2009 recomenda o uso da inicial minúscula nesses casos. Para uma referência isolada, só o primeiro termo é utilizado, às vezes acompanhado da expressão “de tal”, que estaria no lugar do sobrenome: 


 
Não vi o fulano que veio trazer a encomenda.
 
Disse o primo que ele está namorando fulana de tal.   
 
Para dois indivíduos indeterminados usa-se fulano e sicrano. Neste último, também a variante com l é usada: siclano, dada a analogia com fulano (cria-se uma rima): 
 
Tentaram subornar fulano e siclano
 
Há controvérsia em relação à ordem em que devem ser ditos os três nomes: “fulano, sicrano e beltrano”, no entendimento de Celso Luft; “fulano, beltrano e sicrano”, de acordo com outros.
 
Quanto à origem das palavras, registra-se que:
 
Fulano vem do árabe “fulān”, que significa “certo (indivíduo)”, isto é, uma certa pessoa, um determinado indivíduo, alguém. Variantes: fulão e fuão, forma sincopada e adaptada de “fulan(o)”. No português arcaico se encontra a grafia foão.
 
Beltrano veio provavelmente do nome próprio Beltrão, com o final modificado para rimar com fulano. Segundo o filólogo João Ribeiro, trata-se de nome usado nos romances de cavalaria como pessoa indefinida.
 
Sicrano tem origem bastante vaga. Nos dicionários de etimologia se encontram várias hipóteses: pode ser que venha do latim “securu” (seguro), numa mistura final com fulano e beltrano; ou pode ter ocorrido o desfiguramento de algum nome próprio; ou mesmo pode ter sido criado por analogia às formas usadas em espanhol, zutano e citano, originárias do latim “scitu” (sabido, conhecido).
 

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

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