quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LHE, ou O, A, AS, OS? Como usar?

É importante observar que raramente o pronome lhe é utilizado.
Ou seja: empregam-se preferentemente as formas diretas (o/a/os/as)
quando o complemento verbal é um pronome: 

Comunicamos aos nossos clientes que vamos atendê-los em novo endereço.

Júlia e Jane, vamos atendê-las em seguida. Posso atendê-lo, senhor?

Foram muitas as reivindicações, e a reitoria as atendeu parcialmente.

REGÊNCIA VERBO ATENDER

--- Qual das formas abaixo é a correta: Estou chegando em Santos ou a Santos? 
João Francisco, São Paulo/SP

De acordo com a ciência linguística, as duas estão corretas. A diferença está no nível de linguagem:
menos/mais formal. Em princípio, por ser verbo de movimento, chegar rege a preposição a: chegar ao
lugar certo/ à frente/ às vias de fato; chegar a uma conclusão etc.

Todavia, no Brasil é frequente o uso da preposição em diante de complemento de lugar, sobretudo cidades,
assim como se usa em com o complemento “casa”: chegar em casa. Já no tempo do português arcaico
(séculos XIV a XVI) havia grande emprego de verbos de movimento com a preposição em no lugar de a.
Portanto, nada de novidade em “chegou em São Paulo, chegaram no aeroporto”. Contribui para isso o fato
de a ideia de estado e repouso (cheguei em SP = lugar onde estou agora) se sobrepor à de movimento
(cheguei a SP = lugar para onde vim). Portanto, é mais formal: estou chegando a Santos; coloquial:
estou chegando em Santos.

REGÊNCIA CHEGAR

--- Qual das formas abaixo é a correta: Estou chegando em Santos ou a Santos?
 João Francisco, São Paulo/SP

De acordo com a ciência linguística, as duas estão corretas. A diferença está

no nível de linguagem: menos/mais formal. Em princípio, por ser verbo de movimento, chegar rege a preposição a: chegar ao lugar certo/ à frente/
às vias de fato; chegar a uma conclusão etc.

Todavia, no Brasil é frequente o uso da preposição em diante de complemento

de lugar, sobretudo cidades, assim como se usa em com o complemento “casa”:
chegar em casa.

Já no tempo do português arcaico (séculos XIV a XVI) havia grande emprego de
verbos de movimento com a preposição em no lugar de a. Portanto, nada de novidade
em “chegou em São Paulo, chegaram no aeroporto”. Contribui para isso o fato de a
ideia de estado e repouso (cheguei em SP = lugar onde estou agora) se sobrepor à
de movimento (cheguei a SP = lugar para onde vim). Portanto, é mais formal: estou chegando a Santos; coloquial: estou chegando em Santos.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

EM SE TRATANDO DE

Hoje a moda é o uso da preposição em,
o que, acho, é feito muitas vezes erroneamente.
Para confirmar ou não a minha impressão,
eu gostaria que me informassem qual destas formas é a correta:
sendo / em sendo a liquidez um dos pressupostos para a execução,
é imprescindível que... Júlio César Grimaldi, Florianópolis/SC

Não se trata de modismo. Ao contrário. Esse em com o gerúndio é usado
há alguns séculos (já no português arcaico) como alternativa quando o
gerúndio exprime tempo, hipótese ou condição, “se com o verbo subordinante
se expressa o que costuma acontecer, ou uma ação futura” (DIAS, A.E.S.,
Syntaxe Histórica Portuguesa. Lisboa: Liv. Clássica Ed., 1959. p. 242).

É o caso de:

Em aparecendo Isabel na praia, o sol se abria de repente.
[= quando aparecia]

Em se tratando de contravenção, devemos recorrer ao Judiciário.
[= quando se trata, como se trata]

[em] sendo a liquidez um dos pressupostos para a execução,
é imprescindível a produção de outras provas. [= já que/ como a liquidez é um dos]

Os meios modernos de comunicação orientam seus redatores a evitar o uso do gerúndio com a
preposição em, visto ser muito literária esta construção.