quarta-feira, 24 de agosto de 2016

VIR ou VIM?

--- Tenho dúvidas em relação à colocação de vim e vir. Ex: Ele tem obrigação de vim / de vir amanhã. R.G., Rio de Janeiro/RJ.


Existem as duas formas, mas cada uma tem o seu uso específico.
 
- VIM é o pretérito perfeito de vir na primeira pessoa do singular:
 
Todas as vezes em que eu vim sem agasalho, fiquei resfriado.
 
Sempre vim à missa nesta igreja, como sabes. 
 
Nem parece que vim mais tarde – ainda há pouca gente no salão.
 
- VIR é o nome do verbo, ou infinitivo, que pode ser usado de diversas maneiras: junto a outros verbos, em locuções verbais, ou mesmo sozinho em frases como: 
 
Vir bem trajado ao trabalho demonstra zelo. 
 
Sempre soube que vir de bermudas não é proibido. 
 
Entretanto, formou-se um cacoete na pronúncia do infinitivo vir, que se transforma em “vim” principalmente quando há aproximação de sons nasais, por exemplo: *Eles podem vim, devem vim, elas vão vim... Mas com algum esforço e determinação é possível começar a acertar essa pronúncia (antes que ela acabe influenciando mal a escrita). Esta é a orientação que podemos oferecer: 
 
1) use o infinitivo “vir” (no afirmativo ou negativo) depois da preposição:
     Ele tem a obrigação de vir cedo.
     Os sobrinhos têm prazer em vir a nossa casa.
     O ministro fez de tudo para vir ao Estado, mas teve que ficar em Brasília no fim de semana por causa de compromissos de última hora. 
     Sem dúvida, eles têm motivos para não vir aqui. 
     O diretor disse que é para você vir à reunião amanhã, Dorneles. Mas nada de vir acompanhado de seus assessores!
 
2) use “vir” nas locuções verbais [verbo auxiliar + infinitivo]: 
     Podem vir! 
     Os alunos devem vir uniformizados, alertou a diretora do colégio.
     Não sei se os sobrinhos vão vir aqui nas próximas férias.
     Os garis têm de vir recolher o lixo desta viela todas as noites.
     Temos certeza de que agora vocês já sabem vir sozinhos.
     Eu vou vir acompanhado, posso?

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ACENTO AGUDO:

Assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, com o Novo Acordo Ortográfico, perderam o acento. 



O acento agudo deixa de existir em alguns poucos casos, vejamos:

• Paroxítonas:

1. Nas palavras paroxítonas, ou seja, nos vocábulos cuja tonicidade recai na penúltima sílaba, os ditongos abertos ei e oi que eram acentuados, não são mais. Este fato é justificado na existência de oscilação entre a abertura e fechamento na articulação destas palavras. Assim, alguns termos que hoje se escreve de um jeito, tomam novos formatos ortográficos, como: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, etc. Já outros, continuam como são: cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc.


Porém, o acento agudo permanece nas oxítonas (vocábulos cuja tonicidade incide na última sílaba) e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos –éi, -éu ou oi, seguidos ou não de –s: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc.


2. Nas palavras paroxítonas com hiatos formados com i e u, sendo que a vogal anterior a estas faz parte de um ditongo, ou seja, quando são precedidas de ditongo. Dessa forma: feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca.

Entretanto, as vogais i e u, oxítonas ou paroxítonas, continuam a ser acentuadas se a vogal que antecede estas não formar ditongo: saída, cafeína, egoísmo, baía, ciúme, recaída, sanduíche, Piauí, etc.

