As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “Passagem do ano”, empregou a palavra alerta da forma clássica, isto é, deixando-a invariável. Embora se refira a “sentidos”, alerta não está no plural.
Por outro lado, vemos manchetes nos jornais: Hospitais alertas, Ressurge febre amarela – comunidades alertas. Está errado fazer essa concordância? Não, de acordo com padrões mais modernos de linguagem. Houve uma evolução no emprego desse termo e alguns dicionários registram tal fato.
Na sua origem italiana, alerta é interjeição (Alerta!) que passa a ser também advérbio em português (além de substantivo, o que não está em discussão). Portanto, como todo advérbio, é palavra invariável, ou seja, não tem singular nem plural, nem flexiona no feminino. Assim consta nos dicionários de Cândido Figueiredo (1949), Antenor Nascentes e Francisco Fernandes, e nas gramáticas de Evanildo Bechara e Luiz Antonio Sacconi. Estes autores não mencionam alerta como adjetivo e exemplificam: Estejamos alerta / São pessoas alerta.
Já o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), o Dicionário Aurélio, Laudelino Freire (1954), Napoleão Mendes de Almeida e outros registram as duas possibilidades: advérbio (em atitude de vigilância, de sobreaviso; atentamente) e adjetivo (atento, vigilante), quando então acompanha o substantivo em número: homens alertas, hospitais alertas. Havendo, pois, controvérsia, a matéria não deve de modo nenhum fazer parte de concursos e provas. Seu uso é pessoal e a escolha depende muitas vezes do contexto.
Uma boa opção pode ser o uso da locução em alerta: hospitais em alerta / os presídios estão em alerta depois dos ataques / as pessoas ficaram em alerta.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentin
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