Para preservar a água,
o replantio de mudas
é uma solução eficaz
desde o século 19, no
Rio de Janeiro. Diante
da crise hídrica da época,
o imperador Pedro II
ordenou desapropriações
na Floresta da Tijuca,
onde hoje é Parque Nacional da Tijuca, devastado por plantações de café, e iniciou
um amplo reflorestamento. A estratégia propiciou a recuperação natural da mata,
que sofria com erosão e estava degradada, segundo a chefe do Laboratório de
Geohidroecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Luíza
Coelho Netto.
“Naquela época, o solo e as rochas não conseguiam armazenar tanta água, porque
sem as florestas, a água acaba escoando na superfície do terreno, não entra no solo
[vai para o mar]. Então, o nível de água subterrânea caiu muito, como nos dias de
hoje”, lembrou a pesquisadora sobre a situação na floresta. Na época, a Corte e as
comunidades em torno da Tijuca eram abastecidas por essas águas.
Com as medidas do imperador, acrescentou, sem a pressão da ocupação
urbana, a área se recuperou e hoje é um dos maiores parques urbanos do
país, com opções de trilhas e visitas a cachoeiras. De acordo com Ana Luíza,
embora a Floresta da Tijuca não tenha condições de abastecer toda a
população carioca, de mais de 6 milhões de habitantes, cumpre um
papel importante no clima e na recarga dos lençóis freáticos. “A floresta
ajuda a água da chuva a se infiltrar [no solo] e lança no ar. Ela bebe
20% da água da chuva e o resto devolve por meio das raízes.”
Diante de uma das maiores estiagens no estado, que baixou o nível dos
reservatórios, a professora diz que a criação de corredores ecológicos –
que facilitam o deslocamento de animais, a dispersão de sementes
e aumento da cobertura vegetal – são fundamentais para a sustenta-
bilidade das matas. Ela defende, ainda, a execução de projetos
de reflorestamento comunitário, que podem empregar moradores de
áreas em talude – plano de terreno inclinado que tem como função dar
estabilidade a um aterro.
Para evitar a crise de desabastecimento, a Prefeitura do Rio de
Janeiro criou um grupo de trabalho. O prefeito Eduardo Paes
não descarta medidas para economia de água e energia.
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