Por que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (PVOLP) da Academia Brasileira de Letras (ACL) coloca acento gráfico na palavra superávit sendo que não há regra que o justifique? Agnaldo Martino, São Paulo, SP
Vamos tratar junto de déficit e hábitat, que configuram a mesma questão. O PVOLP editado em 1999 pela ACL traz os dois registros: superavit - o próprio latim, e superávit, “do latim superavit”. Isso já nos faculta usar uma ou outra forma. O dicionário Houaiss só registra o latim nos três casos. O Aurélio apresenta as formas acentuadas, além do latim habitat. A imprensa prefere a grafia com o acento, porque facilita a leitura. Aliás, a acentuação gráfica nos três vocábulos tem o mero papel de informar a tonicidade. Senão vejamos:
Dé – fi – cit
Há – bi – tat
Su – pe – rá – vit
Como se observa, não é possível afirmar que o acento nessas palavras se justifica porque elas são proparoxítonas, como assim as denomina Napoleão Mendes de Almeida no seu Dicionário de Questões Vernáculas (1981: 305). Se as duas primeiras são proparoxítonas, a última não pode ser.
PLURAL: superávits, déficits e hábitats
Em Portugal resolveu-se a pendenga de outra maneira: a grafia de deficit é défice. E superávit? Fui informada de que não é termo vulgarmente usado – preferem “excedente”. Mas poderia e poderá ser aportuguesado como “superávite”, não?
De minha parte, ainda prefiro as formas acentuadas que estou acostumada a ver em revistas e jornais, mesmo que não haja coerência nessa grafia!
[Maria Tereza de Queiroz Piacentini].
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