sábado, 26 de novembro de 2011

SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS COMPOSTOS:



substantivo composto é formado principalmente por:


- SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO (às vezes com preposição no meio): hotel-fazenda, hospital-dia, situação-problema, licença-maternidade, vale-refeição, público-alvo, tempo-limite, diretor-presidente, bicho-da-seda, cor-de-rosa


 SUBSTANTIVO + ADJETIVO ou adjetivo + substantivo: alto-mar, cachorro-quente, batata-doce, boia-fria, curta-metragem, dedo-duro, má-fé
 

- VERBO + SUBSTANTIVO: bate-boca, beija-flor, conta-gotas, guarda-sol, porta-aviões, saca-rolhas, vira-lata

adjetivo composto é formado de dois ou três adjetivos, isto é:


- ADJETIVO + ADJETIVO: administrativo-financeiro, afro-brasileiro, político-partidário, sócio-histórico-cultural


CASOS SUTIS  
Existem alguns casos, bem mais sutis, que podem confundir o redator, levando-o a não perceber que dois vocábulos podem estar formando um adjetivo composto. Isso ocorre quando a mesma palavra funciona ora como substantivo, ora como adjetivo. Uma boa maneira de distinguir um do outro é observar o uso (às vezes implícito) do artigo, que sempre estará determinando o substantivo, e não o adjetivo. Vamos exemplificar a situação com as palavras policial e militar.


SUBSTANTIVO (para melhor percepção do substantivo, grifamos o artigo também):
          Dizem que um policial está envolvido na trama.
          O militar chegou cedo ao quartel.


ADJETIVO:
          Será feita uma minuciosa investigação policial.
          O material pertence à Polícia Militar.


SUBSTANTIVO E ADJETIVO juntos (não há um composto):
          Será homenageado o policial militar que se sobressaiu na operação.


ADJETIVO COMPOSTO:
          Abriu um inquérito policial-militar contra o então bispo de Volta Redonda.
          Favor procurar o Destacamento Policial-Militar.


É importante lembrar que o adjetivo só se liga a um substantivo por hífen quando juntos formam nova unidade semântica, ou seja, quando perdem seu sentido literal e passam a transmitir nova ideia. Assim sendo, em relação à segunda pergunta, não há razão para unir com hífen sócio titular sócio dependente, pois o adjetivo aí não perde seu sentido original: trata-se de um sócio que tem a característica de ser efetivo ou titular (assim com juiz titular professor titular) e um sócio que depende de outro. O hífen não mudaria o sentido das palavras, da maneira como acontece com “cachorro quente” e “mesa redonda” contrapondo-se a cachorro-quentemesa-redonda, por exemplo. Diferente é o caso de sócio-gerente, em que temos a união de dois substantivos: um sócio que é ao mesmo tempo gerente.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SEGUIR(-SE), VENCER(-SE), REQUERER





*- O verbo seguir, no sentido de vir a seguir, na sequência do texto, é reflexivo?
 E o verbo vencer, no sentido de chegar o dia de pagamento: é reflexivo?
 Celso L. B. Fernandes, São Paulo/SP

Antes de tudo, gostaria de aproveitar para explicar que todos esses verbos que
aparecem acompanhados de um pronome oblíquo átono [me, te se, nos, vos]
se chamam verbos pronominais. Existem alguns essencialmente pronominais,
que não se usam sem o pronome, como queixar-se, arrepender-se, apiedar-se,
indignar-se, suicidar-se, orgulhar-se, apoderar-se, atrever-se etc. O “se”,
nesses casos, não tem nenhuma função sintática.

Há verbos transitivos diretos que são eventualmente pronominais, usados com
os referidos pronomes átonos ou clíticos para indicar

- reflexibilidade (o sujeito pratica e recebe a ação verbal):

                    A velhinha se penteia com a mão esquerda.

                    Na briga entre as gangues, Pierre e Pedro se machucaram bastante.

                    Tu te esquentas à toa, rapaz!

                    Eles gostam de se mostrar, de se exibir...

- reciprocidade (um ao outro, mutuamente):

                    Cleusa e Carlos se estimam e se tratam como irmãos.

                    No Natal e Ano-Novo nós nos cumprimentamos por e-mail.

O verbo SEGUIR no sentido de "vir na sequência, vir depois, continuar, prosseguir,
suceder" pode ser intransitivo (usado sem pronome) ou pronominal:
"as informações que seguem" ou "as informações que se seguem".
É também intransitivo com o significado de “estar próximo”. Exemplos:

Na foto, segue o autógrafo do cantor.

Seguem com este minhas recomendações para sua família.

Não se preocupe: o cheque seguirá junto.

Leia atentamente as instruções que seguem (abaixo).

O verbo VENCER não é pronominal quando usado no sentido de expirar, terminar
– ao menos no Brasil de hoje e conforme estatística de corpus linguístico realizada
recentemente, a qual não detectou construções do tipo “a fatura se vencerá”, mas
sim “a fatura vencerá”, em que vencer é verbo intransitivo:

O prazo vence na segunda quinzena de agosto.

As promissórias estão vencendo hoje.

Os títulos venciam no banco e eles nem aí...

Devo acrescentar que alguns dicionários, contudo, registram a possibilidade de
se empregar o verbo vencer pronominalmente em tal acepção: “o prazo se vence
no dia 10”. Esta não seria portanto uma forma incorreta, mas sim desusada.

--- Quanto a requerer que o juiz arbitre os honorários, eu me expresso da forma
a seguir mencionada, mas não tenho certeza se está correto: requeiro o arbitramento
dos honorários advocatícios. V.L.B., Sorocaba/SP

Está correto, porque o verbo requerer não se conjuga pelo verbo querer, embora
haja algumas formas semelhantes. Assim, dizemos: eu quero, ele quer, nós queremos;
mas eu requeiro, ele requer, nós requeremos. Veja também a diferença no passado
(pretérito perfeito): eu quis, ele quis, quisemos, quiseram; mas eu requeri,
ele requereu, nós requeremos, eles requereram.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

? APOSTO ?


É  preciso considerar sempre a ideia de restrição em oposição a totalidade. Essa restrição, para exemplificar mais um pouco, fica bem clara em frases como:

Nós professores temos um papel a cumprir.

Se nós latino-americanos não temos a tecnologia que os soviéticos tinham há 40 anos, é sinal de que estamos muito mal.

Nós da classe média temos vivido no sufoco.

Campanha feita por nós portadores de Aids...

Já na frase Nós, seres humanos, somos um mistério, o aposto seres humanos é explicativo porque todos somos seres humanos.

A propósito, Maria Laís Pestana nos traz uma dúvida gerada pelo uso da preposição com: “Tal como aconteceucom nós, seres humanos, ou tal como acontece conosco, seres humanos?” A primeira forma (com nós, seres humanos) é a correta, porque se usa “com nós”, e não conosco, quando o pronome nós vem seguido de um aposto, seja ele explicativo ou especificativo: com nós três, com nós todos, com nós mesmos, com nós próprios, com nós da família Tal.

No caso do título deste artigo – voltando à primeira consulta – a vírgula até poderia criar a mencionada ambiguidade. Em “O que pensarão de nós, brasileiros?” seria possível o último termo se passar por um vocativo: “O que pensarão de nós, (ó) brasileiros?”

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

VIR (dicas espertas)


Na frase abaixo é necessário, facultativo ou incorreto colocar a preposição depois do verbo vir? “Que venham a manchar a imagem da arbitragem.” Bianca Casagrande, Porto Alegre/RS

Não é indiferente o uso da preposição nesse caso: há mudança de significado. Na combinação de vir com outro verbo, distingue-se vir+infinitivo de vir+a+infinitivo.

1) No primeiro caso, tem-se a noção de chegar ou de se locomover com alguma finalidade. A preposiçãopara está implícita:

Vim [para] saber o que ocorreu.
A senadora veio participar da campanha eleitoral.
Espero que venhas trazer o dinheiro ainda hoje.
Os três bolivianos não vieram cursar Medicina, mas sim Enfermagem.

2) O uso da preposição a entre vir e o infinitivo tira da locução verbal a noção de finalidade e empresta-lhe o sentido de “acontecer, ocorrer, suceder”, de “chegar” mas não com o  sentido físico:

Vim a saber da tragédia pelos jornais.  [aconteceu de eu saber]
A senadora veio a participar da campanha eleitoral. [chegou a participar]
Espero que venhas a encontrar o que queres. [que acabes encontrando]
Depois de um tempo, veio a amá-lo como a um filho.