quarta-feira, 25 de abril de 2018

EDUCAÇÃO 4.0: O QUE É?

#BCCCV informa:


Muita se fala das mudanças que estão ocorrendo em diversas áreas da sociedade. E a educação é uma delas. É que ela começa a ter que responder as necessidades da “Indústria 4.0”, também chamada quarta revolução industrial, onde a linguagem computacional, a Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial, os robôs e muitas outras tecnologias se somam para dinamizar os processos nos mais diversos segmentos da Indústria – e da vida da sociedade de uma forma geral.
Os educadores precisam ficar atentos a alguns pontos, como:
A conectividade global e facilidade de acesso ao conhecimento;
As máquinas inteligentes, automações e sistemas robotizados;
As novas mídias e Big Data;
A implacável velocidade da inovação;
A exigência constante de desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos.

Mas como a Educação 4.0 vai mudar o modo como aprendemos? Conforme dados de pesquisas recente, o futuro da Educação – também chamada de Educação 4.0 – baseia-se no conceito de Learning by doing, ou seja aprender fazendo. Esse conceito traz a ideia de que todos nós – principalmente quem está na escola hoje – vamos aprender coisas diferentes e de maneiras diferentes, por meio de experiências, projetos, testes e muita ‘’mão na massa’’.
Para preparar o aluno que está na sala de aula hoje para o amanhã, o relatório apresentado pelo The New Work Order recomenda que se dê mais ênfase nas habilidades digitais e ao empreendedorismo na escola. Outros elementos que devem ser estimulados desde os primeiros anos escolares levantados pelo relatório foram: saber lidar com pessoas de forma colaborativa; desenvolvimento de competências sócio-emocionais criativas; participação em projetos interdisciplinares, que utilizam conhecimentos de diversas disciplinas para um objetivo comum e uso da empatia com inteligência.
E você, o que tem feito de diferente na sala de aula? Conte-nos!
Fonte: Varejão do Estudante.

USO ADJETIVO ou ADVÉRBIO?

INDEPENDENTE ou independentemente ?

O #BCCCV esclarece:


Discussão que já deu panos pra manga: pode-se empregar independente como se fosse independentemente? Da mesma forma, é possível usar breve por brevementeParalelo por paralelamente? Primeiro, é preciso ver como falamos todos os dias:

Saiu rápido.

A senhora pode levar o pano que dá folgado.

Caminhou tão lento...

Falou bonito.

A mais cara tecnologia antienchente foi utilizada pela Teka, que resolveu investir pesado contra as intempéries. 

Breve estarei aí com vocês.

Os motoristas que estacionarem em qualquer Zona Azul sem cartão serão multados direto.


As palavras grifadas são adjetivos que estão sendo usados como advérbios de modo (modificando verbos). Isso é normal em português. Na nota nº 28 da Réplica, o então senador Rui Barbosa já defendia o uso de “independente” – que o gramático Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro, em 1902, lhe havia aconselhado substituir por “independentemente” na redação do Projeto do Código Civil – “porquanto é muito da nossa língua evitar os largos advérbios em mente, substituindo-os pelos adjetivos adverbialmente empregados”. E Rui dá exemplos extraídos de “Obras” de Filinto Elysio: “Fácil se vê. Comeu fino, bebeu largoDireito se encaminha. Brando o atalha. Sem pranto um avarento raro acaba. Folgado dançariam nelas quatrocentas pessoas” e também do clássico “Nova Floresta” do Pe. Bernardes: “procedia mais discreto, portando-se impertinente, pouco nacional procede, quis portar-se fiel”.


É preciso aceitar que há frequentes casos, remanescentes do latim popular e do próprio latim clássico, em que o adjetivo – e não o advérbio – é utilizado para exprimir o modo, como por exemplo: não fale alto; pagou caro; vendeu barato; ande direito; a esperança que corre tão ligeiro. Observe-se ainda que, quando é usado adverbialmente, o adjetivo fica sempre no gênero neutro, ou seja, no masculino. Sendo puramente adjetivo, aí, é claro, ele flexiona: saias caras, indivíduos altos, mão direita etc. Desta forma, cabe-nos a escolha entre um e outro modo de expressão nos seguintes casos:


Ela olhou diretamente/ direto para mim. 

Independentemente/ independente de qualquer oferta, pedirei demissão. 

A lição foi boa – aprendi fácil/ facilmente.

Desceu solene/ solenemente a rampa do Palácio.

Marina falou pausado/ pausadamente.

