quarta-feira, 28 de setembro de 2016

FIGURAS DE LINGUAGEM:

As figuras de linguagem podem ser classificadas em quatro grandes grupos, e a divisão se dá em relação a aspectos fonológicos, semânticos ou sintáticos das palavras em que o recurso foi utilizado. Elas podem ser figuras de som, de palavra, de pensamento ou de construção.


Figuras de som

Conhecidas também como figuras de harmonia, estão intimamente relacionadas à fonologia. A sonoridade das palavras, sílabas ou fonemas são usadas de uma forma peculiar para criar um sentido expressivo único, seja construindo um ritmo na frase, imitando sons de animais ou máquinas, ou ainda relacionando palavras com sonoridade parecida. São figuras de som:
  • Aliteração – Repetição da mesma consoante ou de outra que tenha som parecido.
    Exemplo: “Três tigres tristes comeram três pratos de trigo”
  • Assonância – Repetição de uma mesma vogal, recurso bastante usado em versos.
    Exemplo: “Pólo sul, meu azul / Luz do sentimento nu” (Djavan – Linha do Equador)
  • Paronomásia – Repetição de sons semelhantes em diferentes palavras.
    Exemplo: “Berro pelo aterro, pelo desterro/Berro por seu berro, pelo seu erro” (Caetano Veloso – Qualquer Coisa)
  • Onomatopeia – Conjunto de sílabas ou letras que reproduzem um som natural ou produzido.
    Exemplos: CABUM! (Explosão) Tic Tac (Ponteiros de relógio)

Figuras de Palavra

Às vezes é possível usar uma palavra ou expressão com o significado de uma outra. Este empréstimo de significado torna-se possível devido a alguma semelhança existente entre os dois termos, que é reforçada pela figura de linguagem, produzindo uma sentença mais expressiva.
  • Comparação – Aproximação do significado de dois ou mais elementos com uso de termos comparativos: “como” , “assim como”, “tal que”, “que nem”, entre outros.
    Exemplo: Linda como uma flor.
  • Metáfora – Substituição de um termo por outro devido a uma semelhança subjetiva entre os dois.
    Exemplo: Mário é uma porta! Nunca vi tanta estupidez.
  • Metonímia – Substituição de um termo por outro devido a uma semelhança ou relação real entre os dois.
    Exemplo: Ele leu Ariano Suassuna todo! (A obra de Ariano Suassuna)
  • Sinédoque – Substituições de termos havendo uma ampliação ou diminuição do sentido relacionado com a quantidade.
    Exemplo: O baiano é preguiçoso (Os baianos/ As pessoas da Bahia)
  • Catacrese – Metáforas que já se tornaram habituais.
    Exemplos: Perna da mesa; Cabeça de alho.
  • Sinestesia – Combinação de sensações físicas (tato, audição, paladar, visão, olfato) na mesma expressão.
    Exemplo: Sua voz era áspera e azeda.
  • Antonomásia – Reconhecimento de uma pessoa por uma característica ou fato. Conhecido como apelido.
    Exemplo: O poeta dos escravos era um bom poeta. (Castro Alves)

Figuras de Pensamento

As figuras de pensamento também estão relacionadas à estrutura semântica da palavra, e são utilizadas para causar impacto ou contradição no receptor da mensagem. Caracterizam-se pela aproximação de termos opostos, repetição de uma ideia em diferentes palavras e a utilização estratégica de palavras para representar uma ideia contrária.
  • Antítese – Aproximação de palavras ou expressões com significados opostos.
    Exemplos: Adoro o verão, detesto o inverno.
  • Apóstrofe – Invocação de uma entidade ou pessoa, presente ou não, utilizando vocativo.
    Exemplo: Pai! Apareça para mim!
  • Paradoxo – Ou oximoro é a fusão de dois termos ou expressões excludentes relacionando-se ao mesmo termo.
    Exemplo: Escute o som do silêncio.
  • Eufemismo – Emprego de uma palavra para amenizar algo penoso, desagradável etc.
    Exemplo: Ele está no sono eterno. (Morto)
  • Gradação – Sequência de expressões ou palavras que intensificam uma única ideia.
    Exemplo: Maior, menor, mediano, não me importo com o tamanho.
  • Hipérbole – Exagero explícito de uma ideia.
    Exemplo: Já te dei um milhão de motivos.
  • Ironia – Ocorre quando as palavras e o sentido que elas querem expressar se contradizem. Normalmente isso acontece de forma depreciativa ou sarcástica.
    Exemplo: Que coisa linda vocês dois brigando!
  • Prosopopeia: Personificação, animação ou humanização de um objeto inanimado ou imaginário.
    Exemplo: A cama está me chamando.
  • Perífrase – Uso de termos que se relacionam a um objeto, situação ou local que não de tal forma que conseguem substituir o próprio nome daquilo a que se refere a sentença.
    Exemplo: Eu nasci no país do futebol (Brasil).

Figuras de Construção

São as figuras de linguagem ligadas à estrutura da frase, também conhecidas como figuras de criação. Se relacionam com a parte sintática da frase. Omissões, repetições e alterações nas ordens e concordâncias das frases são as características das figuras de linguagem deste tipo. A mudança da estrutura sintática que corresponde à norma culta é o resumo das figuras de sintaxe.
  • Assíndeto – Ocorre quando há uma sequência de termos separados por vírgulas, e inclusive os possíveis conectivos são substituídos por ela.
    Exemplo: Cheguei, pedi, paguei, bebi tudo o que pude.
  • Elipse – Omissão de um termo ou oração facilmente identificável.
    Exemplo: (Ele) Falou besteira, estava nervoso,(de) cabeça quente.
  • Zeugma – Omissão de um termo que seria repetido.
    Exemplo: Atravessei o oceano e o deserto também. (omissão de “atravessei”)
  • Anáfora – Repetição proposital de um termo ou expressão no início de uma frase ou verso.
    Exemplo: Fui à cidade grande. Fui a lugares jamais vistos.
  • Pleonasmo – Repetição de uma mesma ideia. Redundância.
    Exemplos: Subir para cima. Ver com os olhos.
  • Polissíndeto – Repetição proposital e enfática de conjunções.
    Exemplo – Olho e pé e mão e cabelo e unhas e dentes.
  • Anástrofe – Inversão simples de palavras vizinhas.
  • Exemplo: Desesperado estou, futuro não vejo. (Estou desesperado, não vejo futuro)
  • Hipérbato – Inversão completa de elementos da frase.
    Exemplo: Contra a correnteza, os salmões nadam. (Os salmões nadam contra a correnteza)
  • Sínquise – Inversão exagerada de elementos da frase.
    Exemplo: A ponte se estende pelo vale, de madeira.
  • Hipálage – Atribuição de um adjetivo relacionado a um objeto atribuído a outro em uma mesma frase.
    Exemplo: As espadas cansadas dos soldados. (na verdade, são os soldados que estão cansados)
  • Anacoluto – Interrupção da estrutura sintática de uma oração seguida de outra expressão complementar.
    Exemplo – Esta televisão, sempre que chego, está ligada.
  • Silepse – Concordância ideológica. As palavras concordam com suas ideias, e não com gênero e número expressos.
    Exemplo: São paulo é linda. (São paulo = A cidade de)

REGRAS DAS PALAVRAS FORMADAS COM TRANS:

--- Por que na palavra trânsito o s tem som de z e não de ss, como em cansado? F. G., Belo Horizonte/MG

Temos aqui dois casos: a regra genérica e a específica das palavras formadas com trans.
I) O S depois de N (consoante sonora) fica surdo, isto é, com som de S, como em
              cansado
              manso
              tansagem
II) No caso das palavras iniciadas por trans, há duas pronúncias:
a) com som de Z (sonoro), como em
              transe
              trânsito
              transigir
              transação
              transatlântico
b) com som de S (surdo), como em
              transexual
              transubstanciação.
Explicação: como trans é prefixo terminado em s, este fica com som de z antes de vogal, como em II.a, mas valerá por dois SS quando o elemento posposto tiver um inicial na origem (s etimológico), que desaparece diante do s já existente no prefixo, como em II.b. Assim, a palavra transexual é a junção de tranS + Sexual; transubstanciação, tranS + Substanciação.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

