E, USOS ESTEREOTIPADOS :
Diante da frase "Se a opinião é desprezível, a gramática não o é", o leitor J. F. Filho, de Joinville/SC, pergunta se o “o grifado é facultativo, obrigatório ou foi equivocadamente incluído”.
O BCCCV esclarece:
Não foi equívoco, não. Eu o utilizei para exprimir que "a gramática não é desprezível" mas sem ter de repetir o adjetivo "desprezível". Trata-se de um pronome demonstrativo, equivalendo a isso (isto/aquilo). Ele é obrigatório na língua culta padrão, porém dispensável na fala, no linguajar coloquial. Sua utilidade é evitar a repetição do adjetivo e, em outras ocasiões, de um substantivo ou do sentido geral de uma frase. Seguem exemplos em que assinalo os termos a que o pronome "o" se refere:
Eles são tão pobres de espírito quanto o são de inteligência.
Não foi apenas a pesquisadora que se mostrou surpreendida. Os próprios entrevistados também o estavam.
Era conhecido – e ainda o é – em todos os círculos sociais do Rio de Janeiro.
O valor de uma desilusão, sabia-o ela.
Não cuides que era sincero, era-o.
“Ser feliz é o que importa / Não importa como o ser!”
USOS ESTEREOTIPADOS DO PRONOME DEMONSTRATIVO:
Além disso - Estamos sem água. Além disso, a luz foi cortada.
Desta forma (ou dessa forma/maneira, deste/desse modo) - Não pude consultá-la com antecedência. Desta forma, peço que me desculpe.
Isto é [= quer dizer] - Disse que não se dão bem, isto é, se detestam.
Isto posto - A realização de um curso de inglês na empresa é importante pelos seguintes motivos: 1) ----- 2)------ etc. Isto posto, solicitamos que V. Exa. aprove nosso projeto.
Nem por isso - Ela não me deu bom-dia, nem por isso vou deixar de cumprimentá-la.
Nisto [então, em tal momento] - Pensei largar tudo e ir dormir cedo. Nisto, bateram à porta.
Por isso - Estou exausto; por isso, quero silêncio.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini
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