3. Nos verbos em que o acento tônico incide na raiz, com as consoantes g ou q precedendo a vogal tônica u. É o caso de: arguir e redarguir: arguo, arguis, argui, arguem, e assim por diante.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

RAPIDINHAS DE PORTUGUÊS:

LÍBERA, PERDA, RELAMPEAR, COMPOTA


--- Qual o feminino de líbero? A.J.S., Palmas/TO

Líbero não é adjetivo de dois gêneros (como lateral, ponta de lança, meia-esquerda), portanto seu feminino é feito pela troca do final por alíbera. Deve-se dizer "a líbera Janete saiu à frente" assim como se diz "a zagueira Maria, a goleira Renata". 
 
--- Não perca a data da prova ou não perda a data da prova. A dúvida é: quando podemos usar um ou outro? Alessandra Silva, Camaragibe/PE
 
A palavra perca é uma forma do verbo perder (subjuntivo presente e imperativo):
 
Espero que você perca esse hábito de roer unhas.
 
Não levará muito para que eu perca a vontade de me candidatar ao cargo.
 
Não perca a data da prova, meu filho.
 
perda é o substantivo correspondente, o ato ou efeito de perder, a privação. Pode-se falar em: uma grande perda, a perda dos documentos, sofrer algumas perdas, passar por uma perda dolorosa, etc.
 
--- O que é correto: relampiar ou relampejar? "Está relampejando ou relampiando”? L.B., Cianorte/PR
 
Tanto faz dizer “está relampejando” quanto “está relampeando” (observe a grafia do gerúndio com e, e não i). Relampejar é a forma mais usual e tem por sinônimo relampear ou relampaguear (este último, sim, é verbo pouco usado). 
 
--- Tenho dúvida em relação aos termos compota e conserva, a definição de cada um. No Houaiss e no Aurélio, pelo menos para mim, não estão claras as definições. Aqui no Sul, convencionou-se dizer que conserva tem açúcar e compota não. Gostaria de sua opinião sobre as expressões. J. H., Porto Alegre/RS
 
Na verdade, é o contrário do que você está dizendo, pois compota é sempre doce, e conserva pode ser doce ou não.
 
compota é um doce de frutas em calda. Por exemplo:
 
Minha avó fazia compotas de maçã e de pêssego como ninguém.
 
Vou servir-lhe uma compota de figo da Grécia.
 
conserva se refere ao líquido ou à calda doce ou salgada em que o alimento é conservado. Usa-se em geral com a preposição em. Por isso, temos: pepino em conserva, figo em conserva (ou em calda), pera em conserva (ou em calda) e assim por diante.


Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

MICHELANGELO:

Grande artista e suas obras: 



Um ícone italiano do Renascimento, um gênio reconhecido pelas suas esculturas e pinturas no mundo inteiro. Nascido em 6 de março de 1475, em Caprese, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni foi um famoso escultor, pintor, poeta e arquiteto italiano, um grande mestre das artes na Itália. Um dos grandes gênios de todos os tempos, e contemporâneo de nomes como Leonardo da Vinci e Botticelli, Michelangelo tem entre suas obras mais famosas a “Pietá”, “O Juízo Final”, “A Criação do Homem”,  “Davi” o “Teto da Capela Sistina”.
Desde criança, o menino sempre se interessou por desenho e aos 13 anos tornou-se aprendiz no estúdio de Domenico Ghirlandaio, em Florença. Por volta de 1489 entrou na escola de escultura de Lourenço de Medici.
E foi o Papa Júlio II que o convidou a reconstruir a Catedral de São Pedro e a edificação de seu mausoléu, em 1552. Pouco reconhecido como poeta, Michelangelo escreveu o livro “Rimas”.
Sobre o seu ofício de esculpir em mármore, Michelangelo costumava dizer que a figura estava presa no mármore e que ele apenas a libertava. Era um aficionado pela anatomia e, secretamente, dissecava os corpos e os estudava, em um período que tal atividade era proibida.
Morreu em Roma, aos 89 anos, em 18 de fevereiro de 1564, sendo enterrado na Basílica de Santa Cruz, em Florença.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

LEITURAS: Dicas

Obras que podem agradar a qualquer pai::