PLURAL de PÔR DE SOL:


RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:


--- Qual o plural de pôr do sol? Queria dizer que os "pôr do sol" da primavera são os mais bonitos. Roberta Braga, São Paulo/SP
O plural de pôr do sol (sem hífen a partir do Acordo Ortográfico 2009) é pores do sol
Os pores do sol da primavera são os mais bonitos.

FELIZ ANO NOVO ou ANO-NOVO?

--- Estou com dúvida se escrevo Ano Novo com ou sem hífen. Ana Maria, Brasília/DF



Existem as duas grafias. 

Sem hífen quer dizer exatamente um novo período de 12 meses, o ano que se inicia.

Com hífen designa apenas a passagem de ano, o ano-bom ou réveillon. Um exemplo de cada: 
 
Ao discursar no início de janeiro, o prefeito apontou suas prioridades para o ano novo: educação, saúde e pavimentação de estradas.
 
Enquanto a maioria festeja o ano-novo, alguns abnegados trabalham pela comunidade. 
 
Enfim, pode-se desejar um ano-novo festivo e ao mesmo tempo um feliz e próspero ano novo.

-Maria Tereza de Queiroz Piacentini-

sábado, 24 de setembro de 2016

TACHAR # TAXAR:



Tachar deriva de tacha, substantivo que vem do francês tache e significa mancha, nódoa ou, figurativamente, defeito moral (mancha espiritual). Daí que o verbo tachar tem o sentido de “pôr mancha ou defeito em; censurar, acusar de”. É um verbo que só se emprega em sentido negativo, para indicar as más qualidades de alguém ou de alguma coisa:
O deputado criticou também a oposição, tachando-a de indecisa quanto à emenda proposta pelo presidente da República.
O verbo taxar significa “cobrar tributos, fixar o preço, lançar um imposto sobre; impor limites, fixar uma quantia”. Está ligado ataxa (imposto, tributo). 
O governo não pretende taxar o preço do álcool combustível.
A movimentação financeira será taxada novamente, dizem.
É esse o uso tradicionalmente correto. Todavia, os dicionários estão registrando que se pode taxar de boas ou más qualidades as pessoas e as coisas. Vejamos a opinião do gramático e linguista Celso Pedro Luft (No Mundo das Palavras 210, Correio do Povo, s/d): 
Se a gente vai na conversa dos dicionários – Verbos e Regimes do Francisco Fernandes, por exemplo –, tachar ‘censurar, acusar’ tanto pode ser escrito com ch como x. Isso era compreensível numa época de indisciplina ortográfica. Digamos, antes de 1943. Depois que se tomou a origem (etimologia) como critério para opção entre s / c, g / j, ch / x, não se justificam variantes ou vacilações. A não ser que se trate de vocábulos de origem desconhecida ou discutível. Uma vez que se sabe que há um derivado detacha e outro de taxa – onde ninguém discute ch e x -, a distinção entre tachar taxar é obvia, rigorosa. [...] (“taxar de bom” pode ser, mas não “taxar de ruim”...!).


Maria Tereza de Queiroz Piacentini

CHUVA DE GRANIZO ou GRANITO?

RAPIDINHA de Português:


Primeiramente, não é chuva de granito, mas sim CHUVA DE GRANIZO que é um tipo de precipitação, que consiste em pedaços irregulares de gelo que precipitam de nuvens tipo Cb (Cumulonimbus) muito desenvolvidas verticalmente. Ou seja: são nuvens que atingem alturas elevadas e, por isso, as gotas de água de seu interior passam para o estado sólido. Quando atingem um tamanho grande e que não podem e não conseguem se manterem no interior da nuvem pelas correntes ascendentes, as ‘pedras’ de granizo finalmente caem. Cada granizo tem normalmente menos de 2cm de diâmetro, mas há  recordes muito raros. Em muitas partes do mundo, é comum a tempestade com pedras de gelo do tamanho de uma bola de tênis. 




