- Gostaria de saber se há uma regra sobre colocar vírgula antes da conjunção 'e'?
Luís Cláudio, Rio de Janeiro/RJ
Luís Cláudio apresenta uma frase em que a conjunção E liga ou coordena duas orações com o mesmo sujeito. Como vimos no número anterior, quando se trata de soma ou enumeração, basta usar a conjunção E entre os dois elementos coordenados, sem a vírgula. A construção correta, portanto, é esta: “Nossa empresa vai ser lançada ano que vem e (nossa empresa) deve atingir suas metas”.
1. Às vezes, porém, vamos encontrar uma vírgula antes do e que introduz uma oração com o mesmo sujeito da oração anterior. Este uso se justifica por estilo, pela necessidade que sente o autor de fazer uma pausa por ênfase:
Cometemos equívocos com nós mesmos, e jogamos fora boa parte de nossa energia vital com coisas que não valem a pena.
Nosso nascimento como nação não resultou de guerra ou revolução; foi antes uma transição natural da condição de colônia para a autodeterminação, e já estava implícita quando D. João VI instou seu filho a consumá-la antes que um aventureiro o fizesse.
Comecei a fazer uma prece para os soldados judeus que estavam sendo mortos naquele momento, e também para os soldados egípcios.
2. Quando duas orações interligadas por e têm sujeitos diferentes, a vírgula é comumente usada junto com a conjunção no intuito de prevenir o leitor contra ambiguidades; e deve realmente ser usada quando a primeira oração acaba com substantivo e o sujeito a seguir é também um substantivo, pois aí é que a leitura pode ficar truncada.
Vamos perceber esse problema na frase abaixo. A vírgula antes da conjunção e permitirá saber de pronto que a partir dela começa uma nova afirmação com diferente sujeito:
1.a Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.
1.b Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas, e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.
Outros exemplos:
2. Mas as Ciências Sociais acompanharam de perto todas essas mudanças, e a produção de conhecimento foi extraordinária.
3. A mudança se exprime através de tensões graves, e destruições de toda ordem a acompanham.
Não havendo problemas de ambiguidade, a vírgula pode ser deixada de lado, o que acontece muito na linguagem jornalística:
4. Acredito que sanções econômicas severas funcionariam (,) e com essas medidas ganharíamos uma maior cooperação dos europeus.
5. O simulacro de uma máquina de lavar tornou-se o conceito de felicidade (,) e o apresentador da mercadoria tornou-se o filósofo, o artista.
6. No decorrer do tempo continuaram as apresentações teatrais de grupos profissionais e amadores (,) e a casa também era cedida para funções comemorativas.
Em conclusão: como sempre, deve prevalecer o bom senso.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini
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