segunda-feira, 30 de maio de 2016

ATRÁS, TRÁS e TRAZ: rapidinha

Motorista não pode olhar pra traz. [ERRADO]

Motorista não pode olhar para trás. [CERTO]

Portanto, TIRANDO A DÚVIDA:

ATRÁS, TRÁS e TRAZ:
O BCCCV esclarece:

Talvez seja óbvio para muitos que essas três palavras sejam escritas assim. Mas, é fato: são vítimas de muitas confusões.

Às vezes, o “z” do “traz” permuta com o “s” do “atrás”, ou “trás” é indevidamente usado como se fosse uma legítima conjugação do verbo “trazer”.

Para não confundir mais:

“Atrás” é grafado com “s”. É um advérbio de lugar.

Ele estava atrás de mim quando tudo aconteceu.

O ponto de ônibus fica atrás do shopping.

“Traz”, do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do singular, é escrito com “z”.

O autor traz para o seu romance a questão da seca.

Ele sempre traz flores quando vem me ver.

“Trás” (com “s” e acento) significa “na parte posterior” e é sempre precedido por preposição.

Ele estava por trás disso tudo desde o começo.

Ande mais depressa, senão ficará para trás.

Resumindo: os advérbios terminam com “s”. O verbo conjugado é o único que termina com “z”. “Atráz” (com “z”) não existe.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

DE HIFENS, PONTOS, ABREVIATURAS ETC.




--- Gostaria que fosse esclarecida uma dúvida, cuja resposta pesquisei e não encontrei: PT saudações . O que quer dizer o PT? Sei que é algo do tipo do PS do final de carta, mas não me lembro ao certo. Miriam, São Paulo/SP

O “PT” nesse caso é abreviatura de ponto. Era assim usado em telegramas em razão do código Morse. A Miriam deve ser bem jovem, por isso não teria mesmo como saber isso, uma vez que hoje em dia os poucos telegramas circulantes são transmitidos de outra forma. Já a partir do telex o ponto passou a ser grafado por seu sinal próprio. A vírgula também, que anteriormente era VG. Vejamos um exemplo de cada época:
 
CHEGO DIA 12 PT AVISAR MAMAE VG LENA E CRIS PT FAVOR ME ESPERAR PT  SAUDAÇÕES  [antigo]
 
CHEGO DIA 12. AVISAR MAMÃE, LENA E CRIS. FAVOR ME ESPERAR. SAUDAÇÕES [atual]
 
 
--- Quando escrevemos LTDA. após o nome de alguma empresa acrescenta-se o ponto por ser abreviatura? Sendo assim para continuar a frase seria correto usar a vírgula logo depois do ponto? Isis Diniz, São Paulo/SP 
 
Sim, o ponto utilizado após Ltda. é abreviativo; não é ponto final, por isso cabe a inicial minúscula depois dele. Em qualquer abreviatura deve-se manter o ponto mesmo quando se usa uma vírgula em seguida: 
 
A cobrança será feita por Marca Ltda., que para isso será contratada.
 
Pretendem comprar ações da Famos Filter S. A., conforme orientação dos investidores.
 
 
Ao terminar uma frase, porém, considera-se o ponto abreviativo como ponto final. Ou seja, não é necessário pontuar duas vezes. Exemplos:
 
Interpôs agravo de instrumento contra Marca Ltda. A empresa tem sede no Pará.
 
Adquiriu telhas, tábuas, pregos etc.  Pagou tudo à vista.
 
Encaminhamos o caso à deliberação de V. Exas. O prazo para resposta é de dez dias.
 
 
--- Gostaria de saber se posso usar ponto e vírgula após o etc. Mileide Cristine, São Paulo/SP 
 
Sim. Após o etc. você pode usar qualquer pontuação (vírgula, ponto e vírgula, ponto de exclamação ou de interrogação), respeitando o ponto abreviativo de etc.
 
Maria comprou laranja, maçã, pera etc.; pagou com cartão de crédito, no entanto.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

quarta-feira, 11 de maio de 2016

SUBSTANTIVOS CONCRETOS e ABSTRATOS



--- Muita gente me pergunta o seguinte: calor, frio e vento são substantivos concretos ou abstratos? O que responder? Edmilson Sá, Arcoverde/PE

Pensando bem, é pouco relevante, para quem quer apenas desenvolver uma boa redação, saber a diferença entre substantivos concretos e abstratos, razão pela qual pouco tenho me preocupado em trazer questões sobre tais assuntos para esta coluna. Mas como exercício intelectual, é interessante. E faz parte do processo de ensino-aprendizagem da língua nacional na escola. Por isso tentarei dar uma resposta ao professor Edmilson.
 
Certamente não foi ou não é fácil perceber a diferença entre eles, e portanto há divergência de entendimentos e de explicação nos livros de gramática. “A distinção entre concretos e abstratos é mais filosófica do que linguística e, dentro da filosofia, muito fugidia” (Mattoso Câmara Jr.).
 
Pode-se afirmar que são concretos os substantivos que se referem a seres materiais ou espirituais, reais ou fictícios: casa, cor, dente, leão, Deus, saci-pererê, fada, alma, triângulo, o amigo, o diplomata, (o) japonês, (o) brasileiro etc.
 
São substantivos abstratos os atributos, estados, qualidades e ações, derivados de um conceito original. Eles não existem por si sós. Não possuem forma. Digamos que não podem ser desenhados, uma vez que não transmitem uma imagem. Assim, calor efrio são abstratos, gramaticalmente falando, embora nós os sintamos de modo concreto. São também abstratos todos os substantivos que exprimem sentimentos e emoções – qualidades da alma. Você pode desenhar um homem triste, uma mulher vaidosa, mas não a tristeza ou a vaidade, por exemplo.
 
Revendo: vento (ou ventania) é conceito original, não é atributo (e para uma criança tem uma certa forma – ela consegue desenhá-lo, sem dúvida). É, portanto, concreto. Já calor e frio (= frieza) são atributos, da mesma forma que amor, tristeza, alegria, saudade, brancura, consolo, maciez, pobreza e admiração, todos substantivos abstratos.
 
Quando os alunos já conhecem bem os conceitos de verbo, adjetivo e substantivo, sua forma e função, é possível mostrar-lhes que são abstratos os substantivos derivados de duas outras classes: do adjetivo e do verbo. Pode o professor apresentar exemplos e exercícios mais ou menos assim:
 
Estou sempre contente. [adjetivo] - Meu CONTENTAMENTO é enorme.
 
Mirtes fica aborrecida por pouco. [adjetivo] - Seu ABORRECIMENTO é deplorável.
 
O chefe se mostrou satisfeito conosco. [adjetivo] - A SATISFAÇÃO dele resultou em aumento salarial.
 
Está um dia muito quente. [adjetivo] - O CALOR de hoje está insuportável.
 
Admiro seu trabalho. [verbo] - Minha ADMIRAÇÃO por seu trabalho é grande.
 
Quero felicitar você. [verbo] - Desejo-lhe FELICIDADES. 
 
Vendeu apenas quatro livros. [verbo] - Foi fraca a VENDA dos livros.
 
Três pessoas caminharam até o alto da montanha. [verbo] - A CAMINHADA foi difícil.
 
Todas as palavras em caixa-alta acima são substantivos abstratos que derivam de um adjetivo ou de um verbo. Então, é possível dizer que os substantivos que não dão nenhuma ideia de qualidade, atributo ou ação e que não são formados de nenhuma outra classe de palavras são substantivos concretos.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

sábado, 7 de maio de 2016

À TOA ou à-toa?!? Dica esperta

O BCCCV esclarece:

Antes da entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, as duas formas estavam corretas: à toa era uma locução adverbial e à-toa um adjetivo, sendo usadas em situações diferentes. Com a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, passou a haver uma discordância entre diversos dicionários e gramáticos relativamente à eliminação ou manutenção do hífen em à-toa.
À-toa, com hífen, está registrada em diversos dicionários, mas não está reconhecida no vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras, que atesta que à toa, sem hífen, é ao mesmo tempo um advérbio e um adjetivo, tendo o hífen do adjetivo sido eliminado com as alterações trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico. Assim, podemos considerar que à toa, sem hífen, é a forma correta de escrita da locução. 
À toa, sem hífen, é uma locução adverbial que significa ao acaso, inutilmente, sem fundamento, impensadamente, sem motivo. Esta locução, já escrita sem hífen antes do Novo Acordo Ortográfico, é muito utilizada para indicar uma pessoa que está não está fazendo nada, que não tem nada para fazer. Chamamos de locução adverbial duas ou mais palavras que juntas atuam como um advérbio, alterando o sentido do verbo.
Exemplos
  • Você pode vir agora mesmo porque eu estou à toa aqui em casa. 
  • Aquele menino anda à toa, sem saber o que fazer. 
  • Pare! Você está se irritando à toa. 
À toa (à-toa) , com hífen antes do Novo Acordo Ortográfico, é um adjetivo de dois gêneros e dois números, sendo invariável, ou seja, é usada sempre a mesma forma quer no feminino, no masculino, no plural ou no singular. Atualmente esta locução adjetiva deverá ser escrita sem hífen. Refere-se a alguma coisa ou a uma pessoa irrefletida, apressada, desprezível, desocupada, inútil. 
Exemplos
  • Não gosto nada dele, é mesmo um homem à toa. 
  • Sua opinião à toa provocou grandes confusões. 
  • Não se preocupe mais com este problema à toa.
Fique sabendo mais!
A supressão do hífen na locução adjetiva à toa ocorre porque, segundo o Novo Acordo Ortográfico, não deverá ser utilizado hífen nas locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. 
Exemplos: dia a dia, fim de semana, sala de jantar, cão de guarda, cor de vinho, café com leite, à toa, … 

Serão exceções a esta regra algumas locuções consagradas pelo uso, com significado próprio: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará e à queima-roupa. 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

RAPIDINHA DE PORTUGUÊS:

-QUAL A FORMA CORRETA? 



- Estabelece referida lei. Estabelece “a” referida lei. 
Qual é a forma correta, ou as duas podem ser utilizadas e em que casos?
Alexandra, Florianópolis/SC

 
Como se trata de referência a uma lei já determinada, é necessário o artigo definido: como estabelece a referida lei, isto é, a lei referida anteriormente.

Veja-se que também se usa o artigo com palavras semelhantes, não importa a ordem: conforme mencionado artigo, citado provimento, dispositivo supracitado. 

São todos casos em que se adjetiva um substantivo já definido, determinado. 

Diferente é o uso do pronome demonstrativo tal, que prescinde do artigo: tal lei estabelece, conforme tal artigo.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini 

VOCATIVO:

RAPIDINHA DE Língua Pátria:
--- Quando se começa um texto com Prezados Senhores, a primeira palavra após este vocativo começa com letra maiúscula ou minúscula? Poderia me transcrever a regra gramatical para isto, por favor? Hélio M. Shino, Rio de Janeiro/RJ 
 
Há três possibilidades de uso do vocativo em ofícios e cartas comerciais etc. no aspecto da pontuação:
 
Prezado Senhor,   [com vírgula]
 
Prezado Senhor:     [com dois-pontos]
 
Prezado Senhor    [sem nada: versão moderna, mais limpa e econômica].
 
Naturalmente, em correspondência de cunho particular, dita a regra quem escreve. Aí se usa a pontuação (ou não) a gosto.  E é possível continuar a escrever na mesma linha depois do nome acompanhado de vírgula ou dois-pontos:
 
Maria, peço que me mandes a crônica.
 
Cara Professora, estou lhe encaminhando a redação solicitada.
 
Mestra: estou encaminhando a crônica que você pediu.
 
Nestes últimos exemplos, o vocativo e a frase inicial estão na mesma linha porque se quis dar uma continuidade na redação.
 
Entretanto, pode-se preferir deixar o vocativo em destaque numa linha, iniciando-se o texto na linha de baixo, como é característico da correspondência comercial e da oficial, qual seja, a redação de expedientes como ofício, memorando, exposição de motivos e circulares. Nesses casos, convencionou-se que cada linha começaria por maiúscula. Trata-se, devo frisar, de uma convenção, e não de uma regra gramatical, embora se baseie na norma da gramática de que cada frase ou período deve começar com letra maiúscula.
 
Assim sendo, mesmo que o redator separe o vocativo por uma vírgula (estilo americano) ou por dois-pontos, a primeira frase do texto na outra linha não será iniciada com minúscula. Daí que o ideal é não usar nem vírgula, nem dois-pontos, muito menos ponto e vírgula para fechar o vocativo. Exemplos de possibilidades:
 
Prezados Senhores,
Gostaria de esclarecer uma dúvida. 
 
Prezados Senhores:
Gostaria de esclarecer uma dúvida. 
 
Prezados Senhores
Gostaria de esclarecer uma dúvida. 


Maria Tereza de Queiroz Piacentini.