E, GRANITO  é um tipo de pedra muito usado nas construções (se vê em soleiras, pias de cozinha, banheiros etc.). Portanto, chuva de granito não existe! Cuidado no uso errado!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

QUESITO # REQUISITO:







Quesito = ponto, questão, pergunta a ser respondida, item.

Requisito = exigência, condição necessária, formalidade a ser atendida.
 
Os quesitos mais difíceis da prova foram elaborados por renomado professor francês.
 
Informação correta é requisito para se ter opinião.
 
Houve um tempo em que quesito valia por requisito no sentido de “condição”. Por exemplo, “preencher certos requisitos para obter emprego” podia também ser dito “preencher certos quesitos”, mas atualmente se faz a distinção entre os dois termos como acima explanado.
 

ACIDENTE # INCIDENTE:

CUIDADO COM O SIGNIFICADO:

Os dois substantivos têm o significado de acontecimento, ocorrência ou evento de caráter casual, inesperado. A palavra acidente tem outros significados, mas no seu sentido abstrato de processo ela traz a ideia negativa de sofrimento, dano, lesão:
 
O ônibus escolar sofreu um acidente a caminho do colégio, por isso deixou de apanhar as crianças.
 
Já a palavra incidente está relacionada a uma ocorrência de que não resulta ferimento, dano, estrago ou outros fatos graves. Ou seja, quando a circunstância é apenas imprevista mas não apresenta consequência de gravidade, deixa de ser acidente para ser incidente, passando pois a significar “circunstância acidental, episódio, questão acessória”:
 
O ônibus escolar esqueceu de apanhar uma criança no colégio, mas a diretora achou que o incidente não merecia sua interferência.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

FORMAS VERBAIS OXÍTONAS: ACENTUAÇÃO

--- Alguns verbos, ao receberem o pronome em ênclise, com o hífen, recebem acento na última sílaba, sendo que não eram acentuados quando desacompanhados do pronome (ex. chamá-lo, vê-lo). Gostaria de saber quando colocar acento no verbo que recebe ênclise. Celso Luiz Bini Fernandes, São Paulo/SP



Começamos com os dois verbos mencionados pelo consulente: sabemos que “chamá-lo” e “vê-lo” se formam de chamar + o ever + o. Ao receber em ênclise os pronomes átonos O, OS, A, AS (os únicos que começam por vogal), o infinitivo perde o R, que se transforma em L, unindo-se ao pronome. Vale isso para todas as conjugações: amar + o = amá-lo; vender + a = vendê-la;distribuir + os = distribuí-los; ferir + as = feri-las; pôr + a = pô-la. 

Deve-se notar que, no caso dos verbos da 1ª e 2ª conjugação – terminados em ar e er mais PÔR e seus derivados –, a forma verbal sem o R continua sendo oxítona, só que agora se tornou um vocábulo oxítono (ou monossílabo tônico) terminado em a, e, o, motivo pelo qual deve ser acentuado, assim como se acentua “babá, nenê, está, você, dá, dê, pó”. 

A regra é simples e clara: acentuam-se as palavras oxítonas e os monossílabos tônicos terminados em a, e e o. Em relação ao acento gráfico, deve-se levar em conta somente o verbo na hora de aplicar a regra, ignorando o pronome átono que vem depois do hífen:

É preciso reformar as instituições e prepará-las para as novas gerações.

E este livro? – Queira pô-lo na estante, por obséquio. 

A ideia é deselitizar a praça e devolvê-la ao povo. 

O hino? Vou compô-lo para as próximas efemérides.

Dê um jeito de fazê-la melhor, torná-la mais útil.

Não gostaríamos de lê-lo uma segunda vez – há outros livros à espera.

Vou apanhá-los em um minuto.

