sábado, 7 de dezembro de 2013

VENCER: regência

Tenho dúvida, quase certeza, de que estão erradas as expressões abaixo.
Por favor julguem-nas:
O São Paulo venceu ao Palmeiras.
A bola passou por sobre o gol.
[ André Luís, São Paulo/SP]


Você tem razão no primeiro caso, pois o correto é “venceu o Palmeiras”.
O São Paulo


No segundo, é preciso jogo de cintura. Em português (embora não tanto como no inglês),
também se vê uma preposição regendo outra,
em certos casos de ênfase ou maior definição.

A prep. por exprime, entre outras coisas, ideia de percurso,
e quando esse percurso se dá sobre a trave,
é possível deixar isso bem claro: a bola passou por sobre o gol.

Outros exemplos de dupla preposição:

Passou por entre a ramagem.

Mergulham e desaparecem por sobre o imenso telheiro.

O terreno lhe foge de sob os cascos.

Passou por detrás do galpão.

Cumpre seus deveres para com a religião.

GOSTAR: REGÊNCIA

--- Gostaria que ou de que você...?
Quando não se usa a preposição para atender à regência do verbo?
 Célia Cândido da Silva, Curitiba/PR

O verbo gostar, ninguém tem dúvida, pede a preposição deGosto de vocês.
Gostaria de tomar água de coco.

Entretanto, a sequência gostar de que permite deixar a preposição de fora, porque frases como
Gostaria que você fosse pontual ou Ela gosta que a elogiem
soam melhor do que Gostaria de que você fosse pontual ou Ela gosta de que a elogiem.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

REGÊNCIA: verbo conspirar

É possível a utilização do verbo conspirar no sentido de algo bom?
O Aurélio estaria correto ao exemplificar que “tudo parecia conspirar
para a sua felicidade”? É correto dizer que “os astros conspiram a
nosso favor”? Não seria uma inversão de sentido?
José Roberto, Rio de Janeiro/RJ


De “tramar, planejar ou concorrer para uma conspiração”, o verbo conspirar passou a designar 
também “concorrer para algum fim” ou, em outros termos, “tender ao mesmo objetivo”; enfim, “contribuir”.

O que muda é a regência: a preposição contra sempre traduz um fator negativo:
Ele conspira contra qualquer iniciativa, contra nossos ideais; as preposições para, em ou a podem ser usadas em qualquer situação: Conspira para sua felicidade /
conspira a seu favor / conspira em prejudicar seus interesses /conspira para obter os melhores resultados.




















REGÊNCIA: VERBO AGRADAR

AGRADAR é um dos verbos que Celso Luft usa justamente para exemplificar
a evolução da regência verbal pela alteração dos traços semânticos ou de 
significado: “Agradar a alguém, agradar-lhe torna-se agradar alguém, agradá-lo,
certamente por efeito de sinônimos como ‘contentar, satisfazer’, ‘alegrar, deleitar’,
e obviamente prescinde de preposição com o traço de ‘acarinhar, mimar’, de um
uso popular deste verbo”.

Em resumo, pode-se usar corretamente o verbo agradar como pronominal,
intransitivo, transitivo direto ou transitivo indireto, todos devidamente dicionarizados:

Agradou-se da moça à primeira vista.

A festa não agradou, embora o anfitrião tivesse feito tudo para
agradar os convidados.

A infraestrutura das praias agradará os/aos turistas.

Nada agrada aos mais exigentes.

Adquire a qualquer custo algo que lhe agrade.

Quisemos agradá-lo, mas não houve jeito.