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A primeira é o  Você é o melhor pai do mundo,  de Lupe Klein. Uma declaração de amor e carinho em frases e poemas. Ideal para presenteá-lo no Dia dos Pais, porque o admiramos e desejamos compartilhar com ele um sorriso, um sentimento de emoção.
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Para aqueles pais fissurados em carros antigos, a sugestão é o Karmann ghia – o design que virou história, de Paulo César Sandler.  Mais de meio século depois de sua criação, o Karmann-Ghia ainda desperta desejo e fascínio. Fabricado apenas no Brasil e na Alemanha, o incrível automóvel criado sobre o acanhado chassi do Fusca teve uma vida longa, glamourosa e bem-sucedida: em dezenove anos de produção, mais de 400 mil unidades foram vendidas. Lindo, esportivo, economicamente acessível e confiável, ele ajudou a democratizar o automóvel em escala mundial. Exibido em museus americanos como exemplo de design perfeito, o “carro de uso diário vestido com sua melhor roupa de festa” passou a ser festejado constantemente, fazendo jus à dedicação de seus criadores, que conseguiram cumprir a difícil missão de conciliar beleza, praticidade e lazer. Ricamente ilustrado, Karmann-Ghia – O design que virou história resgata o percurso singular desse veículo que conquistou o coração de gerações de brasileiros.
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Por fim, para os pais que adoram uma biografia, a indicação é Getúlio, de Lira Neto. Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil. No entanto, na copiosa bibliografia dedicada a ele, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do personagem do modo mais isento possível. A monumental trilogia Getúlio, de Lira Neto, da qual se lança agora o primeiro volume, vem suprir com sobras essa lacuna. Ao longo de dois anos e meio, o autor se debruçou sobre uma vastíssima gama de documentos – muitos deles inéditos ou pouco explorados – para ajudar a decifrar a “esfinge Getúlio” e mostrar como foi possível que convivessem no mesmo indivíduo o revolucionário, o ditador, o reformador social e o demagogo. Sem desdenhar nenhum tipo de fonte ou arquivo, Lira Neto se serviu de cartas pessoais e memorandos oficiais, de diários íntimos, autos judiciais, boletins de ocorrência, notícias de jornal, anúncios de publicidade, charges, hinos, marchinhas, livros de memórias, entrevistas, depoimentos etc.

PORTUGUÊS do Brasil X o de Portugal

Quais são as diferenças?



Sabemos que a língua portuguesa falada no Brasil apresenta algumas diferenças em relação à língua falada em Portugal. Também não seria diferente. Se aqui no Brasil cada região tem uma forma de falar, imagina quando comparamos dois países. Mas quais são as reais diferenças?
As maiores diferenças são fonéticas, ou seja, a forma como se pronunciam as palavras. Mas também existem diferenças no uso gramatical. Quer um exemplo? O português europeu não usa gerúndio, embora ele exista na gramática. Também existia diferença na grafia, como o uso de consoantes mudas (em Portugal, escrevia “actual” ao invés de “atual”), mas isso mudou com o acordo ortográfico que entrou em vigor em janeiro de 2016.
O português foi estabelecido como língua oficial do Brasil em 1758, mas nessa época o contato com povos indígenas e escravos africanos já havia alterado a língua falada por aqui. Os africanos que chegaram como escravos não frequentavam escolas e portanto aprendiam português na oralidade, criando diferenças em relação à língua original.
Já no final do século 19 chegaram ao Brasil imigrantes europeus e asiáticos, que promoveram novas mudanças na forma de falar do brasileiro. Em outras colônias portuguesas, como Angola e Moçambique, a mistura de povos foi menos intensa e a independência ocorreu há muito menos tempo. Por isso, fala-se um português mais parecido com o europeu, embora também existam sotaques regionais.
Vamos conhecer algumas palavras que são escritas de um jeito no Brasil e de outro em Portugal?
Português do Brasil / 
Português de Portugal
abridor
tira-cápsulas
açougue
talho
banheiro
casa de banho
cafezinho
bica
calcinha
cueca
celular
telemóvel
conversível
descapotável
faixa de pedestres
passadeira
geladeira
frigorífico
ônibus
autocarro