Se não se acentuasse o verbo em prepará-las, por exemplo, ele seria lido como paroxítono: prePAra-las, que equivale a preparas+as. Essa composição poderia ser usada numa situação assim: “Tu mesma fizeste as codornas? Estão deliciosas. Prepara-las muito bem.” Não importa que nenhum brasileiro se expresse desse modo. O fato é que as normas ortográficas não podem ser aplicadas somente quando nos convêm.

O mesmo tipo de acentuação vamos encontrar em formas verbais com dois hifens. Também neste caso cada segmento da palavra deve ser considerado isoladamente, razão pela qual é possível encontrar dois acentos gráficos no mesmo vocábulo, como vemos a seguir:

Dê-se-lhe o purgante imediatamente.

Amá-la-ei para sempre.

Fá-lo-ás por mim?

Vê-los-á em breve – a senhora pode confiar.

Repô-lo-ei na estante.

Magoá-la-íamos caso não a convidássemos. 

Devolvê-los-emos assim que tivermos as notas fiscais.

Pô-lo-íamos na tua mão agora, se tivéssemos todo esse dinheiro.

No tocante à 3ª conjugação, cabe lembrar que só recebem acento agudo as formas verbais oxítonas em que o i forma sílaba sozinho: distribuí-lo, construí-la, incluí-las, reconstituí-los. Compare com: puni-lo, extingui-lo, dissuadi-la, segui-las, defini-los.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini  

terça-feira, 13 de setembro de 2016

ACENTO CIRCUNFLEXO:

Graficamente representado por um "chapeuzinho", o acento circunflexo é colocado sobre as vogais a, e, o, indicando que a sílaba é tônica e que a vogal deve ser pronunciada de forma fechada, como em: ambulância, mês e ônibus. É mais usado no português brasileiro do que o português europeu.

Exemplos de palavras oxítonas com acento circunflexo:
  • você;
  • purê;
  • crochê;
  • bambolê;
  • metrô;
  • complô;
  • camelô;
  • judô;
  • ...
Exemplos de palavras paroxítonas com acento circunflexo:
  • âmbar;
  • cânon;
  • câncer;
  • têxtil;
  • fênix;
  • tênis;
  • bônus;
  • cônsul;
  • ônix;
  • ...
Exemplos de palavras proparoxítonas com acento circunflexo:
  • ângulo;
  • dinâmico;
  • ambulância;
  • lâmpada;
  • sonâmbulo;
  • acadêmico;
  • gênero;
  • efêmero;
  • ônibus;
  • estômago;
  • trôpego;
  • ...

Novo Acordo Ortográfico e o acento circunflexo

Supressão do acento circunflexo

Segundo as regras de acentuação do Novo Acordo Ortográfico, diversos acentos circunflexos foram abolidos:
- O acento circunflexo nos ditongos oo e ee, nas palavras paroxítonas.
ôo antes do acordo: abençôo, perdôo, vôo, magôo, enjôo, ...
oo depois do acordo: abençoo, perdoo, voo, magoo, enjoo, ...
êe antes do acordo: eles dêem, eles crêem, eles lêem, eles vêem, …
ee depois do acordo: eles deem, eles creem, eles leem, eles veem,…

- o acento circunflexo diferencial em palavras paroxítonas homógrafas de outras não acentuadas.
antes do acordo: pêlo, pêra.
depois do acordo: pelo, pera.

Acento circunflexo como acento diferencial

Embora alguns acentos diferenciais tenham sido abolidos, segundo as alterações trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico, alguns deverão ser mantidos:
- O acento circunflexo existente no verbo pôr para o diferenciar da preposição por.
Exemplo: Ele vai pôr a prateleira por baixo do quadro.

- O acento circunflexo existente na forma conjugada pôde para a diferenciar da forma conjugada pode.
Exemplo: Ontem ela não pôde sair, mas hoje já pode.

