Desde 2002, quando o Brasil se sagrou pentacampeão, temos a preocupação
com o próximo campeonato mundial de futebol: seremos hexa?
Em decorrência disso, surgiu o questionamento sobre a pronúncia deste termo,
visto que há divergências entre os dicionaristas. Bom, se divergem é porque
existem duas práticas correntes – isso é fato incontestável.
Dicionários mais antigos se pautam pela pronúncia original do grego e
informam que o correto é falar como se houvesse o fonema /k/ ali no meio,
que o Aurélio registra como /cs/. O Houaiss, mais recente, diz que a letra X
deve ser pronunciada como /z/ simplesmente.
O que de fato ocorreu foi uma simplificação do som original, um certo comodismo
de nossa parte, que nos levou a falar he/z/agonal, he/z/ágono, he/z/asperma, por
exemplo, em vez de he/kz/agonal, he/kz/ágono e he/kz/asperma.
Só que ao nos depararmos com a palavra reduzida – hexa – voltamos à pronúncia
original (he/ks/a), até porque a opção com /z/ soaria falso e quase incompreensível.
Imaginemos como seria engraçado alguém responder “ÉZA” a um repórter que lhe
perguntasse: “Na próxima Copa o Brasil poderá ser o quê?” – “Hexa!”
Enfim: imagino que o povo todo vai falar estas três palavras como sugere o dic. Aurélio,
com o som de k+s: hexa, hexacampeão, hexacampeonato. Nas demais – sempre palavras
eruditas, como hexagrama, hexaciclo, hexaedro – só o tempo dirá qual pronúncia vai se firmar:
por ora, valem as duas. Aliás, não é monopólio do português essa ocorrência de dupla
pronúncia dentro de um mesmo país. Nos Estados Unidos, para dar um exemplo, em relação
a often e route tanto se pode ouvir /ófen/ quanto /óften/ ou /raut/ e /rut/.
E há também as palavras cuja pronúncia muda com o tempo. Lembro-me que nos anos 70,
quando a acerola foi trazida das Antilhas para o Brasil, era fechado o som do o /acerôla/,
como no espanhol. À medida que a frutinha foi sendo popularizada, ela passou a ser chamada
de /aceróla/, pela nossa tendência a pronunciar o ó aberto.
Por oportuno, repito aqui : Muitas palavras que hoje pronunciamos de um jeito foram
pronunciadas de outro modo séculos e anos atrás.
Basta ver o caso de senhora, que já foi “senhôra” no Brasil.
BCCCV INFORMA:
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