domingo, 30 de setembro de 2018

O GRAMA e A GRAMA:

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:


Cuidado com o grama e a grama!

**O grama: É substantivo masculino que indica unidade de massa (peso).

Exs.: 1. Neusa pediu DUZENTOS gramas de fermento.
2. A polícia descobriu DOIS gramas de cocaína na roupa do jogador.
O BCCCV esclarece:



***A grama: É substantivo feminino quando indica 'gramínea', erva: a grama do jardim.
Ex.:O jardim lá de casa está lindo, a grama está bem podada.


Abreviatura para singular e plural: g (sem ponto).

#BCCCV - Batalhão de Cidadania e Civilidade Contra a violência
Com #LucinéaWertz

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

ENTRE MIM, COM NÓS DOIS, PARA MIM (LER):

1. ENTRE MIM E VOCÊ

“Esse segredo deve ficar entre mim e você” – é esta a forma recomendada na língua-padrão: pronome oblíquo depois de preposição. Nas regiões em que o pronome usual é “tu”, o correto formal seria "entre mim e ti". Mas na linguagem popular do Brasil é comum e aceitável a frase “isso fica entre você e eu” (observe que "eu" agora vem em segundo lugar).

Essa rejeição ao "mim" só se dá com a preposição ENTRE. Com as demais preposições o uso desse pronome é natural: mim, até mim, contra mim, de mim, em mim, para mim, por mim, sem mim etc.
O BCCCV  esclarece:


2. CONOSCO E COM NÓS DOIS

O caso da preposição com é peculiar, pois ela se amalgama com o pronome oblíquo, à exceção da 3ª pessoa: comigo, contigo, com ele/ela, conosco, convosco, com eles, com elas. Registre-se, porém, que se usa “com nós” quando aparece um elemento especificador depois do pronome:

No final da cerimônia o presidente falou com nós todos.

O diretor discutiu o caso apenas com nós três.

3. SEQUÊNCIA PREP. + PRONOME + INFINITIVO

É muito difundida no Brasil a sintaxe “disse para mim ir, para mim trabalhar, para mim descansar”. Há uma explicação para isso, se se considerar que toda língua transplantada é mais arcaizante que a original: no período em que se falava o português arcaico – entre os séculos XII e XVI, justamente quando o Brasil foi descoberto – usava-se o pronome pessoal sujeito pelo pronome complemento e vice-versa. Exemplos apresentados na "Gramática Histórica" de Ismael de Lima Coutinho (1968:67): "o coração pode mais que mim" e "enforcariam ele".

No entanto, a gramática normativa determina o uso de eu, tu, ele, nós, vós, eles  (os pronomes pessoais retos) como sujeitos, e os pronomes oblíquos como complementos do verbo (objeto direto ou indireto). Quando se acrescenta um verbo no infinitivo ao sintagma "para mim" – para mim ler v.g. –, aí mim deixa de ser objeto indireto para ser sujeito desse infinitivo. Ao transformar a oração reduzida em desenvolvida temos a prova do sujeito: “um livro para eu ler” é igual a “um livro para que eu leia”; "presente para eu embrulhar = para que eu embrulhe".

Em suma: mim não pode ser sujeito, mim é objeto indireto: de mim, para mim, sem mim. Portanto, seria errado dizer “comprei a passagem para mim viajar” porque mim teria aí o papel de sujeito [de viajar], e o emprego do pronome oblíquo com função subjetiva é considerado erro pela gramática tradicional. Compare as frases sem e com o verbo no infinitivo:

Entregou o bilhete para mim. –  Entregou o bilhete para eu ler depois.

O abacaxi é para mim. –  O abacaxi é para eu descascar agora.

Fez um pavê para mim. – Fez um pavê para eu experimentar.

O produtor mandou 100 páginas para mim. – Mandou 100 páginas para eu decorar até amanhã.

Um alerta: pode-se encontrar para mim diante de um infinitivo sem que esteja errado, como nestes enunciados:

Está sendo difícil para mim aceitar seu novo casamento.

É importante para mim fazer alongamento numa academia.

Foi mais interessante para mim ler sua redação do que para você escrevê-la.

Aparentemente estamos contrariando a sequência para + eu + infinitivo. Então vamos rever a regra: o pronome é "reto" quando sujeito do infinitivo. Acontece que nas frases acima o infinitivo não tem um sujeito, ele é o próprio sujeito da oração principal. Para confirmar, façamos a construção na ordem direta:

Aceitar seu novo casamento está sendo difícil para mim. [complemento nominal de difícil

Fazer alongamento numa academia é importante para mim.