Dupla grafia: acento circunflexo ou agudo

O Novo Acordo Ortográfico possibilita a existência da dupla grafia de várias palavras, admitindo tanto o acento circunflexo como o acento agudo. A forma com o acento circunflexo é a utilizada no português do Brasil e a forma com o acento agudo é a usada no português de Portugal.
Exemplos:
  • bebê ou bebé;
  • purê ou puré;
  • fênix ou fénix;
  • fêmur ou fémur;
  • bônus ou bónus;
  • sinônimo ou sinónimo;
  • fenômeno ou fenómeno;
  • gênero ou género;
  • ...

Acento circunflexo e os verbos ter e vir

Na língua portuguesa, os verbos ter e vir são conjugados sem acento na 3.ª pessoa do singular e com acento circunflexo na 3.ª pessoa do plural.
Exemplos:
  • Ele tem - eles têm;
  • Ele vem - eles vêm.
Já os verbos derivados dos verbos ter e vir são conjugados com acento agudo na 3. ª pessoa do singular e com acento circunflexo na 3 ª pessoa do plural.
Exemplos:
  • Ele mantém - eles mantêm;
  • Ele retém - eles retêm;
  • Ele contém - eles contêm;
  • Ele convém - eles convêm;
  • Ele advém - eles advêm.

Diferenciação entre palavras com e sem acento circunflexo

Negligência x negligencia
Um bom funcionário não demonstra negligência no cumprimento de seu trabalho.
Aquele aluno negligencia os estudos.

Influência x influencia
Aquela garota é uma má influência para minha filha.
A lua influencia as marés, as gravidezes e os partos.

Epifânia x epifania
Sua tia Epifânia ligou querendo falar com você.
Foi nesse dia que eu tive uma epifania e passei a entender o que estava realmente acontecendo.

RAPIDINHA DE ACENTO:


ACENTO AGUDO - CARACTERÍSTICAS:
Os acentos foram criados para ajudar o falante na escrita e, principalmente, em relação à pronúncia das palavras. Muitas delas possuem a mesma terminação, não é mesmo? Sabia, sabiá, jacaré, coqueluche, cajá, arma, coco, cocô e tantas outras são exemplos de palavras que terminam da mesma forma. Como saber quando serão acentuadas? Nesse caso, é preciso considerar dois fatores:

  1. A tonicidade das palavras, ou seja, a sílaba tônica de cada uma;
  2. A terminação das palavras.
A partir da tonicidade, as palavras são classificadas como: oxítonas (a última sílaba é a tônica), paroxítona (a penúltima é a tônica) e proparoxítona (a antepenúltima é a tônica). De acordo com cada terminação, haverá uma regra de acentuação.
Os acentos só podem ser utilizados em cima das vogais, nunca das consoantes. Em Português, existem dois acentos: o circunflexo e o agudo.  A seguir, destacaremos o uso do acento agudo.
O acento agudo indica, além da tonicidade, a forma com que a vogal deve ser pronunciada, no caso das vogais a, e, o com acento agudo, a pronúncia deve ser aberta. Veja os exemplos: café, abricó, carcará.
A presença do acento agudo indica com facilidade a sílaba tônica de cada palavra, entretanto, não são todas as palavras que receberão acento gráfico, para isso, é preciso considerar algumas regras, que são chamadas de regras de acentuação.
Para facilitar na hora de estudar, as regras foram divididas em dois grupos:
  1. Regras gerais: acentuação dos monossílabos tônicos, das oxítonas, das paroxítonas e das proparoxítonas;
  2.  Regras complementares: acentuação dos ditongos abertos, dos hiatos e de alguns verbos. Com a reforma ortográfica, o acento agudo deixou de ser usado em alguns casos, vale a pena conferir. 
Acompanhe, a seguir, uma explicação mais ampla acerca das regras gerais e complementares que devem ser usadas na hora da acentuação das palavras:
  • Regras gerais:
  1. Proparoxítonas: todas são acentuadas. Exemplos: lâmpada, cálice.
  2. Oxítonas: acentuam-se as terminadas em: -a(s), -e(s), -o(s), -em, ens. Exemplos: cajá, café, paletó, também, parabéns.
  3. Paroxítonas: recebem acento quando terminadas em: -i (s), u(s), um, uns, l, r, x, n. Além dessas terminações, também são acentuadas quando terminam em ditongo oral seguido ou não de s (vogal e semivogal na mesma sílaba, sem a presença do til ou das consoantes que podem indicar nasalização, m e n) ou terminadas em: -ã, -ãs, -ão, -ãos. Exemplos: táxi, vírus, álbum, tórax, relógio, lápis, revólver, órgãos, órfão.
  4. Monossílabos tônicos: quando terminados em –a, -e, -o. Exemplos: lá, fé, dó.
  • Regras Complementares:
  1. Os ditongos abertos nas paroxítonas não são acentuados. Ex.: colmeia, assembleia. Entretanto, nas oxítonas, o acento agudo existe. Ex.: herói, troféu.
  2. As vogais i e u, quando sozinhas na sílaba ou seguidas de s, recebem acento agudo, mas se vierem após ditongo, não recebem. Ex. feiura, Laís, saída.
  3. Os verbos arguir e redarguir não recebem acento agudo, mas na pronúncia é como se fossem acentuados. Ex.: arguo (na pronúncia: argúo).
Preste atenção na terminação das palavras para acentuá-las e quando houver necessidade de acento, se o som da vogal for aberto, não tenha dúvidas: use o acento agudo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

