sábado, 30 de agosto de 2014

PREITO, PLEITO

BCCCV informa:

> Preito, pleito

     Antes de partir para o “front”, rendeu seu preito aos heróis de todas as guerras.



Neste sentido, PREITO é homenagem, respeito.

PLEITO pode ser uma questão em juízo, demanda; ou debate, discussão.

Muito mais amplo é o conceito de pleitear: litigar, requerer; sustentar em discussão, defender;

empenhar-se por, diligenciar (pleitear um emprego melhor); discutir, contestar; competir em mérito,

rivalizar. Pleito eleitoral = eleição.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS: mandato e mandado:

 Mandato, mandado:

O desembargador João José, logo após assumir

 o mandato de presidente do TRE, expediu mandado

de citação aos partidos políticos.





BCCCV esclarece:


MANDATO: além de “poderes políticos outorgados pelo voto”,

 significa delegação; procuração; incumbência, missão.




MANDADO: mandamento, ordem; recado; ordem escrita de autoridade

 judicial ou administrativa. Note que a “garantia constitucional de direito

 individual contra ilegalidade ou abuso do poder” é com D: mandado de

 segurança.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

TAMPOUCO; TÃO POUCO; NEM TAMPOUCO :

-- Qual a diferença entre tampouco e tão pouco? Airton Santos, São Paulo/SP
--- Sobre a expressão nem tampouco, gostaria de saber se é erro a repetição da negativa, ou apenas uma questão de estilo ou ênfase. A.K., de Brasília/DF

BCCCV INFORMA:

TAMPOUCO é um advérbio que significa também não. Sua grafia vem de tam (= tão) + pouco, que em Portugal se escreve tão-pouco.

TÃO POUCO, separado, são duas palavras distintas que querem dizer aproximadamente muito pouco, por exemplo:

Faz tão pouco tempo que estão casados e já pensam em divórcio.

O salário mínimo compra tão pouco! [= tão pouca coisa]

Quanto a NEM TAMPOUCO, não se trata de erro, mas sim de recurso linguístico de reforço da negação; não só lhe dá mais ênfase como serve de elemento sonoro de ligação (conectivo) entre as orações ou partes da oração, sobretudo na linguagem falada. Assim, é considerado uma alternativa menos formal a tampouco, não havendo necessidade de corrigir os outros quando falam ou escrevem com o acréscimo da negativa. Exemplos:

Não concordamos com a redação do anteprojeto. Tampouco aceitamos as emendas apresentadas.

O deputado não compareceu às sessões, tampouco justificou sua ausência.

Ela não saiu; eu tampouco.

Não proibimos fumar no jardim nem tampouco andar na grama.

A mãe não conseguiu encontrar a boneca que a filha pedira e tampouco viu nas lojas um brinquedo ideal para o menino.

Não quis provar o doce, nem tampouco teve curiosidade a respeito dos ingredientes.

No Mundo das Palavras 3.264, o gramático Celso Luft deu este exemplo: “Não lê, (nem) tampouco escreve”, o que significa que ele considerava facultativo o uso da partícula nem nesse caso.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

PRÓXIMO/A e SEGUINTE:




Há diferença de uso entre os dois adjetivos: PRÓXIMO/A e SEGUINTE, com referência a tempo:

PRÓXIMO é usado para indicar aquilo que se segue ou acontecerá numa situação futura; trata-se do seguinte ao atual, de fato posterior ao momento em que se escreve ou fala:

Poderias ficar em silêncio pelo menos nos próximos dois minutos?

Na próxima semana iremos a Brasília cumprimentar o presidente eleito.

O diretor quis ver o novo regimento, pelo qual deve pautar suas próximas ações.

Este número da revista já está fechado – seu artigo sairá no próximo.

E 2008 chega ao fim. O que nos trará o próximo ano?

SEGUINTE quer dizer subsequente, posterior a outro, ou seja, que vem ou ocorre depois (de um fato anterior que serve de referencial):

Na primeira semana do ano visitamos as cidades históricas, retornando ao Rio na semana seguinte.

Ignorando o plano, a Secretaria assentou, como estava habituada a fazer, suas ações seguintes no quadro de prioridades do seu próprio planejamento.

Guga foi bem no primeiro set mas falhou nos dois seguintes. Assim, não aconteceu a partida seguinte, que seria com um adversário russo. O tenista espera recuperar os pontos perdidos no próximo torneio. [que ainda não aconteceu]

O adjetivo seguinte em geral está relacionado ao tempo passado, mas pode ser usado com verbo no futuro desde que haja essa relação de sequência a um referencial anterior:

Seu próximo ato será a escolha dos assessores; o seguinte será sua nomeação.

Primeiramente vamos revogar a portaria. O passo seguinte será fixar novos juros.

sábado, 2 de agosto de 2014

VÍRGULA E A CONJUNÇÃO 'e': caso II

- Gostaria de saber se há uma regra sobre colocar vírgula antes da conjunção 'e'?
 Luís Cláudio, Rio de Janeiro/RJ

Luís Cláudio apresenta uma frase em que a conjunção E liga ou coordena duas orações com o mesmo sujeito. Como vimos no número anterior, quando se trata de soma ou enumeração, basta usar a conjunção E entre os dois elementos coordenados, sem a vírgula. A construção correta, portanto, é esta: “Nossa empresa vai ser lançada ano que vem e (nossa empresa) deve atingir suas metas”.

1. Às vezes, porém, vamos encontrar uma vírgula antes do que introduz uma oração com o mesmo sujeito da oração anterior. Este uso se justifica por estilo, pela necessidade que sente o autor de fazer uma pausa por ênfase:

Cometemos equívocos com nós mesmos, e jogamos fora boa parte de nossa energia vital com coisas que não valem a pena.

Nosso nascimento como nação não resultou de guerra ou revolução; foi antes uma transição natural da condição de colônia para a autodeterminação, e já estava implícita quando D. João VI instou seu filho a consumá-la antes que um aventureiro o fizesse.

Comecei a fazer uma prece para os soldados judeus que estavam sendo mortos naquele momento, e também para os soldados egípcios.



2. Quando duas orações interligadas por e têm sujeitos diferentes, a vírgula é comumente usada junto com a conjunção no intuito de prevenir o leitor contra ambiguidades; e deve realmente ser usada quando a primeira oração acaba com substantivo e o sujeito a seguir é também um substantivo, pois aí é que a leitura pode ficar truncada.

Vamos perceber esse problema na frase abaixo. A vírgula antes da conjunção e permitirá saber de pronto que a partir dela começa uma nova afirmação com diferente sujeito:

1.a Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.
1.b Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas, e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.

Outros exemplos:

2. Mas as Ciências Sociais acompanharam de perto todas essas mudanças, e a produção de conhecimento foi extraordinária.
3. A mudança se exprime através de tensões graves, e destruições de toda ordem a acompanham.

Não havendo problemas de ambiguidade, a vírgula pode ser deixada de lado, o que acontece muito na linguagem jornalística:

4. Acredito que sanções econômicas severas funcionariam (,) e com essas medidas ganharíamos uma maior cooperação dos europeus.
5. O simulacro de uma máquina de lavar tornou-se o conceito de felicidade (,) e o apresentador da mercadoria tornou-se o filósofo, o artista.
6. No decorrer do tempo continuaram as apresentações teatrais de grupos profissionais e amadores (,) e a casa também era cedida para funções comemorativas.

Em conclusão: como sempre, deve prevalecer o bom senso.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini