sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SEGUIR(-SE), VENCER(-SE), REQUERER





*- O verbo seguir, no sentido de vir a seguir, na sequência do texto, é reflexivo?
 E o verbo vencer, no sentido de chegar o dia de pagamento: é reflexivo?
 Celso L. B. Fernandes, São Paulo/SP

Antes de tudo, gostaria de aproveitar para explicar que todos esses verbos que
aparecem acompanhados de um pronome oblíquo átono [me, te se, nos, vos]
se chamam verbos pronominais. Existem alguns essencialmente pronominais,
que não se usam sem o pronome, como queixar-se, arrepender-se, apiedar-se,
indignar-se, suicidar-se, orgulhar-se, apoderar-se, atrever-se etc. O “se”,
nesses casos, não tem nenhuma função sintática.

Há verbos transitivos diretos que são eventualmente pronominais, usados com
os referidos pronomes átonos ou clíticos para indicar

- reflexibilidade (o sujeito pratica e recebe a ação verbal):

                    A velhinha se penteia com a mão esquerda.

                    Na briga entre as gangues, Pierre e Pedro se machucaram bastante.

                    Tu te esquentas à toa, rapaz!

                    Eles gostam de se mostrar, de se exibir...

- reciprocidade (um ao outro, mutuamente):

                    Cleusa e Carlos se estimam e se tratam como irmãos.

                    No Natal e Ano-Novo nós nos cumprimentamos por e-mail.

O verbo SEGUIR no sentido de "vir na sequência, vir depois, continuar, prosseguir,
suceder" pode ser intransitivo (usado sem pronome) ou pronominal:
"as informações que seguem" ou "as informações que se seguem".
É também intransitivo com o significado de “estar próximo”. Exemplos:

Na foto, segue o autógrafo do cantor.

Seguem com este minhas recomendações para sua família.

Não se preocupe: o cheque seguirá junto.

Leia atentamente as instruções que seguem (abaixo).

O verbo VENCER não é pronominal quando usado no sentido de expirar, terminar
– ao menos no Brasil de hoje e conforme estatística de corpus linguístico realizada
recentemente, a qual não detectou construções do tipo “a fatura se vencerá”, mas
sim “a fatura vencerá”, em que vencer é verbo intransitivo:

O prazo vence na segunda quinzena de agosto.

As promissórias estão vencendo hoje.

Os títulos venciam no banco e eles nem aí...

Devo acrescentar que alguns dicionários, contudo, registram a possibilidade de
se empregar o verbo vencer pronominalmente em tal acepção: “o prazo se vence
no dia 10”. Esta não seria portanto uma forma incorreta, mas sim desusada.

--- Quanto a requerer que o juiz arbitre os honorários, eu me expresso da forma
a seguir mencionada, mas não tenho certeza se está correto: requeiro o arbitramento
dos honorários advocatícios. V.L.B., Sorocaba/SP

Está correto, porque o verbo requerer não se conjuga pelo verbo querer, embora
haja algumas formas semelhantes. Assim, dizemos: eu quero, ele quer, nós queremos;
mas eu requeiro, ele requer, nós requeremos. Veja também a diferença no passado
(pretérito perfeito): eu quis, ele quis, quisemos, quiseram; mas eu requeri,
ele requereu, nós requeremos, eles requereram.

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