Estás enxergando claro/ claramente?


Já no caso de paralelo e diferente, é recomendável o uso, no português escrito formal, da variação em -mente quando eles introduzem um adjunto adverbial significando “de modo paralelo/ diferente”:


Paralelamente ao debate haverá uma exposição multimídia. 
[Ou opte por escrever "Haverá exposição paralela ao debate".] 
 

Diferentemente dos seus avós, o ilhéu agora gosta de ser chamado de "mané". 


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

DOMICILIADO à OU na RUA?

--- Gostaria de esclarecimentos acerca do uso de "residente e domiciliado À rua ou NA rua, bem como se digne DE ou se digne EM". Jefferson Barbosa, Bauru/SP



A rigor, como os verbos morar, residir, situar, localizar e semelhantes são regidos pela preposição EM, deveria se usar NA e não À nos casos específicos. Mas é muito comum o uso intercambiável das preposições A e EM, como temos visto em diversas ocasiões. Então, nessa situação se veem ambas as formas: na rua à rua, com preferência por esta última na língua escrita. O mesmo acontece com seus derivados morador, residente, domiciliado:

Ela reside à rua Tupi.

Jacó Silva, brasileiro, casado, domiciliado à rua Sete de Setembro, requer...

Vende-se casa [situada/sita] à avenida Salinas.

Vamos nos encontrar na sede do Partido, à R. Cristal.

Aluga-se imóvel [localizado] à Av. Central, no Kobrasol.

Na língua falada, justifica-se o uso mais frequente de na porque o à se confunde na pronúncia com  e com o artigo a. Já o em, combinado ou não com um artigo, não deixa margem a dúvidas:

Residimos na rua Tupi.

A casa está situada na avenida dos Guararapes.

Você ainda mora na mesma travessa?

A sede do Partido se localiza na rua Cristal.

Isso não quer dizer que não se possa ou não se deva escrever “Vende-se casa na Av. Central”, “residente e domiciliado na rua Botucatu”. Absolutamente! É uma boa opção. Mas por outro lado não se pode tachar de erro o emprego do "a craseado" nesses casos, uma vez que já está consagrado pelo uso... e abonado pelos gramáticos.

Quanto aos gramáticos, valho-me do saudoso Celso Pedro Luft, que, na sua coluna “O Mundo das Palavras” nº 2.347, resume o assunto desta forma: “No português brasileiro atual, com o verbo morar e derivados a preposição originária em pode comutar com a (esta, sobretudo na língua escrita): morar (morador) na ou à Rua X. O mesmo vale para residir (residente) situado, sito”.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quinta-feira, 12 de abril de 2018

ZIRALDO:

Grandes nomes das artes: 


Aos 86 anos, o mineiro Ziraldo é um dos autores mais queridos pela criançada de várias gerações. Desde pequeno gostava de desenhar e ler as obras de Monteiro Lobato. Além de escritor, ele é chargista, caricaturista, pintor, jornalista, cartazista e teatrólogo. Sua carreira teve início nos anos 50, passando por jornais e revistas como O Cruzeiro e a Folha de Minas. Chegou a fazer muitos cartazes de filmes brasileiros e foi entrevistador do programa “Ziraldo – o papo”, na TV Educativa, no Anos 1990.
Conhecido mundialmente, ele foi um dos primeiros artistas da América Latina a ser convidado a fazer um cartaz do Unicef. Suas obras já foram traduzidas para diversos idiomas e alguns de seus desenhos fazem parte do Museu da Caricatura de Basiléia, na Suíça.
Uma de suas primeiras criações, nos Anos 1960, foi a revista em quadrinhos “A Turma do Pererê”, e junto com outros humoristas criou a famosa revista “O Pasquim”. Sua primeira obra infantil, lançada em 1969, foi “Flicts”, que falava da história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo. Em 1980, Ziraldo ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro com a sua obra mais conhecida, O Menino Maluquinho, que já foi adaptado para cinema e teatro.

Por isso, que tal aproveitar para ler algumas de suas histórias?


A primeira dica é Uma professora muito maluquinha, que conta a história de uma professora que tinha um jeito todo seu de entender o mundo. Ela tinha um modo que todos achavam muito maluquinho de mostrá-lo aos meninos e meninas de uma escola do interior, ensinando-as a serem mais felizes. Esta edição traz uma capa com a protagonista do filme baseado na obra de Ziraldo


A segunda dica é o livro Um cantinho só para mim, feito em coautoria com Ruth Rocha. Pedro era um menino muito esperto e ativo. Ele fazia tantas coisas e visitava tantos lugares que achava que não tinha tempo para pensar. Como era bom poder sonhar e fazer coisas ao mesmo tempo, viajando na imaginação. Edição comemorativa aos 25 anos da criação do menino maluquinho.

Por fim, a sugestão é O Menino da Terra. O Camelo e o Burro, personagens desta fábula adorável, são apresentados lado a lado possibilitando que o pequeno leitor acompanhe o comportamento deles durante um dia sem fornecimento de água. Esse livro carrega o tema de responsabilidade social proporcionando opção para a economia de água.
Fonte: Varejão do Estudante.

DICAS DE LEITURA

Obras para saber mais sobre hinos do Brasil e do mundo

Essa semana comemoramos o Dia do Hino Nacional Brasileiro. Então, que tal saber um pouco mais sobre ele? A primeira dica é Ouviram do Ipiranga – a história do hino, de Marcelo Duarte. Num daqueles dias de arrumação, Beatriz recebe um presente do avô. É a batuta que pertenceu a Francisco Manuel da Silva, autor da música do Hino Nacional. Ao dizer as palavras mágicas “Ouviram do Ipiranga” três vezes, a batuta ganha vida e conta à menina toda a história do hino.
O livro Ouviram do Ipiranga traz o significado de cada palavra da letra do Hino Nacional, usando uma linguagem simples para a compreensão das crianças, além de conter fatos históricos relacionados à criação da letra. No final da obra, o leitor encontra além da letra do Hino Nacional Brasileiro, o Hino da Independência e da Proclamação da República, e também a biografia dos personagens mencionados na história, como por exemplo, Dom Pedro I. Nesta divertida e didática história, as crianças, e os adultos, é claro!, irão aprender que a difícil letra deste hino tão bonito, no fundo tem mais charme do que se imagina. Uma importante obra que reúne informações e curiosidades sobre o Hino Nacional, e essencial para as escolas que começam a motivar crianças e jovens a conhecer e a respeitar sua Pátria.

A segunda sugestão de leitura é o livro Juca Brasileiro e o Hino Nacional, de Patricia Engel Secco. Juca Brasileiro é um garoto que se orgulha da história e dos símbolos de seu país. Neste livro Juca busca explicar o significado de cada verso do Hino Nacional e dá uma dica para o leitor não confundir a ordem das estrofes na hora de cantar.
Por fim, a dica é uma obra para se conhecer um pouco sobre o hino de outros países. Bem interessante a leitura de Hinos de todos os países do mundo, de Tiago Jose Berg. O hino da França, inicialmente batizado como “Canto de guerra para o exército do Reno”, passou a se chamar “A Marselhesa” quando um grupo de soldados voluntários, vindos da cidade de Marselha, adentram a capital, Paris, entoando a canção e causando uma enorme comoção popular, em 30 de julho de 1792. Depois de anos de pesquisa, o geógrafo Tiago José Berg reuniu no livro Hinos de todos os países do mundo as letras, as traduções, as histórias e as curiosidades dos hinos nacionais de todos os 194 países do mundo. O leitor irá conhecer detalhes curiosos dos hinos de países poderosos, como os Estados Unidos, com seu pendão listro-estrelado; e o Japão, com a letra de hino mais antiga do mundo (do século IX). Vai se surpreender com a história de hinos de países como o Djbuti, localizado na região conhecida como “Chifre da África”, ou o Butão, clamado em seu hino como “Druk tsendhen” (Reino do Dragão). O autor propõe uma viagem cheia de surpresas ao redor do mundo sob a óptica dos hinos nacionais.
Fonte: Varejão do Estudante

DIA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO:

Dia de exaltar o nosso hino nacional!


Esta semana, no dia 13 de abril, comemora-se o Dia do Hino Nacional Brasileiro. E por qual motivo acontece nesta data? Simples! É porque foi neste dia, em 1831, que ele foi executado pela primeira vez, no Teatro São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro. E sabe quem é o autor? A parte instrumental é do maestro Francisco Manuel da Silva. Ele compôs a música após a abdicação do imperador D. Pedro I a favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, o D. Pedro II.
O nosso hino é um dos símbolos nacionais, assim como nossa bandeira. Ele sofreu mudanças em 1906 quando um membro do Instituto Nacional de Música, chamado Alberto Nepomuceno, sugeriu ao presidente da República Afonso Pena uma reforma. Foi então que houve um concurso para eleger a nova letra, tendo como vencedor o professor e poeta Osório Duque-Estrada.
O hino pode ser executado em diversas ocasiões, a exemplo de abertura de sessões cívicas, cerimônias religiosas de sentido patriótico e no início ou encerramento das transmissões diárias das emissoras de rádio e televisão, entre outras.
Fonte: Varejão do Estudante.

