ADREDE, A PAR OU AO PAR, CHAMPANHE ou CHAMPANHA, ISLAMITA
A palavra adrede significa “de propósito, para esse fim, intencionalmente, de caso pensado” e, sendo advérbio, não carece da terminação “-mente” que às vezes erroneamente lhe dão (p.ex. *ideia adredemente concebida). Em geral se usa o termo junto de um particípio:
O #BCCCV esclarece:
Tratou de implementar uma ideia adrede concebida com o intuito de desfalcar o patrimônio alheio.
A primeira autoridade baixou a regulamentação para o preenchimento das vagas, enquanto a segunda ficou encarregada de sua execução material, inclusive com responsabilidades adrede definidas.
Falar ou escrever “adredemente” é o mesmo que dizer “de repentemente”, como já ouvi. Está no mesmo nível do linguajar divertidíssimo de Odorico Paraguaçu, personagem da novela O Bem-Amado, que abusava dos “entretantos” e “finalmentes”.
> A par, ao par
Não precisam me dar conhecimento dos fatos, já estou a par de tudo.
A par, além de “ciente, ao corrente de”, quer dizer “lado a lado, junto, ao mesmo tempo”, igual a: de par em par; (a) par e par; de par:
Inspiração e suor caminham a par.
Os feixes de trigo foram colocados a par.
Ao par é expressão usada coloquialmente como sinônimo de a par, mas de preferência deve ser reservada para significar, na área financeiro-comercial, que estão em equivalência a cotação de um título de crédito e o seu valor nominal:
Com o novo pacote econômico o câmbio ficou ao par.
> Champanhe
Como nem todos podem brindar com o autêntico champanhe – feito na região de Champagne, no norte da França –, o jeito é investir em produtos mais democráticos: na Espanha festeja-se com cavas, na Itália com prossecos e no Brasil com os espumantes, que são os melhores vinhos produzidos em nosso país.
Por se tratar de um tipo de vinho, é natural que se considere masculina a palavra champanhe ou champanha: “Gostamos deste (vinho) champanhe”. Então, por que ela é tão usada no feminino? Por que aí se pressupõe um antecedente feminino: “Vamos estourar uma (garrafa de) champanhe”. Dicionários mais recentes já registram a dupla possibilidade de uso.
O mesmo acontece com alface: sabe-se que o substantivo é feminino (a alface estava deliciosa), mas se pode usar o masculino quando se trata do pé: “Comprei um (pé de) alface a vinte centavos”.
> Muçulmano, maometano, islamita
Os pais de numerosos recém-nascidos muçulmanos da região colocaram em seus filhos o nome do inimigo público nº 1 dos EUA.
Os maometanos, naquela hora, trocaram suas atividades pela devoção.
A província de Yala, no sul da Tailândia, tem grande número de islamitas.
Os três termos podem ser usados alternativamente para designar os devotos e seguidores de Maomé (570-632), profeta de Alá que fundou o maometismo, religião cujos ensinamentos estão contidos no Alcorão. A origem dos nomes é que é diversa: maometano se origina de “Maomé”; muçulmano vem do árabe muslim e tem o sentido de “submetido a Deus, fiel à religião”; islamita se reporta a “islã”, nome que se dá ao mundo muçulmano, ao conjunto dos povos que professam o islamismo, que é outra denominação da religião maometana.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini
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