DICAS BOAS DE REDAÇÃO:

Aprenda a fazer a redação do Enem passo a passo

Fazer um rascunho é essencial para se dar bem na prova!


O formato de redação escolhido pela grande parte dos vestibulares, inclusive pelo Enem, é a dissertação-argumentativa. Esse gênero textual possibilita que o estudante construa uma tese inicial e a defenda diferentes pontos de vista ao longo do texto. Separamos aqui algumas dicas para você construir um bom texto. Confira!
1º) Veja o tema de redação e faça uma leitura cuidadosa da prova - Essa é a principal dica e vai influenciar todo o seu desempenho. Leia e releia a proposta e os textos de apoio. Dê uma lida também nas questões da prova. Pode ser que alguma informação ajude no tema da redação. Atenção: essa etapa é essencial para que você não fuja do tema.
2º) Elabore o projeto de texto e escolha uma tese - Esse é o momento em que você deve escolher a sua abordagem e os argumentos que usará para defender sua tese. Separe as ideias principais sobre o assunto em um rascunho. Na tese, escolha um tema que você domine para argumentar e expor o seu ponto de vista.
3º) Faça a primeira versão do texto - Nessa etapa do rascunho, preocupe-se com o conteúdo e não com a gramática. Foque sua atenção para organizar os argumentos da melhor forma. As ideias devem fazer sentido e devem estar ligadas entre si. Um texto bem amarrado valoriza a sua argumentação e fará com que o corretor não se sinta confuso ao lê-lo.

Lembre-se da estrutura básica da dissertação-argumentativa
IntroduçãoApresente o tema e o recorte que você fará dele. Evite fazer rodeios. É recomendável que a tese seja exposta para direcionar a leitura e mostrar sua linha de raciocínio. Lembre-se de que na dissertação seus argumentos devem ser usados para convencer quem estiver lendo.
DesenvolvimentoDefenda a sua tese apresentando ideias que a justifiquem, de forma consistente, e apresente seus argumentos. Essa parte é importante, por isso coloque tudo da forma mais clara possível para que o leitor compreenda seu ponto de vista. Para deixar organizado, uma dica é reservar um parágrafo para cada argumento, analisando todos os aspectos que você quer abordar.
ConclusãoRetome as ideias expostas na introdução, junto com os principais argumentos que a justificam para confirmar a tese e encerrar o debate. Diferente das outras redações, no Enem é nessa parte que você deve propor a solução ao problema, a partir dos pontos já levantados durante sua redação.
4º) Revise o texto: Agora é hora de corrigir a gramática e encontrar outros errinhos na sua redação. Caso tenha dúvida na grafia de alguma palavra, tente substituir por outra expressão. Preste atenção se não existe alguma frase sem sentido perdida pelo texto e avalie se há coerência entre as ideias.
5º) Passe o texto a limpo: Finalmente, essa é a última etapa da redação. Por isso a importância de preparar seu texto em um rascunho. Respeite o limite de linhas e não coloque informações fora da área de correção.
Pronto! Agora é só entregar a prova e esperar pelo resultado.
Consultoria: Eclícia Pereira, professora de redação do Cursinho da Poli. 
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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