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

MAIÚSCULAS e MINÚSCULAS em Livros:

-- Gostaria de ouvir comentários sobre o uso de iniciais maiúsculas ou minúsculas em títulos de livros, artigos, etc. O Vocabulário Ortográfico indica que se deve usar inicial maiúscula em todos os termos (excetuando artigos, preposições, etc.), entretanto tenho ouvido opiniões de que apenas o primeiro termo deve levar a inicial maiúscula. Como se escreveria, por exemplo, ao se referir à obra: Memórias de um Sargento de Milícias ou Memórias de um sargento de milícias?  Paulina Becher, São Paulo/SP


Existem três maneiras de redigir um título.

O Acordo Ortográfico 2009 permite usar maiúsculas ou minúsculas nos bibliônimos, isto é, nos nomes ou títulos de livros e obras impressas. Eis sua redação: Base XIX. “1º) A letra minúscula inicial é usada: (...) c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães ou O senhor do paço de Ninães, Menino de engenho ou Menino de Engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.”

O Acordo, entretanto, não menciona nada sobre as partículas (embora nos três exemplos elas estejam em minúscula) caso se prefira escrever o título com as iniciais maiúsculas.  Reza a lei ortográfica de 1943 que a inicial de cada palavra do título, à exceção das partículas monossilábicas, deve ser grafada com letra maiúscula. Partícula, em gramática, é “palavra invariável que tem função gramatical, mas que não é facilmente classificada numa das partes do discurso” (dic. Aurélio). Nesse caso, escreve-se: Memórias de um Sargento de Milícias. E também, por exemplo: 

Oração aos Moços
Poesia Completa de Cruz e Sousa
O Evangelho Segundo São João

O problema é que há palavras invariáveis e combinações de partículas de mais de uma sílaba, como “contra, para, sobre, desde, acerca, pelo”. E até de mais sílabas: “durante, consoante, segundo, conforme”. E se as últimas três podem ser escritas em minúsculas, por que “de acordo com” não poderia? E ainda há o caso dos artigos: monossilábicos mas não invariáveis, são todavia considerados partículas. Desse modo, o livro de D. H. Lawrence “A Virgem e o Cigano” ficaria “A Virgem e O Cigano”, mas assim nunca se escreveu.

É evidente que há uma dificuldade prática no reconhecimento das partículas. Então, qual a solução quando não se sabe reconhecer o que é partícula, ou mesmo quando há muitas delas no título? A melhor opção é a segunda oferecida pelo Acordo Ortográfico 2009: escrever apenas a primeira letra inicial com maiúscula e as demais em minúsculas, a não ser que haja no título um nome próprio, o qual neste caso conserva sua inicial maiúscula. Exemplos:

Memórias de um sargento de milícias
Poesia completa de Cruz e Sousa
Como fazer uma pizza em dez minutos
Anotações e revelações sobre o novo Código Civil
Constituição do Estado de Santa Catarina
Discussões em torno dos direitos fundamentais no Brasil

A última opção seria escrever todo o título com maiúsculas ou caixa-alta:

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
A VIRGEM E O CIGANO
O EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO

Uma observação: tanto os títulos de livros e artigos quanto os de ensaios e dissertações (acadêmicas, de vestibular, de concurso, etc.) não devem apresentar o ponto final. Este até pode ser usado, mas apenas quando o título contém um verbo, ou seja, quando configura uma oração. Tome-se como exemplo dessa exceção o título de uma redação de vestibular:

O homem contemporâneo não sabe lidar com a antiguidade.
O HOMEM CONTEMPORÂNEO NÃO SABE LIDAR COM A ANTIGUIDADE.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini