Groppo define
‘juventude’ como categoria social, situação social e como representação
sociocultural cunhada pelos próprios indivíduos ou grupos considerados ‘jovens’
para dar significado ao comportamento e atitudes atribuídos à ‘juventude’. Foi
a partir dos anos 50 que surgiu o conceito de ‘cultura juvenil’ para designar o
universo comportamental próprio da juventude, mas o conceito se desenvolveu nos
anos 60 em decorrência das manifestações juvenis da época, ganhando novas
proporções com a ideia de conflito geracional provocado pelas mudanças sociais
e culturais em curso na década.
Para
Pais, entende-se por cultura juvenil um sistema de valores atribuídos à juventude,
aos quais jovens de diferentes meios e condições sociais aderem, se
diferenciando de acordo com a classe social e histórias de vida. Assim,
diferentes juventudes e formas de interpretá-las podem ser agrupadas em duas
correntes teóricas. A corrente geracional destaca o aspecto unitário da
juventude, entendendo-a como uma ‘fase da vida’. Aqui, cultura juvenil se define
pela relativa oposição à cultura das gerações anteriores. Em consequência,
tende-se a atribuir à delinquência juvenil o desajustamento dos jovens ao
comportamento preconizado pelos mais velhos já que a cada geração se
identificam correntes de jovens que aceitam o que existe socialmente
(tradições, instituições etc.) e os que se rebelam.
A
corrente classista interpreta a juventude a partir da reprodução social
entendida em termos da reprodução das classes, sendo a transição para a vida
adulta determinada pelas desigualdades sociais. Aqui, as culturas juvenis são
apresentadas como ‘culturas de resistência’, isto é, negociadas num contexto
determinado pelas relações de classe. Para Pais, em ambas correntes, o conceito
de cultura juvenil está associado ao de ‘cultura dominante’, pois uma se
caracteriza pela oposição à cultura dominante das gerações mais velhas e outra
pela resistência à cultura da classe dominante. Assim, nas duas correntes, cultura
juvenil se caracteriza como subcultura e como procedimento de internalização de
normas nos processos de socialização. Logo, a análise sociológica deve
transitar entre as duas correntes (e seus diversos autores) de modo a abarcar
os seus diversos aspectos - não excludentes - no sentido de captar a
complexidade do fenômeno genericamente denominado ‘juventude’.
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