EMPREGO do "QUE" e do "QUEM" em concordância com os verbos ser e fazer:

--- Como é correto dizer: Fui eu que fiz o jantar ou Fui eu quem fez o jantar? Fernanda Buzzini, São Paulo/SP

--- Gostaria de esclarecer uma dúvida quanto ao emprego do "que" e do "quem" em concordância com os verbos ser e fazer. Exemplo: Foi ela que fez ou Foi ela quem fez. Fui eu quem fiz ou Fui eu quem fez. Foi eu que fiz ou Foi eu quem fiz. Fernando Augusto L. Dutra, Palmas/TO 


 
Há duas boas maneiras de construir esse tipo de frase:
 
1. Usa-se QUE e o verbo concorda com o sujeito antecedente:
     Fui eu que fiz e paguei a aposta. 
     Foi ela que me acusou.
     Foi José que se matriculou, e não seu irmão.
     Foi você que prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal?
     Fomos nós que aguentamos a onda.
     Foram eles que atrasaram a obra.
     Foram apenas as meninas que se machucaram.
 
2. Usa-se QUEM e o verbo fica na terceira pessoa do singular:
     Fui eu quem fez e pagou a aposta. 
     Foi ela quem me acusou.
     Foi José quem se matriculou, e não seu irmão.
     Foi você quem prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal?
     Fomos nós quem aguentou a onda.
     Foram eles quem atrasou a obra.
     Foram apenas as meninas quem se machucou.
 
Considero as primeiras frases melhores, mais agradáveis ao ouvido. Talvez por isso sejam mais comuns do que as segundas, principalmente quando o sujeito está no plural. Isto é, “foram elas que se machucaram” soa melhor do que “foram elas quem se machucou”.
 
Existem alguns livros dedicados a ensinar português que afirmam ser correta também uma terceira forma, qual seja, a frase com “quem” e o verbo concordando com o sujeito antecedente, por exemplo: “Fui eu quem fiz, fomos nós quem fizemos”. Discordo. E acredito que deva ter havido algum lapso por aí, pois nunca ouvi brasileiros falarem assim.
 
Nesse ponto, prefiro ficar com Napoleão Mendes de Almeida, que diz textualmente: “Quando tem por antecedente um pronome pessoal reto, o ‘que’ pode vir substituído por ‘quem’, o que nos obriga [grifo meu] a levar o verbo para a terceira pessoa do singular: Somos nós quem paga – Sou eu quem vai – Fui eu quem abriu esta polêmica – Eu e V. Exa. somos quem vende – És tu quem favorece a minha resolução” (Dicionário de Questões Vernáculas, 1981, p. 256).
 
Por fim, é bom observar que em qualquer dos casos o verbo ser que inicia a oração faz a concordância com o sujeito a quem ele se refere. É por isso que às vezes se usa FUI [concorda com eu] e às vezes FOI [concorda com ele/ela/você], assim como se usa FOMOS e FORAM respectivamente para a primeira e a terceira pessoa do plural.
 
Naturalmente, o mesmo tipo de frase pode ser empregado no tempo presente ou no futuro, como vemos abaixo:
 
Hoje sou eu que pago. 
Hoje sou eu quem paga. 
É ela que sempre me aborrece.
É José quem se diz bem-sucedido, e não o irmão.
Somos nós quem aguenta a onda.
Somos nós dois que temos de resolver o impasse.
São eles que costumam atrasar as obras.
Em geral são as meninas que se ferem.
É você quem receberá o prêmio, pode ter certeza.
Sou eu que darei a festa.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini