Em resposta a uma agressão, a ostra oferece a mais bela das lágrimas:
A PéRoLa.
- Cleópatra, durante um banquete, triturou uma pérola e a engoliu com vinho para impressionar o imperador Marco Antônio. A estilista Coco Chanel sempre preferiu as pérolas, ostentando-as em todas as ocasiões, até mesmo quando montava a cavalo. No cinema, elas encantaram divas como Marlene Dietrich, Theda Bara, Gloria Swanson, Audrey Hepburn, Grace Kelly e Marilyn Monroe. Na forma de batom, o brilho acetinado da gema preciosa foi parar nos lábios de atrizes como Brigitte Bardot e Jane Mansfield.
- Essas e muitas outras informações estão no livro A Pérola - História, Cultura e Mercado (Editora Senac, 184 páginas) , da jornalista Dinah Bueno Pezzolo. Depois de convidada para representar o Brasil no júri internacional do concurso de pérolas Tahitian Pearl Trophy, em 2000; visitar fazendas de perlicultores (cultivadores de pérolas) no Taiti, acompanhar o processo de inseminação, visitar revendedores, ir a leilões e assistir à cerimônia de devolução das pérolas ao mar, a autora decidiu mergulhar fundo no assunto e dividir com os leitores o que aprendeu. " A pérola sempre me fascinou. Enquanto outras gemas brilham, cintilam, aparecem, a pérola ilumina com suavidade, enfeita sobriamente, destaca-se pela nobreza", escreve Pezzolo na introdução do livro.
- O poder de sedução dessa joia, de acordo com a autora, não está apenas na sua beleza rara e discreta. " O surgimento de uma pérola, misterioso nos primórdios da civilização, fazia parte dos milagres incompreensíveis. Sua formação continha certa magia". E tanto é verdade que, na mitologia grega, ela foi relacionada ao nascimento de Vênus, também chamada de Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Na China antiga, acreditava-se que somente a luz do luar tinha o poder de fazê-la crescer. E um dos princípios budistas ensina que "a pérola rola é a transformação do sofrimento em joia". Como informa Pezzolo, o interesse pelas pérolas teve início "não pelo valor material que pudessem ter, mas por motivos espirituais e por seus supostos poderes. A crença mais comum era de que garantiam vitalidade a quem as possuísse".
- Representação da pureza para alguns, comparada a "lágrimas divinas" por outros essa joia também simbolizou nobreza e status, e foi usada ostensivamente por imperadores ("o Código de Justiniano, promulgado no ano de 529 d.C., determinava que as pérolas, assim como as safiras e as esmeraldas, fossem reservadas exclusivamente ao imperador e sua família".
- A Igreja Católica e Ortodoxa Russa foram as que mais utilizaram a gema para demonstrar poder e luxo, adornando diversos objetos e vestimentas usados em cerimônias religiosas. "Durante séculos, os maiores tesouros da joalheria pertenciam às igrejas", conta Pezzolo, que também trabalhou como editora de moda do Suplemento Feminino do jornal O Estado de S. Paulo durante 33 anos.
- Entretanto, se seduz pela beleza e pelo mistério, a pérola também encanta por seu suposto poder curativo. Chineses e indianos foram os primeiros a empregar seu pó com fins terapêuticos. Uma gema natural contém 95% de cálcio, vestígios de materiais orgânicos e sais minerais.
- Ainda hoje, esse pó é vendido no Japão e na China como fonte de cálcio - para manter a vitalidade e a longevidade. Uma poção, chamada aqua perlata, feita com pérolas dissolvidas em vinagre ou suco de limão, é considerada verdadeiro elixir da juventude pela tradicional medicina asiática. Deve ser por isso que o nácar das pérolas está na composição de cremes e outros produtos cosméticos que prometem retardar o envelhecimento da pele.
(Fonte: Reprodução do livro A Pérola - História, Cultura e Mercado de Dinah Bueno Pezzolo, Editora Senac).
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