--- O que quer dizer meritocracia? Ana Lúcia França Teixeira, Salvador/BA
O BCCCV esclarece:
O sufixo -cracia (usado em democracia, aristocracia) quer dizer “força, poder, autoridade”. Portanto, a palavra “meritocracia” denota a força do mérito, daquilo que é meritório. Em outros termos, o que vale é o merecimento próprio, e não a herança, o dinheiro, o “ser filho de papai”... Exemplo autoelucidativo:
Disse Ioschpe: “Temos de ter um sistema de meritocracia: se as vagas são tão poucas, que sejam para os melhores”.
De meritocracia deriva o adjetivo meritocrático e outro substantivo – meritocracismo, em que o sufixo “ismo” está indicando a “maneira de proceder ou de pensar”:
A Reforma de 1971 teve como objetivo principal a autorrealização, a qualificação para o trabalho e a preparação ao exercício consciente da cidadania, associando a perspectiva meritocrática com os fins do projeto político e econômico do Estado.
A admissão de alunos pobres tornava evidente a vontade de associar princípios de legitimação aparentemente contraditórios, como o “aristocratismo de nascença” e o “meritocratismo do sucesso escolar”, que rende culto ao dom e às aptidões pessoais.
--- Dispomos de “tudo que há de mais moderno ou de “tudo O que há de mais moderno”? O artigo é opcional? Tem alguma função sintática? C.E.F., São Paulo/SP
Nesse caso o o não é artigo, mas pronome demonstrativo neutro (cf. Não Tropece na Língua 31), exigido na escrita, conforme a norma gramatical (na fala, pode haver a contração das vogais: tudo o que – tudoo que – tudo que). Tomemos duas frases de exemplo:
1) Dispomos de tudo o que há de mais moderno.
2) Li tudo o que você escreveu.
Aí o pronome demonstrativo o substitui outros demonstrativos:
3) Dispomos de tudo aquilo que há de mais moderno.
4) Li tudo isso que você escreveu.
No período (1), o pronome o é o objeto indireto de dispomos; no (2), o objeto direto de li. Tudo é pronome adjetivo indefinido. Que é pronome relativo, tendo por antecedente o o da oração anterior.
--- Gostaria de saber, por gentileza, se diante do pronome outra ocorre crase. Nilson
Pode ocorrer, sim. Depende da determinação do substantivo que o pronome “outra” acompanha, esteja esse substantivo implícito ou aparente no período. Quando você fala genericamente “de outra” entre diversas, não pode haver crase. Quando se trata “da outra” – que se coloca em contraposição a uma primeira –, há crase. Por exemplo:
Vive de uma bodega a outra. [são várias bodegas]
Andou de uma a outra cidade como se nada fosse.
Mas:
Foi católico e protestante. Passou de uma religião [a católica] à outra [a protestante] em pouco tempo.
Isso significa que finalmente as duas mulheres começaram a se dirigir uma à outra do mesmo modo que às demais.
O produto só era vendido nas butiques Glen e Viva. Na primeira custava R$ 520,00, mas fui à outra loja e o encontrei por menor preço.
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini