--- Bom dia, Boa tarde e Boa noite – no sentido de cumprimento, têm hífen? Rosilda, Brasília/DF
Não. Quando você simplesmente cumprimenta alguém, escreve sem hífen:
Bom dia, meu pai.
Boa tarde a todos.
Boa noite!
Usa-se o hífen quando se forma com os dois vocábulos um só, ou seja, um substantivo masculino (até mesmo boa-tarde é subst. masc.) significando “um cumprimento” e que geralmente vem precedido pelo artigo indefinido:
Gostaria de desejar-lhes um bom-dia antes de me retirar.
Deu-nos um boa-noite com muito carinho.
Abraçou-me com um grande sorriso de boa-tarde.
Devo esclarecer que os dicionários só mostram a composição bom-dia, é claro, porque aí se forma um substantivo. Eles não registram frases ou expressões como BOM DIA! BOA VIAGEM! BOM ALMOÇO! Ou: a bela moça, lindo dia, feliz aniversário... No caso, tanto o Aurélio quanto o Houaiss trazem apenas exemplos deste tipo: Deu-me um bom-dia afetuoso; cumprimentou-o com um bom-dia caloroso.
Em suma: é preciso saber interpretar o que dizem os dicionários, observar a classe gramatical das palavras que se está buscando: se é adjetivo, substantivo, advérbio etc.
--- Por gentileza, há hífen em disque-denúncia? E como fica risco-país, risco-Brasil? Leva hífen mesmo? C. H. B., Vitória/ES
Há hífen quando se trata de um substantivo composto, o que é o caso, pois se trata de duas palavras com um significado único: (o) disque-denúncia. Também se hifenizam os neologismos risco-país e risco-Brasil pelas mesmas razões de “unidade semântica”. O hífen aí substitui a preposição que deve ligar dois substantivos (na língua portuguesa eles não ficam soltos lado a lado), ou seja: risco do país, risco do Brasil.
--- Qual é o plural de público-alvo? Por exemplo: Em relação aos novos programas lançados, temos que levar em consideração os públicos-alvo a que se destinam. Está certo assim? A. B., Rio de Janeiro/RJ
Está correto, sim, dizer públicos-alvo, assim como se pode pluralizar os dois termos: públicos-alvos. Trata-se do mesmo caso de situações-problema, horas-aula, vales-transporte, palavras-chave, atividades-fim, por exemplo, que também podem receber o plural nos dois elementos da composição: situações-problemas, horas-aulas, vales-transportes, palavras-chaves, atividades-fins.
A regra geral de formação do plural de um substantivo composto por substantivo + substantivo é flexionar os dois elementos: couves-flores, decretos-leis, diretores-presidentes, Estados-membros, matérias-primas, obras-primas, democratas-cristãos, cirurgiões-dentistas, médicos-legistas, diretores-proprietários, tios-avós.
Contudo, quando o segundo substantivo limita a significação do primeiro, é possível (e até mais usual) pluralizar apenas o primeiro substantivo, como se entre as duas palavras houvesse uma preposição no lugar do hífen (ex. fichas-controle = fichas para controle; horas-aula = horas de aula) ou “que serve de” (cartas-convite = cartas que servem de convite). Essa possibilidade se aplica apenas aos substantivos compostos que encerram uma ideia de finalidade, semelhança, forma, relação, tipo ou espécie. Mais exemplos: vales-refeição, mulheres-bomba, escolas-modelo, células-tronco, laranjas-pêra, caminhões-tanque, pontos-base, tanques-rede, situações-chave, datas-limite, zonas-núcleo.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini
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