terça-feira, 4 de novembro de 2014

JUVENTUDE - e sua sociologia:






              Groppo define ‘juventude’ como categoria social, situação social e como representação sociocultural cunhada pelos próprios indivíduos ou grupos considerados ‘jovens’ para dar significado ao comportamento e atitudes atribuídos à ‘juventude’. Foi a partir dos anos 50 que surgiu o conceito de ‘cultura juvenil’ para designar o universo comportamental próprio da juventude, mas o conceito se desenvolveu nos anos 60 em decorrência das manifestações juvenis da época, ganhando novas proporções com a ideia de conflito geracional provocado pelas mudanças sociais e culturais em curso na década.
                    Para Pais, entende-se por cultura juvenil um sistema de valores atribuídos à juventude, aos quais jovens de diferentes meios e condições sociais aderem, se diferenciando de acordo com a classe social e histórias de vida. Assim, diferentes juventudes e formas de interpretá-las podem ser agrupadas em duas correntes teóricas. A corrente geracional destaca o aspecto unitário da juventude, entendendo-a como uma ‘fase da vida’. Aqui, cultura juvenil se define pela relativa oposição à cultura das gerações anteriores. Em consequência, tende-se a atribuir à delinquência juvenil o desajustamento dos jovens ao comportamento preconizado pelos mais velhos já que a cada geração se identificam correntes de jovens que aceitam o que existe socialmente (tradições, instituições etc.) e os que se rebelam.

                 A corrente classista interpreta a juventude a partir da reprodução social entendida em termos da reprodução das classes, sendo a transição para a vida adulta determinada pelas desigualdades sociais. Aqui, as culturas juvenis são apresentadas como ‘culturas de resistência’, isto é, negociadas num contexto determinado pelas relações de classe. Para Pais, em ambas correntes, o conceito de cultura juvenil está associado ao de ‘cultura dominante’, pois uma se caracteriza pela oposição à cultura dominante das gerações mais velhas e outra pela resistência à cultura da classe dominante. Assim, nas duas correntes, cultura juvenil se caracteriza como subcultura e como procedimento de internalização de normas nos processos de socialização. Logo, a análise sociológica deve transitar entre as duas correntes (e seus diversos autores) de modo a abarcar os seus diversos aspectos - não excludentes - no sentido de captar a complexidade do fenômeno genericamente denominado ‘juventude’. 

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