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS: Dúvidas gerais

INOBSTANTE, FACE A, FRENTE A E OUTRAS LOCUÇÕES:
O BCCCV esclarece:



Por sugestão de M. P. Kern, de Pinhalzinho/SC, vamos tratar hoje do “uso de face a e inobstante, expressões muito usadas no meio jurídico”. O pedido sem dúvida decorre do fato de algumas pessoas condenarem a locução face a, que a seu ver deveria ser em face de.

O fato é que face a existe: é uma forma evoluída, reduzida e moderna da locução originária EM FACE DE, que a princípio comutava com À FACE DE. Ambas eram usadas com o sentido de diante, perante, defronte, na presença de. Mais tarde surgiu a variante com a preposição A no final: EM FACE A (por possível analogia com "junto a, próximo a"). Inovação mais recente é a redução para (EM) FACE A.

O mesmo se dá com "em frente a" e "em frente de" comutando com "frente a", locução cuja legitimidade não é questionada. São comuns frases como:

A advogada se rendeu frente aos argumentos da promotoria.

A cerimônia será na casa em frente à minha.

Houve um acidente em frente de casa.

Lembro, contudo, que é preciso ter conhecimento da crase para poder usar as variantes que terminam com a preposição a:

face a o exposto => face ao exposto

face a a explicação => face à explicação

em face a o exposto => em face ao exposto

em face a as normas => em face às normas

Quem prefere não se arriscar com a crase deve se ater a locuções semelhantes que não terminem com a, como por exemplo:

Em face das normas adotadas...

À vista do exposto...

Ante os fatos apontados...

Diante das evidências...

Em vista da situação encontrada...

Aí estão várias opções. O que não se deve é eliminar uma delas por preconceito ou purismo. O maior gramático que o Brasil já teve, Ernesto Carneiro Ribeiro, termina as suas “Ligeiras Observações sobre as Emendas do Dr. Rui Barbosa feitas à redação do Projeto do Código Civil” com estas palavras: “Temos, logo, razão de dizer: o purismo exagerado, intransigente, é impossível, perante o estudo histórico das línguas”.

Quanto ao vocábulo inobstante, é forma evoluída e reduzida de não obstante [= nada obstante], com valor equivalente a “apesar de, a despeito de”, locuções que dão uma ideia oposta àquela expressa na outra parte do enunciado, contrariando uma provável expectativa. Exemplos de uso:

Inobstante as acusações, o réu foi liberado.                     

Não obstante as acusações por crime hediondo, ele conseguiu progressão da pena.

Isto nada obstante, a Procuradoria Jurídica desta autarquia entende que não compete ao Banco Central autorizar tal transação.

Apesar disso, a Procuradoria entendeu que a competência era da empresa.

Não obstante isso, coube ao Banco Central autorizar a transação.

Enfim, pode ainda não haver aceitação de inobstante pela Academia Brasileira de Letras, mas já há registro seu no Dicionário de Usos do Português do Brasil (Francisco Borba, 2002), que diz ser uma preposição que "expressa relação de concessão" [apesar de, não obstante] e também advérbio de concessão [apesar disso], apresentando vários exemplos nesse verbete.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

quarta-feira, 4 de abril de 2018

CINCO ERROS DE PORTUGUÊS CORRIQUEIROS:

Cinco erros de português bem comuns. Fique atento e não erre!
O BCCCV esclarece:

1 – Quando devemos usar “A” e Há”?
A: quando usado para expressar tempo, indica futuro ou distância.
Exemplo: Daqui a um mês vou visitar meus primos.
Há: indica que a ação já aconteceu.
Exemplo: Meus avós estão casados há 40 anos.
2 – De mais e demais, como usar?
De mais: indica quantidade, opondo-se a “de menos”.
Exemplo: Algumas pessoas têm dinheiro de mais; outras de menos.
Demais: é usado para situações de exagero ou excesso.
Exemplo: Eu gosto demais de filmes de ação.
3 – Quando usar Mal e mau?
Mal: é o contrário de bem.
Exemplo: Ana tirou nota baixa na prova e ficou mal.
Mau: contrário de bom.
Exemplo: Aquela pessoa está de mau humor
4 – Como usar traz e trás?
Traz: é a conjugação do verbo trazer e dá a ideia de transportar algo.
Exemplo: Ele traz chocolate para mim todo domingo.
Trás: escrito com acento e a letra S, significa a parte posterior (de trás).
Exemplo: Olhei para trás e vi que a menina foi embora.
5 – Você sabe a diferença de afim e a fim?
Afim: dá a ideia de afinidade e concordância.
Exemplo: Eu e meu melhor amigo temos ideias afins.
A fim: a grafia separada forma uma locução e indica uma finalidade.
Exemplo: Conversei com meu amigo, a fim de resolver nossas divergências.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

REGÊNCIA: A nível de ou EM nível de?

Vários leitores perguntam se se fala EM nível ou A nível de. Fácil é dizer que em nível constitui a forma “correta”. Mais difícil é explicar a razão e a origem de tal expressão. Pensa-se que a nível é tradução do francês au niveau: trocou-se o au por ao sem se atentar que em seria a preposição mais apropriada para o caso, visto ser esta que indica “lugar onde” ou o alcance de uma situação no tempo e no espaço.
O BCCCV esclarece:



Não se pode desconhecer que há uma tendência na língua portuguesa ao uso da preposição a no lugar de em, do que são exemplos atuais: a cores, a domicílio, a curto prazo. Em outras locuções adverbiais as preposições se alternam: a tempo = em tempo, pagar em dinheiro = a dinheiro. Em muitos casos a preposição A é a preferida: em/aos borbotões, em/às gargalhadas, em/ao certo, em/a céu aberto, em/a par, em/aos ombros, em/a rigor etc. Ver também Não Tropece na Língua 183 e 297.

Tudo isso quer dizer que não há rigidez no uso das locuções adverbiais. Hoje entendo que o problema não é a preposição, mas sim o emprego indevido ou abusivo da locução em /a nível de. Vejamos então as possibilidades existentes para quem almeja escrever com mais propriedade e elegância (no Brasil, porque os portugueses usam a nível de sem nenhum problema).

aEmprego errôneo de a nível no lugar de uma preposição (indica problema de regência):

*As queimadas, embora prejudiciais, não tinham efeitos a nível da contaminação da cadeia alimentar e da água.

*Isso possibilita pensar a nível de múltiplos caminhos e soluções.
*A resposta a essa pergunta está bastante difundida não só na bibliografia especializada mas também a nível do senso comum mais generalizado.
*Respeita os valores sociais que atuam a nível dos sujeitos.
*O assunto deve ser tratado a nível de família.

Solução para as mesmas frases:

As queimadas, embora prejudiciais, não tinham efeitos na contaminação da cadeia alimentar e da água.
Isso possibilita pensar em múltiplos caminhos e soluções.
A resposta a essa pergunta está bastante difundida não só na bibliografia especializada mas também nosenso comum.         
Respeita os valores sociais que atuam nos sujeitos.
O assunto deve ser tratado em família.


bEmprego abusivo, sem necessidade – basta excluir as duas palavras intrometidas:
Havia uma resistência (a nível) pessoal às normas estabelecidas no regulamento.
O tema foi decidido numa reunião (a nível) de ministros. [ou reunião ministerial]
Sua meta é desenvolver um trabalho (a nível) de ginástica para executivos.
O que se pode oferecer (a nível) de bebida a uma mulher? [ou mudar a frase: Que tipo de bebida se pode oferecer a uma mulher?]


cEmprego inadequado quando se quer dizer "com relação a, no que se refere a, em termos de":
*Verificamos a falta de esquemas predefinidos a nível das técnicas. 
SUBSTITUA: relativamente / com relação às técnicas

*A nível de transmissão, o processo de desenvolvimento tecnológico tem início com o par de fios de cobre, chegando à fibra ótica. 
SUBSTITUA: em termos de transmissão


dAlternativas para substituir a locução quando o sentido é "âmbito, instância, esfera, plano":
*Criou um programa a nível de Estado e de município. 
SUBSTITUA: Criou um programa estadual e municipal / para o Estado e municípios / de âmbito ou abrangência estadual e municipal

*A matéria que está sendo veiculada a nível nacional atinge toda a classe política.
SUBSTITUA: A matéria que está sendo veiculada nacionalmente...



Maria Tereza de Queiroz Piacentini