PALAVRAS COMPOSTAS COM VERBOS - ALTERADAS PELO ACORDO ORTOGRÁFICO/2009:
CONTROVÉRSIAS:
Em relação ao acento agudo em “para”, que caiu, temos: para-brisa, para-choque, para-chuva, para-lama, para-raios, para-sol. Todas com hífen, à exceção de paraquedas (e sua derivada paraquedismo), sob o argumento que não se usa o hífen em palavras compostas que, de alguma forma, perderam a noção de composição. Não se teria perdido também essa noção (de que a origem é o verbo parar com o sentido de aparar, proteger) nas palavras anteriores?
Veja-se ainda que o figurão ou líder passou a ser designado por substantivo sem hífen: mandachuva, quando antes o hífen era facultativo: também se podia escrever manda-chuva.
Por isso é discutível a manutenção do hífen em vaga-lume e pica-pau, que extraoficialmente se escrevia picapau (O sítio do picapau amarelo); e vagalume já teve registro oficial, como variante, no Pequeno Vocabulário da Língua Portuguesa de 1999. Creio tratar-se do mesmo fenômeno de perda da noção de verbo do primeiro elemento que se vê em mandachuva e girassol. A incoerência se evidencia na grafia das palavras vagalumear, vagamundear e vagamundo. Por que não vaga-mundo? Ou, melhor, por que não vagalume?
Toda língua muda com o tempo. Se tentarmos ler a carta de Pero Vaz de Caminha provavelmente vamos ter dificuldade em entender o texto. Mesmo os escritores de língua portuguesa do século XIX, como José de Alencar, Machado de Assis e Eça de Queirós, causam certa estranheza para as novas gerações. Ainda que edições atuais tragam a ortografia vigente – e não “pae e mãi” [pai e mãe], por exemplo –, os jovens às vezes não curtem essas obras clássicas por não entenderem muitas palavras ou não harmonizarem seu gosto moderno e solto a uma sintaxe mais formal e tensa.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini
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