Ler sua redação foi mais interessante para mim do que [foi] para você escrevê-la.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

DISSERTAÇÃO:

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:

Dissertar é expor um ponto de vista, defender uma ideia, questionar um assunto. é, sobretudo, analisar algum tema.

O BCCCV esclarece:


As principais características do texto dissertativo são:

[] Interpreta e analisa, através de conceitos abstratos, os dados concretos da realidade.

[] Os dados concretos funcionam apenas como recursos de confirmação ou exemplificação das ideias abstratas que estão sendo discutidas.

[] Ainda que não exista, em princípio, progressão temporal entre os enunciados, eles mantêm relações lógicas entre si, o que impede de se alterar à vontade sua sequência. 

Outras características do texto dissertativo:

[] É um texto temático, tudo nele evolui a partir de um raciocínio.

[] É próprio de temas abstratos, dos textos críticos, das teses, da exposição, da argumentação.

[]  Oferece ao leitor um tratamento novo do assunto, apresenta observações, reflexões, análise, avaliação, crítica, enfim, envolve opiniões.

[] Apesar de citar episódios concretos e particulares , ele não se desvia da discussão de caráter genérico a que se dispõe.

ESQUEMA-PADRÃO:

TÍTULO: (frase nominal, sugestivo)

1º Parágrafo: INTRODUÇÃO = Apresentação do tema (tópico-frasal) + argumento 1 + argumento 2.

2º Parágrafo: DESENVOLVIMENTO = Retomada do argumento 1 + defesa.

3º Parágrafo: DESENVOLVIMENTO = Palavra de ligação + Retomada do argumento 2 + defesa.

4º Parágrafo: CONCLUSÃOPalavra de ligação indicando conclusão (não é obrigatória, pode estar implícita) + Retomada do tema + sugestões e/ou opinião pessoal (sem uso da 1ª pessoa).

Por #LucinéaWertz do BCCCV - Batalhão de Cidadania e Civilidade Contra a Violência/2018.

INDICAÇÕES DE TEMPO: HÁ, A, ATRÁS, FAZ, DAQUI A.

TEMPO PASSADO-PRESENTE: HÁ E FAZ

Quando se quer indicar tempo transcorrido (do passado até o presente), emprega-se impessoalmente o verbo haver, tanto quanto o verbo fazer:

 dois anos (que) não o vejo.

Faz dois anos que não o vejo.

Inventada em 1851, a máquina de costura de Isaac Singer domina o mercado  150 anos.  [...faz 150 anos]

Há / faz um século, havia cerca de 80 mil tigres no mundo.
O BCCCV esclarece:

 
HÁ OU ATRÁS

Quando se quer indicar um acontecimento no passado usa-se há ou atrás. Nunca juntos [há tempo atrás], por ser redundância. Até podemos falar “há tempo atrás” como um reforço, uma vez que o ouvido pode captar mal o som /a/ inicial, mas ao escrever devemos usar ou um ou outro termo:

A aparição da cerâmica na Amazônia data de 3.000 anos atrás.

Essa civilização desapareceu há 200 anos [ou: desapareceu 200 anos atrás].

Até pouco tempo atrás não se pensava nesse tipo de cartilha.

Até há pouco tempo os professores eletrônicos eram inacessíveis à maioria.

Exibia uma vasta cabeleira até dois anos atrás, mas o vi há um mês sem um fio de cabelo.

TEMPO PRETÉRITO: HAVIA E FAZIA

Quando se quer indicar tempo transcorrido apenas no passado, usa-se havia ou fazia. Está se generalizando o emprego de "há" em qualquer situação de tempo transcorrido, mas é preciso lembrar que  se refere a uma data no passado tendo como referência o dia de hoje. Quando se quer marcar um tempo anterior a uma ação pretérita, deve-se usar, em redações formais, havia ou fazia (este fica mais espontâneo). Vejamos alguns exemplos:

Fazia tempo que eu não pilotava algo tão rápido. [hoje, agora, já estou pilotando]

Havia/ Fazia uma semana que estava soterrado quando o encontraram. [tudo aconteceu no passado]

Criticou-se a decisão de entregar a aeronave ao comando de um piloto que estava inativo havia vários meses.

Em 1866, o tigreiro Wenceslau tinha 18 anos e estava casado havia sete meses.

O cabo Cedric Tornay tinha se irritado depois de receber uma advertência e de fato estava chefiando o grupo responsável pela segurança do Papa havia sete meses, desde que o comandante anterior se aposentara.

TEMPO FUTURO: A E DAQUI A

Na indicação de um tempo que se conta de hoje para o futuro, usa-se daqui a ou apenas a preposição a, conforme a construção frasal:

Viajaremos daqui a dois dias.

Daqui a pouco até eu me sentirei um peixe fora d’água.

Estamos a uma semana do festival e nada foi feito. [o festival acontecerá daqui a uma semana]

Embora estejamos ainda a seis meses da realização do evento, vimos convidá-la a tomar parte do corpo de jurados. [o evento será daqui a seis meses]

A 13 dias do encerramento do prazo para declaração do Imposto de Renda, 12 milhões de pessoas ainda não entregaram o documento ao fisco. Teremos congestionamento!

De fato, a 40 dias do campeonato e com esse despreparo, não se pode esperar o título.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

VERBOS: HAVER, TER E FAZER: USO IMPESSOAL.

Emprega-se o verbo haver como impessoal – isto é, sempre na 3ª pessoa do singular – quando tem o sentido de existir. Este é um dos casos de “oração sem sujeito”. Exatamente por isso o verbo haver fica neutro, impessoal, pois ele não tem um sujeito com quem concordar. Os substantivos que complementam o verbo haver são considerados seu objeto direto. Assim, para atender aos preceitos da língua culta, é preciso observar a forma no singular quando o verbo haver está conjugado nos tempos pretéritos ou futuros (no presente dificilmente se cometeria um engano: ninguém diria *hão outros casos). Exemplos:
O BCCCV esclarece:


Não há / haverá / haveria soluções a curto prazo.

Não mudaremos o país se não houver transformações profundas na Educação Básica.

Se houvesse mais justiça, haveria menos descontentes.

Para que haja menos neuroses é preciso reeducar as pessoas.

Vamos apurar todas as irregularidades que houver, disse o relator da CPI.


As mesmas frases, se construídas com existir, teriam o verbo flexionado de acordo com o substantivo, que aí é considerado o sujeito do verbo existir:


Não existem soluções a curto prazo. 

Se existisse mais justiça, existiriam menos descontentes.

Para que existam menos neuroses é preciso reeducar as pessoas.

Vamos apurar todas as irregularidades que existirem.


Em algumas situações também se pode substituir "haver" por outros verbos:


Se houver/ ocorrerem problemas, teremos de devolver o dinheiro.

Não é natural que haja/ aconteçam tantos distúrbios.

Às vezes, havia/ encontravam-se vasilhas de cerâmica aos pés dos mortos.


HAVER NAS LOCUÇÕES VERBAIS


Quando o verbo haver no sentido de existir faz parte de uma locução verbal, ele transfere sua impessoalidade ao verbo auxiliar dessa locução, que permanece, por isso, no singular:


Deve haver outras técnicas para melhorar o cultivo.

Pelas informações recebidas, está novamente havendo discussões clandestinas.

Está havendo coisas de arrepiar os cabelos. 

Não sei se chegou a haver sessões no Senado naquele período.


HÁ = TEM


Também o verbo ter, quando utilizado como haver, fica impessoal, sem sujeito, portanto sem o acento circunflexo no presente: "Tem pessoas assim em todo lugar". E singular no pretérito: "Na festa tinha mais mulheres que homens".


Este é um uso bastante coloquial, muito comum no Brasil; basta ver os versos de Chico Buarque “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...” Assunto abordado com mais detalhes em Não Tropece na Língua 289.
 

VERBO FAZER IMPESSOAL

Da mesma forma que haver, fazer conserva-se na 3ª pessoa do singular quando indica tempo transcorrido ou fenômeno meteorológico. Estando o verbo fazer na função de verbo impessoal (sem sujeito), deve também assumir a forma impessoal o verbo auxiliar que porventura o acompanhar:


Faz dois dias que não chove. 

Dizem que faz 10 meses estão se preparando para o concurso.

Quando saí da cidade, fazia 40 graus à sombra.

Em julho fez uns dias de verão.

Vai fazer cinco anos que eles estão noivos.

Poderá fazer três anos sem que ele saia do sanatório.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

PAROXÍTONAS:

São chamadas paroxítonas as palavras cuja tonicidade recai na penúltima sílaba. Formam a maioria do léxico português. São acentuadas as que terminam em:

O BCCCV esclarece:


* i, isjúri, dândi, táxi, biquíni, safári, íris, lápis, grátis, tênis.
Compare:   O caqui está maduro. Comprei uma roupa cáqui.

us, um, unsVênus, vírus, bônus, húmus, fórum, médium, médiuns, álbuns.
Compare:   A última foto do álbum é do neném com o bumbum de fora.
                   Nenhum projeto foi aprovado pois faltou quórum.

ã, ãs, ão, ãosímãs, sótão, órfão, órgãos, bênçãos, Cristóvão. Compare as oxítonas com as paroxítonas:
                  Sua irmã tem o ímã que você procura.
                  No afã de ajudar a órfã, só se complicou.
                  Estêvão deu maçãs para as órfãs.
                  Os cidadãos assinaram os acórdãos.
                  O Papa desceu do balcão para dar a bênção.
                  O coração é o principal órgão do corpo humano.

l, n, r, x, consoantes da palavra-lembrete rouxinolcônsul, pênsil, fácil, horrível, abdômen (ou abdome, plural: abdomens ou abdomes), gérmen (ou germe, plural: germens ou germes), próton, nêutron, pólen (plural: polens), hífen (plural sem acento: hifens, como jovens e nuvens), açúcar, zíper, mártir, fênix, tórax, ônix. Compare:

     Nílson foi muito amável dando-me um anel.
     Aírton recebeu um falso prêmio Nobel num túnel.
     Vou andar até achar um âmbar amarelo.
     Vamos revolver a gaveta até encontrar o revólver.
     Édson e Cármen não sabem onde meter o éter recém-importado.
     Tentaram juntar com “durex” o modelo em gesso de córtex.
     Éder tirou uma cópia xerox do laudo médico sobre a cirurgia de tórax.
     No tempo de Pólux não havia cera “polvax”.

Em todos esses exemplos pode-se observar que, quando as palavras com as terminações i(s), u(s), um, uns, ã(s), ão(s), r, x, n, l não são acentuadas graficamente, nós as pronunciamos normalmente como oxítonas, isto é, com a pronúncia forte na última sílaba. Portanto, o acento agudo ou circunflexo é usado para evidenciar que a sílaba tônica, de maior intensidade, fugiu ao normal, mudou de lugar, orientando assim a nossa pronúncia.

ps, om, ons: bíceps, fórceps, Quéops; rádom, elétrons, prótons, nêutrons.

ditongo oral [no final da palavra], crescente ou decrescente, seguido ou não de s:

     (ia) beneficência, hérnia, mobília, biópsia, estratégia, Cátia, Cássia, Célia, Cecília, Cíntia, Felícia, Hortência, Márcia, Marília, Tânia, Vânia
     (ie) série, calvície, barbárie, cárie, efígie, espécie, imundície, planície, superfície
     (io) sério, pátio, vários, néscio, calcário, dignitário, exímio, Antônio, Anísio, Aloísio (ou Aluísio), Dário, Décio, Flávio, Hélio, Júlio, Marcílio, Márcia, Mário, Otávio, Vinício
     (ua) água, régua, árdua, quíchua, tábua, exígua, ingênua, iníqua 
     (ue) tênue, águe, míngue, bilíngue
     (uo) árduo, supérfluo, ambíguo, mútuo, ubíquo, assíduo, ingênuo, iníquo, profícuo
     (ea) áurea, rédea, orquídea, miscelânea, várzea, drágea, pâncreas, fêmeas
     (eo) espontâneo, momentâneo, homogêneo, litorâneo, saponáceo, óleo, gêmeos
     (oa) mágoa, Páscoa, amêndoa, névoa, nódoas
     (ei) jóquei, vôlei, ágeis, férteis, pênseis, faríeis, achásseis, fósseis. 

NOVAS REGRAS (2009):

> “Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia baleia, cadeia (...)”. Outros exemplos: [eu] apoio, [ele] apoiaCoreia, pré-estreia, heroico, introito, jiboia, paranoica, proteico.

> Não se usa o acento nas formas verbais paroxítonas que contêm um tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo: creem, deem, descreem, desdeem, leem, preveem, releem, reveem, veem.

> Não se usa o acento circunflexo em paroxítonas com duplo oenjoo, magoo, povoo, voo, zoo.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini