SEGUIR(-SE), VENCER(-SE), REQUERER
--- O verbo seguir, no sentido de vir a seguir, na sequência do texto, é reflexivo? E o verbo vencer, no sentido de chegar o dia de pagamento: é reflexivo? Celso L. B. Fernandes, São Paulo/SP
Antes de tudo, gostaria de aproveitar para explicar que todos esses verbos que aparecem acompanhados de um pronome oblíquo átono [me, te se, nos, vos] se chamam verbos pronominais. Existem alguns essencialmente pronominais, que não se usam sem o pronome, como queixar-se, arrepender-se, apiedar-se, indignar-se, suicidar-se, orgulhar-se, apoderar-se, atrever-se etc. O “se”, nesses casos, não tem nenhuma função sintática.
Há verbos transitivos diretos que são eventualmente pronominais, usados com os referidos pronomes átonos ou clíticos para indicar
- reflexibilidade (o sujeito pratica e recebe a ação verbal):
A velhinha se penteia com a mão esquerda.
Na briga entre as gangues, Pierre e Pedro se machucaram bastante.
Tu te esquentas à toa, rapaz!
Eles gostam de se mostrar, de se exibir...
- reciprocidade (um ao outro, mutuamente):
Cleusa e Carlos se estimam e se tratam como irmãos.
No Natal e Ano-Novo nós nos cumprimentamos por e-mail.
O verbo SEGUIR no sentido de "vir na sequência, vir depois, continuar, prosseguir, suceder" pode ser intransitivo (usado sem pronome) ou pronominal: "as informações que seguem" ou "as informações que se seguem". É também intransitivo com o significado de “estar próximo”. Exemplos:
Na foto, segue o autógrafo do cantor.
Seguem com este minhas recomendações para sua família.
Não se preocupe: o cheque seguirá junto.
Leia atentamente as instruções que seguem (abaixo).
O verbo VENCER não é pronominal quando usado no sentido de expirar, terminar – ao menos no Brasil de hoje e conforme estatística de corpus linguístico realizada recentemente, a qual não detectou construções do tipo “a fatura se vencerá”, mas sim “a fatura vencerá”, em que vencer é verbo intransitivo:
O prazo vence na segunda quinzena de agosto.
As promissórias estão vencendo hoje.
Os títulos venciam no banco e eles nem aí...
Devo acrescentar que alguns dicionários, contudo, registram a possibilidade de se empregar o verbo vencer pronominalmente em tal acepção: “o prazo se vence no dia 10”. Esta não seria portanto uma forma incorreta, mas sim desusada.
--- Quanto a requerer que o juiz arbitre os honorários, eu me expresso da forma a seguir mencionada, mas não tenho certeza se está correto: requeiro o arbitramento dos honorários advocatícios. V.L.B., Sorocaba/SP
Está correto, porque o verbo requerer não se conjuga pelo verbo querer, embora haja algumas formas semelhantes. Assim, dizemos: eu quero, ele quer, nós queremos; mas eu requeiro, ele requer, nós requeremos. Veja também a diferença no passado (pretérito perfeito): eu quis, ele quis, quisemos, quiseram; mas eu requeri, ele requereu, nós requeremos, eles requereram.
Estudo da Língua Portuguesa com PREPARAÇÃO VESTIBULAR e outros CONCURSOS. O BCCCV - [Batalhão de Cidadania e Civilidade Contra a Violência] existe para trazer aos jovens uma forma prática e dinâmica de estudar a Língua Pátria: Amando-a; USANDO-A CORRETAMENTE NA ESCRITA E NA FALA - tudo sustentavelmente. RECICLANDO-A nos seus cinco níveis de Linguagem.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
segunda-feira, 24 de maio de 2010
BARBARIDADE DA LÍNGUA PÁTRIA:
RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS É CONDIÇÃO SINE QUA NON DE TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS.
- E o plural de SINE QUA NON?
- SINE QUA NON é uma expressão latina.
- Quer dizer condição indispensável. Procure usá-la só no singular.
- Se seu recado referir-se a mais de um ser, não empregue a expressão. Use a Língua Portuguesa rica de cada dia.
sábado, 22 de maio de 2010
DÚVIDA CRUEL: O BCCCV informa.
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--- Sempre vi a expressão e/ou (com barra), mas ultimamente tenho visto e,ou (com vírgula) e, às vezes, sem barra e sem vírgula. Afinal, devo usar barra, vírgula ou não usar nenhum dos dois (Ex. As pessoas e ou coisas são fundamentais...) P. R. Ribeiro, Lavras/MG
Não existe manifestação oficial sobre a grafia de e/ou, talvez porque seja um anglicismo. Entretanto a convenção ainda é usar a barra, havendo uma leve tendência a eliminar qualquer traço entre as duas conjunções [e ou]. Vírgulas entre elas, jamais.
--- É necessária a utilização de e/ou quando se deseja apresentar alternativas não mutuamente exclusivas? Ronaldo Nogueira, Fortaleza/CE
Tem havido, infelizmente, um abuso de e/ou, quando bastaria empregar a conjunção ou para denotar exclusão e a conjunção e para alternativas que não necessariamente se excluem. Vamos a casos reais, formulados por consulentes:
1) Favor indicar nome de um escritor negro e/ou mulato.
ERRADO. O indivíduo não é negro e mulato ao mesmo tempo, portanto o “e” está sobrando. São alternativas mutuamente excludentes. O correto é: “um escritor negro ou mulato”.
ERRADO. O indivíduo não é negro e mulato ao mesmo tempo, portanto o “e” está sobrando. São alternativas mutuamente excludentes. O correto é: “um escritor negro ou mulato”.
2) Pode tomar chá e/ou café.
ERRADO. Basta o E: pode tomar chá e café. A escolha está implícita: sei que posso tomar chá e, se quiser, café. Só se um excluísse realmente o outro se usaria “ou”, isto é, quem tomasse café não poderia tomar chá, e vice-versa.
3) Fico grato se você puder me responder e/ou mandar material sobre o assunto.
CORRETO. Com isso o leitor quer dizer que é grato em qualquer situação: se eu apenas responder; se eu apenas mandar o material (sem responder); se eu responder e além disso mandar o material.
CORRETO. Com isso o leitor quer dizer que é grato em qualquer situação: se eu apenas responder; se eu apenas mandar o material (sem responder); se eu responder e além disso mandar o material.
Vê-se, então, que só deve usar e/ou quem deseja deixar claríssimo que se trata de três situações distintas. Mas nem sempre isso é fundamental. Na maioria dos casos, até mesmo neste último exemplo, as opções ficam implícitas apenas com o uso de ou.
--- Quando me refiro a uma data seguida da expressão próxima, estou dizendo que o fato ocorrerá na mesma semana? Por exemplo: se digo numa quarta-feira (27/2): a reunião ocorrerá na próxima sexta-feira. Estou dizendo que a reunião ocorrerá no dia 1º/mar ou no dia 8/mar? Sheila Schreck, São Leopoldo/RS
Em princípio, o entendimento de próximo é exatamente o dia mais perto, o da mesma semana, que no caso do exemplo seria dia 1º de março. Mas algumas pessoas poderiam entender “próximo” o que vem depois da semana corrente. Aí se trataria do dia 8 de março. Por isso, é preciso cuidado para não se criar nenhuma ambiguidade; deve-se colocar no texto uma indicação mais precisa, como a data, caso em que a palavra próximo fica como reforço:
Teremos uma reunião na segunda-feira 13.
A reunião será realizada na próxima sexta-feira (1º de março).
Observe que este/esta ou neste/nesta não deixa margem a dúvida:
A reunião ocorrerá excepcionalmente neste domingo.
Nesta quinta-feira haverá uma palestra e na próxima faremos a reunião.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
LOUVAR "O" ou "AO" SENHOR?
- Quem louva louva alguma pessoa ou alguma coisa. Em muitos hinos religiosos, porém, aparece a frase "louvar ao Senhor". É natural que surja a dúvida: Ela é correta?
- É, sim. Normalmente, o verbo responde à pergunta: louvar que pessoa? Louvar o Senhor.
- Gramaticalmente, no entanto, verbos que pedem complemento sem preposição (transitivos diretos) podem ser usados com preposição (transitivos indiretos) antes de alguns tipos de palavras. Um desses casos ocorre com Deus e seus equivalentes. Por isso, louvar ao Senhor, como se diria louvar a Deus, amar a Deus, louvar ao Criador, amar ao Criador.
- Repare que se diz eu amo aquela mulher. Com Deus, porém, o usual é amar a Deus.
- Também é comum o emprego da preposição a com quem, todos e ambos: Não sabia a quem escolher./ Conhecia a todos./ Procurava a ambos.
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